A Profunda Importância Teológica do Casamento Heterossexual
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Se você discutir sobre casamento com base na felicidade pessoal, perderá o debate. Se você discuti-lo com base na teologia, não.
Certamente Deus pretende que o casamento seja uma fonte de grande satisfação pessoal. Vivemos em um mundo caído cheio de decepções e sofrimentos e é uma bênção ter uma alma gêmea dedicada e leal a você.
Mas há muito mais no casamento do que a felicidade pessoal. Quando nossa nação de alguma forma denigre a instituição ordenada por Deus do casamento entre homem e mulher, perde um de seus principais meios de anunciar a natureza de Deus ao nosso país. Tal perda tem sérias repercussões a longo prazo, tanto em termos de padronização cultural nacional e de direção moral. Por quê? Porque Deus projetou o casamento entre homem e mulher para ser uma imitação de sua própria natureza. Perder esse modelo de casamento é perder um arquétipo de seus atributos de outra forma invisíveis, de seu poder eterno e de sua glória divina.
Meu amigo, não discuta o casamento como se tivesse tudo a ver com sua felicidade pessoal. Há muito mais do que isso! Continue lendo.
I. INTRODUÇÃO
Efésios 5.22-33 contém um grande exemplo do ensinamento divinamente inspirado do apóstolo Paulo concernente ao relacionamento dos maridos com as esposas. O contexto desta passagem está dentro da seção em que Paulo expressa os aspectos comportamentais dos chamados (cf. 1.4-5; 2.10).
A organização geral de Efésios é simples de entender: Paulo expressou as verdades doutrinais e o chamado dos cristãos nos capítulos 1 a 3. Ele então expressou os vários aspectos práticos da conduta dos cristãos em 4 a 6.9, todos baseados nas verdades doutrinais anteriormente declaradas. É nesta última delineação sobre os elementos comportamentais dos cristãos que ele aborda especificamente o relacionamento marido/mulher. Mais pontualmente, Paulo aborda a caminhada1 ou as práticas do cristão nesta seção, chamando-o a andar2 em unidade (4.1-16), santidade (4.17-32), amor (5.1-6), luz (5.7-14) e sabedoria (5.15–6.9). Efésios 5.22-33 diz:
“Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos. Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável. Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo. ‘POR ESSA RAZÃO, O HOMEM DEIXARÁ PAI E MÃE E SE UNIRÁ À SUA MULHER, E OS DOIS SE TORNARÃO UMA SÓ CARNE.’ Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja. Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.”
A passagem em estudo aparece logo abaixo do emblema da sabedoria no esboço do livro. Isso significa que, para o cristão andar em sabedoria, deve compreender a relação ordenada por Deus entre marido e mulher — a maneira como Deus pretende que seja. Claro que, também, a presunção é que Deus espera que você e eu obedeçamos ao que é dito aqui. Além disso, Deus espera que os legisladores levem sua sabedoria sobre o casamento em consideração ao elaborar (ou reformar, se necessário) a legislação matrimonial para uma nação.
E mais, vivendo de acordo com as diretrizes de Efésios 5.22-33 e usufruindo os benefícios maravilhosos da bênção que deriva delas.
A LEALDADE DO CRISTÃO À PALAVRA DE DEUS SOBRE O CASAMENTO SERVE PARA MANIFESTAR SUA GLÓRIA AO MUNDO
O que eu quero dizer com isso? Em Romanos 1.20, Paulo afirma: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas…” Claramente, além da maravilhosa criação de Deus de substâncias orgânicas e inorgânicas nos primeiros dias de criação, Ele desenhou o casamento logo depois (cf. Gn 2.24-25). Portanto:
Na proporção em que o cristão e a sociedade obedecerem a Deus e às suas diretrizes ordenadas sobre o casamento, tanto mais seus atributos, poder e natureza serão mostrados em um mundo perdido e caído, centrado no homem e rebelde a Deus.
Eis aqui talvez um motivo totalmente novo para alguém investir e se esforçar na busca por um casamento piedoso — uma razão e um motivo que devem eclipsar a sua busca apenas pela autossatisfação.
Quando as pessoas seguem firmemente o projeto específico das Escrituras para o casamento, testemunham com muita intensidade a existência e a grandeza de Deus. Seu casamento pode e deve ser uma manifestação poderosa dos atributos invisíveis de Deus, de seu poder eterno e da natureza divina. Seu casamento deve e definitivamente pode pregar a glória de Deus a um mundo perdido que está observando.
