A Defesa Bíblica De Israel | Parte 2
Download do Estudo BíblicoNo estudo anterior, na Parte 1 desta série, vimos algumas passagens bíblicas “básicas” sobre porque todas as pessoas, grupos e nações deveriam apoiar Israel. Vamos agora nos aprofundar – e chamaremos este estudo de “avançado”.
Quase todos os parlamentares que se mantêm bem informados sabem que a Bíblia exorta indivíduos e nações a abençoarem Israel. Em Gênesis 12.3 Deus afirma em sua promessa a Abraão (patriarca de Israel): “Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem…”
Nem todos que seguem a Cristo, no entanto, são pró-Israel. Dentro do evangelicalismo há um arraial que se apega ao que expliquei e defini na semana passada como a “Teologia da Substituição”. O outro nome teológico mais sofisticado é “Supersessionismo”. Esses adeptos acreditam que a Igreja substitui Israel; eles adotam o que então equivale a um título contextualmente descritivo: “Teologia da Substituição”. Neste estudo, usarei esses termos de forma intercambiável.
A título de revisão, o pessoal da Teologia da Substituição acredita que Deus se cansou de Israel, tendo substituído essa nação por sua Igreja. A Igreja então é o novo Israel, portanto a promessa condicional (cf. Gênesis 12.3) declarada acima na aliança abraâmica (cf. Gênesis 15.18) agora se aplica à Igreja.
O que a Bíblia diz sobre tudo isso? Em que você acredita? A maneira como uma autoridade governante trata esta questão, a partir das Escrituras, tem enormes implicações na política externa e, como muitos concluem, se Deus continuará abençoando ao país.
Continue lendo, meu amigo.
I. INTRODUÇÃO
Este estudo será intelectualmente desafiador para a maioria dos que o lerem. Não deixe que isso o impeça de perseverar e entender o que se segue, pois este é um assunto bastante importante para alguém que ocupa um cargo público. Como de costume, tentei explicar de forma a torná-lo substancial e palatável, de modo a ajudar a sua compreensão.
II. DESAFIOS ENFRENTADOS PELO SUPERSESSIONISMO
Se a promessa condicional (cf. Gênesis 12.3) da aliança abraâmica (cf. Gênesis 15.18) permanecer intacta, então a bênção de Deus sobre indivíduos e nações é em parte baseada em como se trata Israel como nação. Sendo assim, a teologia de uma pessoa para não apoiar/abençoar a nação de Israel precisa ser hermética. A posição bíblica e o apoio exegético ao Supersessionismo teriam de ser muito explícitos, universalmente convincentes e incontestáveis, dados os resultados deletérios declarados que são prometidos em Gênesis 12.3! A diferença, neste caso, entre Deus abençoar ou amaldiçoar, exige as melhores habilidades exegéticas. Mais uma vez:
ADERIR ERRONEAMENTE À TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO PODE COMPROMETER O FUTURO DE UM INDIVÍDUO, DE UM GRUPO OU DE UMA NAÇÃO
Os Supersessionistas estão numa situação difícil se adotarem e promoverem com convicção que “Deus se cansou da nação de Israel”, porque sobre eles pesa o fardo bíblico da prova. No mínimo, eles devem argumentar convincentemente, a partir da Palavra de Deus, sobre o que é apresentado nos três pressupostos a seguir.
A. AS PROMESSAS QUE DEUS FEZ A ISRAEL NÃO SÃO MAIS APLICÁVEIS A ISRAEL
Será que as Escrituras claramente enunciam que as promessas óbvias que Deus fez a Israel não são se aplicam mais a Israel, mas sim à sua Igreja? Como Deus pode fazer inúmeras promessas incondicionais a Israel como nação no Antigo e Novo Testamento (tanto em Gênesis 12 quanto em Romanos 11) e depois não cumpri-las? Em que lugar de sua Palavra especificamente Deus nega as promessas que Ele fez nessas passagens?
