O Embate da Teologia Liberal com a Arqueologia Moderna
Download do Estudo BíblicoOs teólogos liberais tendem a rotular os cristãos conservadores como simplórios — ignorantes e sem base intelectual — pessoas que se apegam a suas crenças em fé cega. Este estudo, no entanto, sugere ser verdadeiro exatamente o oposto. O liberalismo teológico foi construído a partir e com base na arqueologia bíblica fragmentada da época. Ao longo de 100 anos desde então, ocorreram inúmeras descobertas.
Quando a teologia liberal nasceu, não existia a quantidade de descobertas arqueológicas que temos hoje. De fato, agora sabemos que a base “histórica” do liberalismo teológico está comida por cupins — e à beira do colapso.
Conheça o testemunho da arqueologia bíblica moderna: as evidências para a veracidade e a confiabilidade da Bíblia são irrefutáveis e contundentes. É hora de os liberais reconsiderarem seu pensamento.
Meu amigo, aqui está a prova, de forma encapsulada, que derrota as suposições deles.
I. INTRODUÇÃO
Durante o século XIX, no auge do Deísmo (a crença em um ser supremo que não intervém no Universo) e do Darwinismo, foi lançada uma teoria sobre as origens dos primeiros cinco livros do Antigo Testamento. Atribuídos a Moisés, conhecidos dos hebreus como a Torá e denominados pelos gregos como o Pentateuco, estes são os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esta nova teoria tentou suprimir a autoria mosaica desses livros, postulando que foram escritos muito mais tarde, supostamente derivados de outras fontes.
Esta teoria entra em contradição com a Torá em si e seu atestado interno, visto que os próprios livros declaram que foram escritos por Moisés. Outros livros do Antigo Testamento afirmam a mesma coisa: seus autores atestam que a Torá foi escrita por Moisés. Da mesma forma, Jesus Cristo atesta no Novo Testamento que Moisés foi o autor da Torá.1 Portanto:
ADOTAR UMA POSIÇÃO TEOLÓGICA LIBERAL EM RELAÇÃO À ORIGEM DO ANTIGO TESTAMENTO É O MESMO QUE CHAMAR JESUS DE MENTIROSO
Além disso, se os cinco primeiros livros da Bíblia são inerentemente não-fidedignos, até que ponto alguém poderia sequer começar a confiar nas Escrituras? A teoria liberal predominante sobre a origem da Torá é conhecida como a teoria de Wellhausen, ou melhor, a teoria J. E. D. P.. Esta hipótese supõe que “o Pentateuco foi uma compilação de seleções de vários diferentes documentos escritos, compostos em diferentes lugares e momentos ao longo de um período de cinco séculos, muito tempo depois de Moisés”.2 Infelizmente, e por falta de uma teoria melhor, os seminários não-conservadores nos Estados Unidos persistem ainda hoje no ensino deste ponto de vista — como se nada tivesse mudado na erudição do Antigo Testamento, especialmente na investigação arqueológica dele desde 1880, quando a teoria J. E. D. P da origem da Torá se popularizou. Duplamente triste é que, desde a sua concepção, a escola de teologia liberal na Europa “tem repetidamente sofrido golpes fatais a quase todas as suas bases (de Wellhausen)”.3 Triplamente triste, os professores liberais não têm nenhuma influência, nenhum substituto para a estrela do time, cuja fraqueza já foi exposta e que foi massacrado na quadra. Mesmo que tenha sido tão drasticamente derrotado durante o segundo tempo, vergonhosamente insistiram em mantê-lo na partida!
Você verá no estudo desta semana como a teoria J. E. D. P. foi criada. Mas antes, tenha em mente porque um estudo sobre a integridade dos cinco primeiros livros da Bíblia é tão importante: a maioria, senão toda a teologia cristã conservadora, é baseada na Torá. Se você parar para perceber, quando ensinamos teologia começamos pelos cinco primeiros livros da Bíblia – e suas principais doutrinas e os atributos de Deus estão enraizadas neles, especialmente em Gênesis. Permitir o seu desmembramento sutil ou evidente é causar dano à fundação, aos conceitos e à confiança que temos em nossa compreensão da cosmovisão cristã. Tudo começa aqui! Além disso, ser familiarizado com as falhas dos pressupostos da J. E. D. P. capacitará e preparará você para discutir efetivamente com os que rejeitam a visão cristã de mundo baseado na adesão deles a esta nociva teoria.