Além de motivar todos os cristãos verdadeiros a serem extremamente sensíveis e cuidadosos quanto à forma como cada um trata seu cônjuge, essa verdade também explica a razão pela qual as forças e os agentes do mal trabalham continuamente para eliminar da face da terra o modelo de casamento de Deus. Fazer isso torna a existência de Deus menos evidente. O casamento, como veremos, oferece a todos um vislumbre magnífico de quem Deus é. Será que deveríamos estranhar, portanto, que uma força tão poderosa esteja em andamento para redefinir o casamento? Fazer isso é extrair um testemunho de e por Deus, é corroer um dos cinco pilares fundamentais pelos quais Ele pretende manifestar seu reinado no mundo antes de sua segunda vinda.
Como então o padrão bíblico de casamento ilumina a realidade de Deus? Essa pergunta é respondida nesta passagem. Especificamente, a relação entre maridos e mulheres ajuda a ilustrar e a revelar três aspectos importantes que lidam com os atributos, o poder e a natureza de Deus. Eles são apresentados a seguir.
II. AS INTER-RELAÇÕES DA TRINDADE
Deus ordenou o casamento para revelar intensivamente, mas não extensivamente, sua natureza, como existe dentro da Trindade Divina. As seguintes quatro características divinas são reveladas na terra por meio de sua ordenação no relacionamento marido–mulher.
A. COMPANHEIRISMO
Uma definição teológica da Trindade é esta: Deus existe em três pessoas distintas da mesma essência. O estudo atento e a comparação de várias passagens bíblicas revelam esta verdade de forma clara e inconfundível. Assim, a natureza essencial de Deus é caracterizada
por companheirismo e comunicação dentro da Trindade. E estes dois atributos são lindamente retratados pelo e nocasamento, conforme idealizado por Deus. Curiosamente, a palavra hebraica para um (echad), ou único, como usada em Deuteronômio 6.4 para descrever a natureza da unicidade de Deus, denota uma unidade pluralista. É a mesma palavra usada em Gênesis 2.24 e Efésios 5.31 para descrever marido e mulher como uma só carne. Ou seja, eles são um, mas permanecem duas personalidades distintas: uma unidade pluralista. Portanto, um bom casamento onde o marido e a mulher se comunicam livremente e desfrutam de comunhão um com o outro exibe de forma vívida a natureza divina de Deus. Então:
QUANTO MAIS O MARIDO E A MULHER SÃO CAPAZES DE SE COMUNICAR E DESFRUTAR DA COMPANHIA UM DO OUTRO, TANTO MAIS GLORIFICAM A DEUS NO CASAMENTO
Adoro conversar com minha esposa, Danielle, e tenho grande prazer em sua companhia. Conversamos sobre tudo o que está acontecendo em nossas vidas. A questão é: abster-se da comunicação regular e da comunhão é pecaminoso porque em parte o casal cristão está falhando em manifestar o caráter de Deus.
B. AUTORIDADE E SUBMISSÃO
A segunda característica de Deus que está em exibição por meio de sua ordenação do casamento é a maneira pela qual Ele se inter-relaciona consigo mesmo e com sua ordem criativa. Em toda a Trindade e na criação existem relacionamentos de submissão3 e autoridade. Na Trindade, o Filho (como representado por seu nome) está sujeito ao Pai. Mateus 28.18 e João 5.26-27 suportam o fato de que foi o Pai quem deu a Cristo sua autoridade. O casamento é comparado a todas as outras instituições ordenadas por Deus em que existe uma relação de autoridade e submissão, de marido–mulher, respectivamente (Efésios 5.22-23). Desse modo é revelado o caráter de Deus. Para ilustrar ainda mais o conceito de autoridade e submissão na natureza de Deus, observe: na instituição da família, os filhos devem estar sujeitos à autoridade dos pais (Efésios 6.1); na Igreja, o cristão deve ser sujeito aos presbíteros (Hebreus 13.17); no trabalho, o empregado deve se submeter ao empregador (1Timóteo 6.1); e no Estado, o cidadão deve estar sujeito às autoridades governamentais (Romanos 13.1).
Especificamente, a submissão da mulher ao marido, entre outras coisas, é uma imagem poderosa da submissão de Cristo ao Pai quando foi para a cruz: “ […] ‘Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres’” (Mateus 26.39). Ou do Espírito Santo, que é chamado de Conselheiro por Jesus Cristo em João 14.26: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse”.
C. AMOR
A terceira característica de Deus revelada pelo casamento é o seu amor. 1João 4.16 afirma: “[…] Deus é amor […]”.Assim, Efésios 5.25 ordena que os maridos amem suas mulheres. Paulo reitera a importância disso duas outras vezes na mesma passagem: “Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres […]” (5.28), e “Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo […]” (5.33). Este amor agape4 altruísta, exibido pelo maridoespiritualmente maduro, retrata o próprio caráter de Deus a um mundo em busca de Deus. O marido não ama sua mulher só porque em sua obediência ele será abençoado, mas porque esse amor reflete a própria essência de Deus ao mundo5.