B. A IGREJA É O NOVO ISRAEL
Eles devem provar que as Escrituras ensinam claramente que a Igreja substitui e eclipsa Israel. A Igreja é especificamente referida como a substituição da nação de Israel? Ou a tese da Teologia da Substituição é baseada em uma ou duas passagens tiradas do contexto, como examinaremos mais tarde neste estudo?
C. A IGREJA HERDA OS PACTOS E AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL
Será que as Escrituras ensinam claramente que, ao abençoar sua Igreja, Deus não mais abençoará o Israel étnico como nação? Os Supersessionistas têm a responsabilidade de provar de forma convincente, a partir de passagens bíblicas, que Israel como nação não tem mais lugar no futuro de Deus. Novamente, sobre eles está o ônus da prova.
Eles devem apresentar base exegética sólida para cada uma dessas três proposições, a fim de defender sua posição. Qualquer coisa aquém disso é brincar com fogo, segundo Gênesis 12.
III. ESCLARECENDO O SUPERSESSIONISMO
Antes de analisar mais de perto cada um dos três pressupostos anteriores em associação com textos bíblicos cruciais específicos, vários insights adicionais precisam ser mencionados primeiro para obter compreensão mais ampla desse ponto de vista teológico ainda predominante. Esses insights são apresentados a seguir.
A. ELES DIFERENCIAM O ISRAEL ESPIRITUAL DO ISRAEL NACIONAL
A fim de elaborar e defender sua posição, os Supersessionistas muitas vezes sugerem que o que o respectivo escritor bíblico tinha em mente ao mencionar Israel (em relação a passagens que são problemáticas para eles) é: “Israel” é uma referência aos judeus que se converteram a Cristo, e não à nação étnica de Israel. Essa distinção conveniente se tornará cada vez mais evidente, à medida que este estudo avançar.
B. ELES DESCARADA E ABUNDANTEMENTE MUDAM SUA ABORDAGEM HERMENÊUTICA DE INTERPRETAÇÃO
Esta arrogância que equivale a uma abordagem ao estilo amarelinha de interpretar o texto bíblico, é o que realmente me incomoda! Quando confrontados com passagens simples e diretas que prometem o retorno da nação de Israel, rapidamente sugerem que as Escrituras têm um significado não literal. Essa deturpação é um pouco semelhante a um árbitro mudando a forma como apita o jogo nos dois minutos finais. Se os teólogos substitutos aplicassem esse mesmo método com as inúmeras passagens que lidam com sua redenção, não teriam nenhuma garantia de salvação.
C. ÀS VEZES SÃO MOTIVADOS PELO ANTISSEMITISMO
Para fazer justiça ao tema, preciso mencionar que o antissemitismo, às vezes, é a verdadeira força motriz por trás daqueles que mantêm um ponto de vista “Deus rejeitou os judeus”.
O RACISMO JUDEU ENTRE AQUELES QUE SE DIZEM CRISTÃOS NÃO É NOVIDADE – TÃO DESPREZÍVEL, ÍMPIO E AUSENTE DE CRISTO COMO É DE FATO
Considerando que as duas primeiras ressalvas podem ser discutidas com objetividade, este último ponto é uma questão de coração, e as Escrituras nos advertem para não julgar o coração do outro. O que é perceptível, no entanto, é a incapacidade obstinada de um indivíduo de ser persuadido pelo raciocínio irrefutável de múltiplos textos bíblicos prevalentes e a amargura subjacente em relação a um grupo de pessoas; às vezes essa teimosia é devida ao antissemitismo. Essa possibilidade não deve ser negligenciada ao lidar com aqueles que professam inflexível e detestavelmente: “Deus se cansou dos judeus!”.
IV. CONDENSANDO O SUPERSESSIONISMO
Por fim, a título de introdução, o que se segue não é um estudo sobre escatologia em si, nem uma crítica ao Pré-milenismo, Pós-milenismo ou Amilenismo, embora, admito, exista uma forte correlação entre esses campos. Um deles se apega ao não-Supersessionismo ou ao Supersessionismo. Empreender uma discussão e correlação ampliadas ou não com esses pontos de vista escatológicos sobrecarregaria o título, o foco e a intenção deste estudo. Basta as afirmações feitas no próximo ponto.