A. ESTÁGIO UM DA TEOLOGIA LIBERAL DO ANTIGO TESTAMENTO
A base da teoria J. E. D. P. pode ser atribuída a Jean Astruc, um médico francês. Em meados do século XVIII ele conduziu uma análise literária do livro de Gênesis e descobriu que, algumas vezes, Deus é denominado em hebraico como Elohim, e em outras, como Yahweh.4 A partir desta descoberta ele elaborou a hipótese de que Moisés teria se apoiado em e usado duas fontes diferentes na escrita de Gênesis (em vez da explicação simples de dois nomes serem usados para Deus). Sua ideia recebeu pouca atenção, mas o mais importante é que ele montou o palco para um critério de “divisão de fontes”.
B. ESTÁGIO DOIS DA TEOLOGIA LIBERAL DO ANTIGO TESTAMENTO
A segunda fase de desenvolvimento é evidenciada na obra de Johann Gottfried Eichhorn publicada em 1783, Einleitung in das alte Testament (Introdução ao Antigo Testamento). Sua obra disseca o livro de Gênesis e os primeiros dois capítulos de Êxodo, atribuindo-os a duas fontes: As fontes javista (Yahweh) e eloísta (Elohim) — “J” para javista e “E” para eloísta, que compõem as duas primeiras letras na teoria J. E. D. P..
No início, Eichhorn acreditava que Moisés era o editor que teria fundido estes materiais. Em edições posteriores de seu pensamento e teorização, ele se rendeu ao consenso do movimento que ajudou a criar, e afirmou que o Pentateuco não havia sido escrito por Moisés, mas em uma data muito posterior.
C. ESTÁGIO TRÊS DA TEOLOGIA LIBERAL DO ANTIGO TESTAMENTO
O terceiro estágio do desenvolvimento da teoria J. E. D. P. pode ser atribuído principalmente a Willem Martin Lebrecht De Wette, na Dissertation Critico-Exegetica publicada em 1805. Sua principal atribuição à base da hipótese conjectural crescente foi que nenhum dos livros da Torá surgiu antes do reinado do rei Davi. E mais especificamente, introduziu a ideia de que a essência, ou fonte, da literatura de Deuteronômio foi extraída de um livro da lei encontrado no Templo de Jerusalém, originado por volta da época do relato bíblico da reforma do rei Josias, em 621 a. C.. Essa é a origem da letra “D” no nome da teoria.5 O “D” representa a fonte deuteronômica.
Dois parágrafos ainda precisam ser adicionados aqui sobre a motivação para a ampla aceitação de uma data posterior da autoria da Torá. Por que esses céticos tiveram todo este trabalho em desmascarar a Torá, em primeiro lugar? Isso é principalmente motivado pelas passagens proféticas dentro da Torá: mais especificamente, Levítico 26.27-45 e Deuteronômio 28.58-63. Essas passagens profetizam o cativeiro babilônico de Israel e sua posterior restauração do exílio — acontecimentos indiscutíveis na história. De modo geral, as profecias cumpridas separam a Bíblia de todos os outros livros tanto antigos quanto modernos, tanto no âmbito religioso quanto no secular, e empresta grande credibilidade à inspiração divina. E não é menor a credibilidade dada — pelo efeito de profecia cumprida — aos livros da Torá!
Assim, a forma como os teólogos liberais escolheram lidar com as profecias cumpridas e descartá-las foi inventando uma data posterior à origem do livro que prevê o evento. É bastante conveniente postular que os livros bíblicos contendo profecias futuras — registros de eventos históricos que ocorreram — foram escritos após o que predizem. É claro que este reposicionamento crítico está sujeito a um risco duplo: pode destruir a credibilidade do autor do livro ou a credibilidade do próprio crítico, lançando um ou outro para o cenário mais obscuro de honestidade e confiabilidade. A frase que encerra esta prática comum entre os teólogos liberais é:
VATICINIA EX EVENTU: PROFECIAS INVENTADAS DEPOIS DE JÁ TEREM SIDO CUMPRIDAS
Este provérbio, Vaticinia Ex Eventu, é comum e regularmente adotado para desmentir profecias já cumpridas. E, novamente, é uma maneira conveniente de desmentir as profecias cumpridas da Torá, especificamente em Levítico e Deuteronômio. Aqueles que são fortes em Cristo, que estão “sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1Pedro 3.15), saberão identificar essa armação.
D. ESTÁGIO QUATRO DA TEOLOGIA LIBERAL DO ANTIGO TESTAMENTO
Embora muitos outros indivíduos tenham contribuído para esta teoria, por uma questão de brevidade, a próxima grande contribuição viria em 1853, com o Die Quellen der Genesis (As Fontes de Gênesis), de Hermann Hupfeld, e seu refinamento pelo estudioso holandês Abraham Kuenen. Ele acreditava que o código sacerdotal ou de santidade encontrado no Pentateuco (Levítico, capítulos 17–26) provinha de uma fonte existente após o exílio de Israel. Este código tem a ver com rituais de Israel, formas de sacrifício, listas genealógicas e sua origem enquanto povo. “P” então (como em “Priestly” – Sacerdotal) representa esta suposta fonte, a suposta derivação da existência do conteúdo da Torá conforme referido anteriormente.
J. E. D. P., então, supostamente representa uma confluência combinada de documentos que dão origem ao Pentateuco. Sem dúvida isto é muito complicado de entender, mas é inegável: tudo é conjectura. Os documentos e autores para cada uma das supostas fontes J, E, D e P não estão relacionados ou as fontes para estas teorias especulativas não existem! A quantidade de fé necessária para aceitar esta explicação inventada da origem das Escrituras só serve para ilustrar a parcialidade de seus autores.
Neste aspecto é semelhante, em essência, à teoria da evolução: nada vezes ninguém é igual a tudo! É tudo conjectura. Não é uma posição de um homem pensante. Paralela a esta ideia:
DARWIN ADMITIU NO FIM DE SUA VIDA QUE QUALQUER TEORIA, NÃO IMPORTA QUÃO ABSURDA OU EXAGERADA, É MELHOR DO QUE A ALTERNATIVA DE CURVAR-SE EM SUBMISSÃO E OBEDIÊNCIA A UM CRIADOR SANTO
Essa é a lógica da mente caída: eliminar toda e qualquer prestação de contas ao único Deus verdadeiro que se revelou nas Escrituras.
II. MOISÉS: O VERDADEIRO AUTOR DA TORÁ
Moisés, por outro lado, tinha muita qualificação para escrever o Pentateuco. Ele tinha educação, preparo e experiência necessária. Tenha em mente que, pelo arranjo soberano de Deus, ele foi educado e treinado na sociedade egípcia cuja cultura superava em muito a do restante do mundo antigo. Além disso, ele teve a motivação para compilar a Torá, por ser o líder patriarcal de Israel. E, por último, ele (semelhante ao apóstolo Paulo na prisão, mas muito mais que ele) teve o tempo a seu favor. Tendo passado 40 anos no deserto, ele poderia até ter escrito algo ainda mais longo. Como veremos a seguir, a escrita era predominante na sua época, e o início de sua educação egípcia na corte do Faraó certamente deu espaço ao aperfeiçoamento de suas habilidades literárias. Com certeza ele era um homem robusto e obstinado. Mas isso não significa que era estúpido.