V. CONTRA-ATAQUES AO SUPERSESSIONISMO
O evangelicalismo americano em termos de seus seminários nacionais mais conhecidos, pregadores de rádio, ministérios paraeclesiásticos e autores populares promoveram sem reservas uma teologia pró-Israel por muitas décadas. Os seminários Dispensacionalistas, como Dallas, Western, Denver e Moody; os pregadores nacionais de rádio e TV, como DeHaan, e o falecido Falwell, Jeremiah, MacArthur, o falecido McGee, Wiersbe, Rogers, Stanley e Swindoll; os ministérios paraeclesiásticos, como a Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo (CRU, antiga Campus Crusade), os Navegadores (Navigators), Mocidade para Cristo (Youth for Christ) e Capitol Ministries; os ministérios da escrita de Hal Lindsey, em A Agonia do Grande Planeta Terra, e Tim LaHaye, em sua série Deixados para Trás, se aliaram contra o ponto de vista Supersessionistas em nossos dias, “ao ponto de [ele] desaparecer completamente” (Blaising, The Future of Israel as a Theological Question, JETS 44 [2001]).1
No entanto, independentemente do impulso do mercado em uma direção ou outra, o formulador de políticas deve enraizar suas convicções a favor ou contra a Teologia de Substituição com base em sua exegese pessoal da Palavra de Deus. Este estudo é uma tentativa de ajudar nessa decisão.
VI. COMPREENDENDO A HERMENÊUTICA DO SUPERSESSIONISMO
Vamos desenvolver um pouco mais o item III. B. Os Supersessionistas contam com vários princípios de interpretação para chegar às suas conclusões. Vale a pena mencionar ainda, para ampliar a compreensão, o contexto e a percepção sobre sua maneira de pensar quando examinam as passagens fundamentais que constituem o debate. Uma breve explicação de cada um de seus princípios distintos são os apresentados a seguir.
A. O NT TEM PRIORIDADE INTERPRETATIVA SOBRE O AT
A maioria dos expositores conservadores acredita que a Escritura é progressiva em sua revelação, ou seja, o que é mencionado, por exemplo, em Gênesis, é análogo, mas em cores e maior detalhe no Novo Testamento (NT). Mas os Supersessionistas acreditam que, em vez de fornecer uma visão adicional e maior, o NT não é apenas um intérprete do significado dos textos do Antigo Testamento (AT), mas pode reinterpretá-los! Mais especificamente, promessas físicas feitas a Israel por profetas do AT, eles acreditam, são muitas vezes reinterpretadas pelos escritores do NT para ter cumprimento espiritual na Igreja. Assim, as previsões reais de AT relativas ao futuro de Israel, a restauração física são, creio eu, desconsideradas erroneamente.
Ao sugerir que Deus desta forma está agora oferecendo algo maior – algo que transcende a intenção autoral do escritor do AT – é reescrever e/ou reinterpretar o que o autor do AT quis dizer para o público com quem ele se comunicava naquele momento. Mas aqui está o maior problema:
PRATICAR ESSA HERMENÊUTICA COLOCA EM QUESTÃO A INTEGRIDADE, A INFALIBILIDADE E AIMUTABILIDADE DAS ESCRITURAS COMO UM TODO
Resumindo: Eles estão declarando que o autor bíblico realmente não quis dizer o que disse na época em que disse isso! Essa interpretação apresenta um problema real e é uma afronta aos fundamentos da doutrina bíblica da Bibliologia – que a Bíblia é infalível e inerrante, e plenamente inspirada, o que é uma questão divisora de águas sobre como se vê a Bíblia e sua autoridade em um sentido geral.