III. A REFUTAÇÃO DA TEORIA DE WELLHAUSEN
Antes de examinar algumas ilustrações do testemunho de descobertas arqueológicas subsequentes, é importante dizer que a teoria de Wellhausen foi refutada muito cedo por homens como Ernst Wilheim Hengstenberg, um erudito proeminente na escola bíblica conservadora da Alemanha. Seu trabalho de 1847, The Genuineness of the Pentateuch [A Autenticidade do Pentateuco], representou uma profunda posição conservadora na refutação do pensamento de Wellhausen. Nos Estados Unidos, o erudito Joseph Addison Alexander, do Seminário de Princeton, e William Henry Green também defenderam sabiamente a autoria mosaica. Esses homens, muito antes das descobertas arqueológicas que estavam por vir, atacaram fortemente Wellhausen e seus seguidores.6 Por sua vez, os teólogos liberais nunca conseguiram refutar as críticas dos eruditos que desqualificavam a teoria de Wellhausen. As escavações e achados arqueológicos subsequentemente publicados só serviram para reforçar as posições de Alexander e Green.
IV. ARQUEOLOGIA E ANTIGUIDADE DA TORÁ
A hipótese de Wellhausen formulava seu juízo na historicidade do Antigo Testamento que se baseava, em parte, nas escassas evidências arqueológicas disponíveis no século XIX. Esses dados eram, no mínimo, insuficientes. Como mencionado, ainda mais infeliz foi o viés que existia entre os proponentes dessa teoria: eles não davam o benefício da dúvida aos documentos que criticavam, uma regra e disciplina rígida na ciência da hermenêutica. Eles achavam fácil desqualificar as declarações das Escrituras porque não havia confirmações arqueológicas para as mesmas. Eles falharam em acreditar no axioma arqueológico de que:
A AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIAS NÃO É NECESSARIAMENTE UMA EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA
Por exemplo, na época de Wellhausen, evidências arqueológicas para os grupos de pessoas biblicamente explícitos dos Hititas (Gênesis 15.20) e Horeus (Gênesis 36.20), a historicidade do rei Sargom II (Isaías 20.1) ou a existência do rei Belsazar (Daniel 5.1) não haviam sido confirmadas pela descoberta arqueológica. Wellhausianos relegaram essas pessoas à condição de mera ficção da parte de autores posteriores da Torá. E em sua arrogância, os liberais zombavam com incredulidade desses relatos, refutando o registro bíblico com sua suposta superioridade intelectual erudita. Mas tenha certeza disso, a arrogância de uma pessoa será a sua ruína. Gleason afirma:
Em caso após caso, onde uma suposta inexatidão histórica foi apontada como prova de autoria posterior e espúria dos documentos bíblicos, o registro hebraico foi confirmado pelos resultados de escavação recente, e os julgamentos condenatórios dos teóricos documentaristas foram provados sem fundamento.7
William F. Albright, da Inglaterra, considerado o arqueólogo mais importante do mundo em sua geração, que anteriormente defendeu a teoria de Wellhausen, declara:
Dados arqueológicos e de inscrições estabeleceram a historicidade de inúmeras passagens e declarações do Antigo Testamento… Wellhausen ainda é classificado, em nossa visão, como o maior acadêmico bíblico do século XIX. Mas seu ponto de vista é antiquado e sua imagem da evolução primitiva de Israel tristemente distorcida.8
John Elder afirma:
Não é exagero dizer que foi a ascensão da ciência da arqueologia que quebrou o impasse entre os historiadores e os cristãos ortodoxos. Pouco a pouco, cidade após outra, civilização após outra, cultura após outra, cujas memórias estão consagradas apenas na Bíblia, foram restauradas aos seus devidos lugares na história antiga pelos estudos dos arqueólogos.9
J. A. Thompson afirma, antes do ano 2000:
Finalmente é perfeitamente correto dizer que a arqueologia bíblica fez muito para corrigir a impressão corrente no fim do século passado e no início deste, de que a história bíblica era de credibilidade duvidosa em muitas passagens. Se uma impressão destaca-se mais claramente do que outra hoje, é a de que a historicidade global da tradição do Antigo Testamento é admitida.10
Tendo em mente essas declarações gerais sobre a verificação da arqueologia relativa a uma data anterior da Torá, será benéfico examinar algumas descobertas científicas que fundamentam a autoria mosaica e desqualificam a hipótese documental da teoria J. E. D. P.