B. OS TEXTOS TÊM CUMPRIMENTOS ESPIRITUAIS E NÃO LITERAIS
Além de Gênesis 12 e Romanos 11, uma leitura direta de textos bíblicos como Amós 9.11-15, Zacarias 14.16 e Joel 3.17-18 indica que Deus tem um plano para restaurar a nação de Israel. Israel mais uma vez possuirá a terra! E essa profecia já começou a ser cumprida! O significado pretendido desses textos é difícil de perder. Mais uma vez, os Supersessionistas argumentam que Deus cumpriu essas promessas de “formas não literais” (Hoekema, Amillennialism, p. 172), mas o problema com essa posição é que outras profecias do AT já cumpridas se concretizaram física e literalmente!2
C. A NAÇÃO DE ISRAEL É UM TIPO DA IGREJA NO NT
Tanto Supersessionistas quanto não- Supersessionistas acreditam em tipos (ou tipologias) do AT. Um tipo nas Escrituras é uma pessoa ou coisa no Antigo Testamento que prevê uma pessoa ou coisa no Novo Testamento; um tipo é uma prefiguração. Por exemplo, os sacrifícios animais do AT que expiavam os pecados dos israelitas prediziam o futuro sacrifício supremo de Cristo na cruz pelos pecados da humanidade. Este último exemplo é chamado de antítipo superior. Desta forma, os Supersessionistas dizem que Israel é um tipo e a Igreja é o antítipo superior.
No entanto, não se pode entender na Bíblia a existência de um tipo quando ela não identifica especificamente algo como tipo; fazer isso é descer pela ladeira escorregadia da interpretação subjetiva das Escrituras — enxergar tipos em tudo o que se possa imaginar. Esta é uma forma de eisegese que é definida pelo Dicionário Online de Português (Dicio) como “interpretação em que os pontos de vista do leitor são incorporados ao texto”. Na escola hermenêutica de interpretação tipológica, o intérprete torna-se o poder e a força da passagem, em vez do que deveria ser — a passagem em si. Esse tipo de leitura sobrepõe um significado que não foi intencional pelo autor. Nenhuma evidência bíblica é encontrada em qualquer passagem das Escrituras que indique que Israel foi destinado por Deus no AT para ser um tipo relativo à Igreja. Fazer isso é ler no texto algo que não está lá para apoiar as predeterminações de alguém. Isso é eisegese, e não exegese.
Estes são três princípios interpretativos divergentes da norma que os Supersessionistas regularmente empregam para apoiar seu ponto de vista de que “Deus encerrou com Israel hoje”.
VII. PASSAGENS CONTESTADAS DO SUPERSESSIONISMO
O que se segue são os argumentos mais comuns das Escrituras usados para justificar a crença de que Deus terminou com Israel e, entre outros assuntos, talvez para dar a entender que Israel não seja digno do cuidado especial da América.
A. A SUPOSTA REJEIÇÃO PERMANENTE DA NAÇÃO DE ISRAEL: MATEUS 21.43
“Portanto eu lhes digo que o reino de Deus será tirado de vocês e será dado a um povo que dê os frutos do Reino.”
Esta passagem, na qual Jesus está se dirigindo aos líderes judeus de sua época, é amplamente usada para apoiar esta posição. A teologia da Substituição argumenta que Israel perdeu permanentemente sua bênção por ter rejeitado a Jesus. Afirma Gerstner: “Eles foram julgados e encontrados em falta” (citado por Ironside, Wrongly Dividing the Word of Truth [Divisão Errada da Palavra da Verdade], p. 190-191).
Observe, no entanto, que vocês não é claramente indicativo da nação de Israel. Jesus poderia simplesmente estar se dirigindo aos líderes que o rejeitaram. Na verdade, apenas dois versos adiante, em Mateus 21.45, os líderes judeus indicam que Jesus estava especificamente se dirigindo a eles! (Esta é a conclusão de Saldarini, Matthew`s Christian-Jewish Community [Comunidade cristã-judaica de Mateus], p. 59). A nação de Israel não é mencionada nesta passagem.
Em segundo lugar, nenhuma referência é feita para a Igreja ser a substituição. As palavras que Jesus usa aqui são dadas a um povo. Isso pode ser referência a indivíduos que respondem a Jesus — ou a um Israel melhor no futuro em detrimento dos líderes farisaicos hipócritas, a quem ele está se dirigindo, que oprimiam as multidões a quem deveriam estar pastoreando. Esta é a posição de Vlach, Has the Church Replaced Israel? [A Igreja substituiu a Israel?] p. 143, e Fruchtenbaum, Israelogy: The Missing Link in Systematic Theology [Israelogia: O Elo que Falta na Teologia Sistemática], p. 40, e McClain, The Greatness of the Kingdom [A Grandeza do Reino], p. 296-297.