V. AMOSTRA DE DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS
O que se segue são algumas premissas Wellhausianas do século XIX refutadas por descobertas arqueológicas específicas do século XX.
A. OS TABLETES DE RAS SHAMRA
Esses tabletes foram descobertos por Schaeffer, em 1929, e são compostos por um alfabeto semítico de 30 letras que se assemelha ao dialeto e uso simbólico do hebraico mais do que a qualquer outra língua antiga. Os tabletes datam de cerca de 1400 a. C. e revelam uma depravada cultura cananeia politeísta (muito importante) que existiu no tempo da conquista israelita da Terra Prometida.
Além disso, o diálogo existente nos tabletes revela clichês poéticos que são característicos das formas poéticas encontradas no Pentateuco e nos Salmos. Os tabletes, por exemplo, referem-se à casa de Baal como estando localizada “na montanha de sua herança”. Isso se assemelha a Êxodo 15.17, que declara: “… No monte da tua herança...”. Existem inúmeros outros exemplos que o espaço não me permite explorar, mas basta citar que outras formas semelhantes à poesia hebraica estão em evidência: forma tricolônica de prosa e habilidades de escrita elevadas.
Esta descoberta, juntamente com as datadas de 1500 a. C. das minas de turquesa de Serabit el-Khadim (descobertas por Petrie em 1904) e do calendário Gezar (encontrado por Macalister nos anos 1900), confirmam sem sombra de dúvida a habilidade de escrever no período mosaico.
POR QUE É TÃO IMPORTANTE?
Os liberais da J. E. D. P. tinham anteriormente postulado que a arte da escrita era virtualmente desconhecida em Israel antes do reino de Davi, portanto, não poderia ter havido registros escritos nos dias de Moisés.
B. OS TABLETES DE NUZI
Essas descobertas foram feitas em 1925 por Chiera e Speiser, na área de Nuzi (perto de Kirkuk), no rio Tigre. Elas datam do século XV a. C. Vários costumes antigos foram revelados a partir do estudo desses milhares de tabletes. Eles exibem a cultura de Abraão antes de sua estada no Egito, tais como a prática aceitável de vender o direito de nascimento. Uma ilustração disso nesses tabletes é a história de alguém recebendo três ovelhas por vender sua primogenitura ao irmão mais novo. Isso se assemelha a Gênesis 25.33, onde Esaú vendeu seu direito de nascimento a Jacó. Outro exemplo é o caráter vinculativo do testamento no leito de morte, caracterizado biblicamente entre Isaque e Jacó no livro de Gênesis.
Outra descoberta com papel semelhante para negar a teoria do Wellhausianismo encontra-se nos Tabletes de Mari. Eles foram descobertos em 1933 por um arqueólogo chamado Parrot, perto da cidade de Tel Hariri, às margens do rio Eufrates. Eles contêm evidências diretas de que durante o século XVIII a. C. existia um grupo de pessoas conhecido como os Hibiru, que é uma antiga referência acadiana ao povo de Abraão encontrado no livro de Gênesis. A compreensão filológica da palavra refere-se ao significado cananeu para “errantes” ou “pessoas do outro lado”.
POR QUE É TÃO IMPORTANTE?
Os que tentavam fazer alguém acreditar que o Antigo Testamento não é nada mais do que um conjunto de mitos inventados por humanos afirmavam que o relato de Gênesis sobre Abraão e seus descendentes foi e é não-histórico e fictício. Um defensor proeminente dessa teoria foi longe o suficiente a ponto de negar a existência de Abraão.
Além disso, os Tabletes de Ebla são o último golpe nos liberais, no que diz respeito a Abraão. Esta descoberta arqueológica de 1964 de uma antiga biblioteca inteira (subsequentemente desenterrada em 1974) testemunha a veracidade de reis seculares como registrado em Gênesis 14, que existiram na época de Abraão.