Mesmo que dado a um povo se referisse à Igreja, a passagem não exclui uma futura restauração da nação Israel. Assim, esta passagem não deve ser usada para firme e conclusivamente sugerir que Deus terminou com Israel – especialmente quando pelo menos 13 outros livros da Bíblia declaram o contrário.3
B. LINGUAGEM DE ISRAEL SUPOSTAMENTE APLICADA À IGREJA
Os supersessionistas acreditam que a linguagem que representa Israel é aplicada à Igreja no NT; eles concluem que o NT identifica, portanto, a Igreja como Israel. Vamos olhar cuidadosamente a amostra de algumas dessas passagens, a fim de obter melhor compreensão deste pressuposto equivocado.
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- Gálatas 6.16
“Paz e misericórdia estejam sobre todos os que andam conforme essa regra, e também sobre o Israel de Deus.”
Este é o texto principal citado pelos teólogos da Substituição que supostamente indica que a Igreja se chama Israel no NT. O raciocínio novamente é que, se você pode dizer que a Igreja é Israel no NT, então você pode concluir que Deus se cansou de Israel; Israel foi substituído pela Igreja. O problema com essa conclusão, no entanto, é o contexto geral e a principal tese da epístola. A epístola aos gálatas foi escrita para refutar os judaizantes, judeus na Igreja na Galácia, que estavam ensinando que a salvação não é apenas pela fé em Cristo, mas também por guardar a lei do AT — uma visão errada da verdadeira salvação. Contextualmente e devidamente compreendida, esta passagem está dizendo: Perto do fim desta forte polêmica, Paulo joga um “buquê” para aqueles judeus desta igreja em particular que não tinham sido corrompidos pelos judaizantes. Ele chama apropriadamente aqueles que confiavam apenas em Cristo para sua salvação o [verdadeiro] Israel de Deus. Paulo está fazendo uma distinção entre os verdadeiros crentes da descendência judaica e os judaizantes que já havia considerado anátemas por sua heresia quanto à doutrina da salvação (cf. Gálatas 1.6-9). Eles eram o Israel não de Deus, por assim dizer (no sentido de a salvação de Deus sempre ter sido apenas pela fé, segundo Gênesis 15.6). Contextualmente, Paulo está concluindo sua carta em um tom otimista, e em parte elogiando os cristãos judeus genuínos que possuíam uma compreensão e crença adequada no que ele e os outros apóstolos ensinaram sobre o que realmente significa ser salvo. O comentarista George (Gálatas, p. 440) afirma apropriadamente a este respeito:
“É estranho que, se Paulo pretendesse simplesmente equiparar os crentes gentios com o povo de Israel, faria essa identificação crucial aqui no final da carta, em vez de incluí-la no corpo principal onde ele desenvolveu longamente o argumento para a justificação pela fé.”
Na verdade, as Escrituras sempre mencionam Israel no contexto nacional de Israel – não em um sentido confuso como a Igreja (e em violação do princípio da perspicuidade das Escrituras).
NÃO HÁ PASSAGENS EM TODO O NOVO TESTAMENTO QUE DIGAM QUE A IGREJA É ISRAEL OU QUE A IGREJA É UMA SUBSTITUIÇÃO DE ISRAEL
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- 1Pedro 2.9-10
“Mas vocês são uma RAÇA ESCOLHIDA, um SACERDÓCIO REAL, uma NAÇÃO SANTA, um POVO PARA a POSSE EXCLUSIVA de Deus, a fim de proclamar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; porque antes vocês NEM sequer eram POVO, mas agora são POVO DE DEUS; NÃO haviam RECEBIDO MISERICÓRDIA, mas agora a RECEBERAM.” (Tradução direta)
As letras maiúsculas na Nova Bíblia Padrão Americana (New American Standard Bible) da Fundação Lockman (usadas acima) são destinadas pela equipe de tradução para indicar passagens do AT (neste caso Deuteronômio 7.6-8) que estão sendo repetidas e citadas pelo autor do NT. Esta característica desta tradução em particular é muito útil. Nesse sentido, em 1Pedro 2.9-10, o autor está usando os termos do AT falados por Moisés para identificar Israel e descrever aqueles que confiaram em Cristo para a salvação – pessoas que no NT fazem parte da Igreja.
Se tanto Israel quanto a Igreja são o povo de Deus em relação à Antiga Aliança de Deus com Israel e sua Nova Aliança com a Igreja, não se segue que os mesmos descritores possam se aplicar a cada um? Esse é o caso, mas a questão é:
SIMPLESMENTE PORQUE “TERMOS DE ISRAEL” SÃO APLICÁVEIS TAMBÉM À IGREJA NÃO SIGNIFICA QUE A IGREJA SEJA ISRAEL
É importante ressaltar neste estudo que a passagem anterior não afirma que a Igreja substituiu Israel.
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- Romanos 11.16-24
Chegamos agora à passagem central do debate. (Em vez de citar esta longa passagem aqui, por questões de espaço, apenas certifique-se de ter tempo para lê-la). Esta passagem foi mencionada no primeiro estudo desta série. Fala sobre os gentios serem enxertados com um recurso literário — a metáfora de uma oliveira. Os gentios são retratados como o “ramo de oliveira brava” sendo enxertados na “raiz da oliveira”, ou seja, Israel. Esta bela figura de linguagem retrata um paralelo fácil de entender, aparentemente sublinhando a proposição da teologia da Substituição.
A parte posterior da passagem, no entanto, trabalha contra essa posição. Paulo continua a argumentar que os gentios não devem se sentir superiores aos “ramos naturais”, ou seja, os judeus, porque “Deus é capaz de enxertá-los outra vez”(11.23). E esse será o caso de acordo com Romanos 11.26.
C. OS SUPERSESSIONISTAS DEVEM DE ALGUMA FORMA SOLUCIONAR A CLARA DECLARAÇÃO DO NT EM ROMANOS 11.26: ELES DEVEM DESCONSIDERAR QUE “TODO O ISRAEL SERÁ SALVO”
No contexto das partes anteriores desta passagem (11.23); o significado é bastante evidente – Deus tem o poder de um dia enxertar de volta a nação de Israel. Este entendimento é sublinhado pelo início de Romanos 11.1: “Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou seu povo? De maneira nenhuma!”. O significado simples desta passagem, a partir de uma devida leitura normal, não é difícil de compreender.
Os supersessionistas acreditam que todo o Israel significa judeus e gentios… ou seja, que todo o Israel que Paulo está falando é a Igreja. O contexto, no entanto, não suporta uma compreensão tão exagerada, especialmente à luz de Romanos 11.27, que afirma: “E esta é a minha aliança com eles quando eu remover os seus pecados”. Uma vez que a Igreja é composta daqueles que tiveram seus pecados removidos, então todo o Israel não poderia ser uma referência à Igreja! Segue-se que Paulo não tem crentes em mente quando diz todo o Israel! Em vez disso, esta passagem serve para ressaltar que Deus não se esqueceu, nem se esquecerá no fim dos tempos, das promessas que fez a Israel em Gênesis 12! Essa é a simples compreensão da passagem.
Assim, entender por que os supersessionistas veem Romanos 11 como favoráveis à sua posição é difícil, pois não é nem um pouco! Ao contrário, serve para negar a posição.
D. O SILÊNCIO DO NT
Ao reinterpretar o significado normal de Romanos 9–11, os Supersessionistas acreditam, incorretamente, que o NT não fala da restauração de Israel, mas que Deus se cansou deles. Os não- Supersessionistas adotam exatamente a visão oposta: Romanos 9–11 fala de sua restauração, assim como outras passagens, incluindo Atos 1.6 e Mateus 19.28. As três passagens evidenciam a restauração de Israel, e as duas últimas mostram que isso será feito pelo próprio Jesus! Observe Atos 1.6:
“Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: ‘Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel?’”