C. O CÓDIGO BABILÔNICO DE HAMURABI
Esta descoberta feita por Scheil em 1901 serve para indicar as inúmeras semelhanças entre as leis sociais indicadas nos livros bíblicos de Êxodo, Levítico e Números e na cultura babilônica. Esta evidência do código de lei da antiga Babilônia exibe formas de punição a crimes por violações de contratos. Há uma estrutura de “e se, então…” nos escritos. Com certeza algumas leis e formas de punição diferem devido às ideologias sociais, mas esse não é o problema. Em vez disso, a descoberta arqueológica serve para ilustrar a existência de um código penal na época de Moisés.
POR QUE É TÃO IMPORTANTE?
Os liberais tinham anteriormente teorizado que o Pentateuco era falacioso, com base na crença que tinham de que a legislação do código sacerdotal nestes livros bíblicos representava um estágio posterior pós-exílico do desenvolvimento da cultura hebraica. Eles vangloriaram-se de que leis neste nível de sofisticação só poderiam ter sido desenvolvidas a partir do século 5 a. C. Millar Burrows, de Yale, afirma:
OS ESTUDIOSOS TÊM ÀS VEZES SUPOSTO QUE O NÍVEL SOCIAL E MORAL DAS LEIS ATRIBUÍDAS A MOISÉS ERA MUITO ALTO PARA UMA ÉPOCA TÃO PRIMITIVA. ESSAS DESCOBERTAS TÊM EFETIVAMENTE REFUTADO ESTA SUPOSIÇÃO.11
Essas verificações arqueológicas servem para substanciar a posição legítima de Moisés — em destaque no pódio do orador — em nossa Câmara dos Deputados nos Estados Unidos, onde nossas leis são criadas.
D. OS TABLETES DE TELL EL-AMARNA
Levando o nome da cidade em que foram descobertos em 1887, eles datam de 1370 a. C. e são compostos pela correspondência por e entre as cortes da Palestina e da Síria. Em parte, eles revelam invasores ferozes ao Sul e pedem apoio de tropas egípcias. Os invasores são os Hibiru. As cidades rendidas são listadas como Gezer, Ascalom e Láquis. Assim, este achado arqueológico secular é paralelo a Números 21.1-3, um registro da conquista hebraica de Canaã. Curiosamente, o relato desses tabletes é do ponto de vista dos que estão sendo conquistados.
POR QUE É TÃO IMPORTANTE?
Os defensores de Wellhausen propagaram a crença de que o relato da conquista da Palestina e da Transjordânia, assim como registado nos livros bíblicos de Números e Josué, era grosseiramente fictício. Mas as escavações arqueológicas subsequentes indicam que é verídico. É interessante notar quem acabou se mostrando “grosseiramente não-histórico”.
VI. RESUMO
Inúmeros outros achados arqueológicos poderiam ser apresentados aqui para desenvolver o tema do estudo bíblico desta semana, mas basta dizer que a arqueologia desempenhou um papel importante no apoio da veracidade do Antigo Testamento, visto que foi escrito antes do advento do liberalismo teológico.
SERIA TOLICE PROPAGAR A TEORIA J. E. D. P. HOJE À LUZ DE TODAS AS DESCOBERTAS QUE A REFUTAM
Na verdade, se os teólogos proferissem as mesmas teorias hoje em dia, seriam ridicularizados. Albright (o meu arqueólogo favorito) afirma:
Novas descobertas continuam a confirmar a precisão histórica ou a antiguidade literária de muitos e muitos detalhes… Consequentemente, é um exagero da crítica negar substancialmente o caráter mosaico da tradição do Pentateuco.12
Veja a seguir algumas aplicações extraídas do estudo desta semana que edificam a nossa é.
A. DISCERNIR FALSOS MESTRES
Muito pode ser aprendido a partir da escola arrogante do Wellhausianismo. O que há a seguir são chaves para a identificação dos teólogos liberais. O Novo Testamento tem muitos alertas sobre falsos líderes religiosos que levam pessoas a se desviarem, fazendo-as naufragar na fé. Eles farão nações naufragar também, se permitirmos: A teologia liberal é muitas vezes o solo fértil, a base de teorias de políticas liberais (um assunto que abordei em maior detalhe em outros estudos).