Perguntaram quando o reino de Israel seria restaurado. No que se segue após Atos 1.6, Jesus não forneceria a resposta direta à sua pergunta – mas tampouco corrigiu a suposição deles! Note Mateus 19.28:
“Jesus lhes disse: ‘Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel’.”
No futuro escatológico, quando Jesus retornar e reinar, esta passagem mais do que sugere que Israel estará lá também! Essas duas passagens supracitadas foram utilizadas pelo comentarista Peters em resposta à afirmação dos supersessionistas que o NT silencia sobre o futuro de Israel. Seu argumento exegético foi tão avassalador que muitos de seus oponentes admitiram o debate (cf. O Reino Teocrático de nosso Senhor Jesus Cristo conforme a Aliança do Antigo Testamento, 2:50).
SEMELHANTE AOS PROFETAS DO AT, JESUS E O NT NÃO SILENCIAM SOBRE A RESTAURAÇÃO DO ISRAEL NACIONAL
Mais uma vez, pelo menos 13 livros da Bíblia falam claramente sobre a intenção de Deus no Fim dos Tempos de restaurar a nação de Israel!
VIII. O CULMINAR DA ARGUMENTAÇÃO TEOLÓGICA DA SUPERSESSÃO
Romanos 9–11 ensina categoricamente que há um futuro para a nação de Israel! Senão por nenhuma outra razão (e listei muitas), os argumentos dos Supersessionistas em suas tentativas de ignorar o futuro de Israel falham à luz desta passagem forte, poderosa e direta. Agitar a bandeira desta posição é infundado, especialmente à luz das condições e dos riscos decorrentes, declarados na Promessa Abraâmica de Gênesis 12. Devemos ter muita cautela em relação a como se trata a nação de Israel. Deus tem grandes planos para ela e é seu protetor!
IX. RESUMO
Tanto o AT quanto o NT ensinam que Israel será restaurado como nação; Israel tem uma perpetuidade prometida que não é ignorada nem descartada pelas Escrituras. Além disso, há um esclarecimento bíblico perpétuo e recorrente e uma separação entre Israel e a Igreja. Esses fatos sóbrios tornam a posição Supersessionistas suspeita. Assim:
OS DEFENSORES DA TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO PASSARAM DOS LIMITES QUANDO ANUNCIAM COM PERIGO QUE “DEUS SE CANSOU DE ISRAEL!”
Para quem tem discernimento, seus argumentos são especulativos e carecem de substância exegética. Todo formulador de políticas precisa refletir profundamente sobre as implicações do Supersessionismo com a máxima reflexão, seriedade e oração. Não existem razões bíblicas para acreditar que Deus se cansou de Israel — e não há razões piedosas para justificar ser anti-Israel.4 Nossa nação deve estar com Israel porque Ele assim ordena e também por medo das consequências determinadas contra quem age de forma contrária.
1 Concordo com a observação de Craig Blaising, mas muitos líderes evangélicos discordam de mim neste ponto. Eles acreditam que o supersessionismo é a opinião majoritária entre os evangélicos de hoje.
2 As passagens que proclamam os planos futuros de Deus para Israel além da Era da Igreja, como referidos neste estudo, são muitas. É difícil para mim concluir, como o fazem aqueles que defendem a teologia da Substituição, que as passagens nos livros de Atos, Amós, Deuteronômio, Ezequiel, Gênesis, Isaías, Joel, Mateus, Salmos, Apocalipse, Romanos, 2Samuel e Zacarias – são 13 livros da Bíblia – não significam realmente o que parecem significar!
3 Uma das principais regras da hermenêutica é que o significado homogêneo da maioria das passagens claramente declaradas relativas a uma matéria precisa interpretar as passagens vagas e menos precisas, uma vez que a autoproclamação das Escrituras é que ela é infalível e inerrante.
4 Para mais estudos sobre esta questão, consulte o livro recém-lançado, excelente e abrangente, Forsaking Israel, Larry D. Pettegrew, Kress Biblical Resources; The Woodlands, Texas. 2021.