Lembre-se, um dos indicadores bíblicos mais significativos de maturidade é o discernimento espiritual: a capacidade de distinguir a verdade do erro. Isto requer uma perspicácia intelectual que é apenas adquirida por meio de estudo bíblico aprofundado. Por outro lado, em meu ministério ensinando a Bíblia para as pessoas na arena política, e viajando pelo país e pelo mundo, muitas vezes ouço que a maturidade espiritual está sendo definida de outra forma: ser maduro apenas significa amar as outras pessoas. Mas o que você faz quando teólogos liberais tentam ganhar os debates políticos/ideológicos baseados em suas premissas não escriturais? Você responde com nada, além de “amor”? Não. “O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (1Coríntios 13.6). Considere as palavras de Filipenses 1.9: “Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção”. O que vem a seguir são as características que identificam os teólogos liberais. Aprenda a discerni-las:
B. MANTER UMA PERSPECTIVA ELEVADA DAS ESCRITURAS
Na arena política, não caia na armadilha dos “velhos mitos” (que nunca parecem morrer) em relação à suposta falta de integridade da Palavra fidedigna de Deus, as Santas Escrituras. Sua Palavra é tão verdadeira no que diz respeito à narrativa histórica quanto o é ao ordenar nossa obediência ou nos fornecer princípios para viver sabiamente. As Escrituras afirmam ser a Palavra de Deus não uma ou duas vezes, mas milhares de vezes. E de fato elas o são. Tolo é aquele que suprime essa verdade — para o oposto, eles sabem que é o caso quando são honestos consigo mesmos (cf. Romanos 1).
C. PERCEBER QUEM POSSUI FÉ CEGA
Não é o cristão conservador com uma visão elevada da inspiração das Escrituras que é o simplório, que se agarra às suas crenças com fé cega, ignorância e falta de apoio intelectual, científico e histórico. Em vez disso, é aquele que defende uma “compreensão” liberal da Palavra de Deus. A arqueologia de hoje em dia serviu para minar as postulações dos teólogos liberais. Romanos 1.22 é um resumo apto e indelicado: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. Não seja contado entre eles.cm
1 Cf. Êxodo 17.14; Josué 1.8; João 5.46-47 respectivamente. Nesta passagem do Novo Testamento,, Jesus declara: “Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Visto, porém, que não creem no que ele escreveu, como crerão no que eu digo?”. Em João 7.19, Jesus acrescenta: “Moisés não lhes deu a lei? No entanto, nenhum de vocês lhe obedece. Por que vocês procuram matar-me?”. Essas passagens evidenciam o testemunho de Jesus que Moisés escreveu os livros da lei do Antigo Testamento. Como alguém pode aceitar a Cristo e rejeitar a inspiração das Escrituras?
2 Gleason, Archer: A Survey of Old Testament Introduction [Uma Pesquisa da Introdução ao Antigo Testamento] (Chicago: Moody Press, 1994), p. 89.
3 Ibid., p. 97.
4 A escrita de Astruc, publicada em 1753, foi intitulada Conjectures Concerning the Original Memoranda Which It Appears Moses Used to Compose the Book of Genesis [Conjecturas Concernentes aos Memorandos Originais que Parece que Moisés Usou para Compor o Livro de Gênesis].
5 No início, deve-se dizer que De Witte não fazia parte da Escola de Hipóteses Documental. Em vez disso, ele era um Teórico Fragmentário. Os Teóricos Fragmentários acreditavam que o Pentateuco era composto por fragmentos separados, alguns dos quais tão antigos como Moisés, e foram montados em um contexto histórico.
6 Quando uma teologia é bamba significa que é distorcida ou errada.
7 Ibid., p. 174.
8 Conforme a citação de Gleason Archer em A Survey of Old Testament Introduction, p. 174.
9 Ibid., p. 174.
10 Ibid., p. 174.
11 Burrows, What Mean These Stones? [O que Significam Essas Pedras?] (New Haven, Conn: ASOR, 1941), p. 56.
12 Albright, William F. The Archeology of Palestine [A Arqueologia da Palestina] (Rev. ed. Hammondworth, Middlesex: Pelican, 1960), p. 224.
13 Extraído em parte de Gleason, p. 112.