D. RESPEITO
O respeito da mulher para com seu marido (Efésios 5.33) é a quarta característica da emulação de Deus na semelhança do casamento. As mulheres são ordenadas a respeitar seus maridos. Isso revela o respeito que Cristo tem pelo Pai. Tal respeito está implícito em Filipenses 2.6-7, onde Paulo diz de Cristo: “Que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens”. Cristo, de bom grado, assumiu uma posição diferente durante a sua encarnação, embora em sua essência fosse igual a Deus como o segundo membro da Trindade (cf. João 5.18). Por respeito ao cumprimento do plano supremo de Deus, e com a redenção dos eleitos em vista, ele foi voluntariamente subserviente àquele a quem era igual. O respeito da mulher submissa ao seu marido, então, torna-se uma tremenda imagem concreta das inter-relações existentes entre os membros da Trindade, ou seja, o respeito do Filho pela autoridade do Pai. Este exemplo humano é essencial ao fio condutor das culturas bem sucedidas.
O casamento aponta, então, nesses quatro caminhos tangenciais, para a própria natureza de Deus. Assim, o marido e a mulher cristãos precisam ser obedientes a estes preceitos bíblicos para que “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mateus 5.16). Nisso — ilustrado teologicamente — é revelado por que Deus é a favor do casamento entre um homem e uma mulher: ele serve para revelar Sua natureza e atributos.
III. A UNIDADE DA TRINDADE
A segunda categoria principal de entendimento ilustrada pelo modelo observável de Deus, que é o casamento, é sua unidade dentro da diversidade da Trindade.6 Nesta passagem de Efésios, combinada com o ensinamento de Gálatas 3.28, existe uma tensão no casamento que também existe na Trindade, que é a igualdade dos membros em meio às suas disparidades com relação a papéis e funções. Assim:
PARA QUE O CASAMENTO REFLITA A ESSÊNCIA DE DEUS, É PRECISO PRATICAR UMA DISTINÇÃO DE PAPEL E FUNÇÃO EM MEIO À IGUALDADE ENTRE MARIDO E MULHER
A. IGUALDADE
Gálatas 3.28 diz: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. De acordo com a última parte deste versículo, não há distinção espiritual entre os sexos. Um comentarista especialista em Efésios explica desta forma: “Na dimensão das possessões e privilégios espirituais, não há absolutamente nenhuma diferença”.6 Ambos são “herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3.29). Esta é a conclusão do extenso trabalho exegético feito por S. Lewis Johnson Jr., em “Role Distinctions in the Church: Galatians 3.28. [Papéis Distintos na Igreja: Gálatas 3.28]”. Ele declara:
“A riqueza da unidade, sem qualquer negação dos papéis distintos, é o impulso preeminente do trecho que temos considerado. Justificados pela fé em Cristo, tanto homens como mulheres são ‘filhos de Deus’, ambos estão ‘em Cristo Jesus’ (v. 26), unidos a Ele na união eterna por meio do batismo do Espírito Santo, ambos se revestiram com Cristo (v. 27), e são um nele (v. 28).”
Assim, Deus projetou macho e fêmea, ou no contexto deste estudo, o marido e a mulher para serem iguais diante dele em posição. Esta elaboração é um paralelo exato da unidade que há na Trindade: cada membro possui homogeneidade e similaridade essencial.
B. DIVERSIDADE
A igualdade equitativa dos sexos, como explicado por Paulo em Gálatas 3.28, de forma alguma destrói ou contradiz a diversidade deles afirmada em outros textos, especialmente em Efésios 5.22-33. Aqui seus papéis são claramente diferenciados. Além desta passagem, em diversos outros lugares dos Antigo e Novo Testamentos é comunicada, por inspiração divina, a diferenciação das responsabilidades do marido e da mulher.
O ensinamento de Paulo deriva daquele dado no livro de Gênesis onde, em resumo, Deus descreve o papel do maridocomo o de liderança, e o da mulher, de uma auxiliadora (ver Gênesis 2.18-25). Ray Ortlund Jr. produziu o principal trabalho exegético sobre este tema, juntamente com o dr. Wayne Grudem.7 As Escrituras não só descrevem essas diferenças em termos gerais, mas mais especificamente em termos de responsabilidades inequívocas.
A seguir, algumas dessas diferenças biblicamente definitivas:
Essas diferentes funções do marido e da mulher não se destinam a sugerir uma relação de superioridade/inferioridade no casamento, não mais do que o papel de Cristo na salvação, que difere daqueles do Pai e do Espírito Santo.8 Semelhante à atuação de Deus na salvação, sendo um esforço de equipe em que diversas responsabilidades atribuídas por Deus são assumidas e aceitas por cada membro da Trindade, assim são os papéis no casamento; cada sexo possui propensões projetadas e incutidas por Deus.
Este conceito de especificidade de papel não deve revelar-se novo, difícil ou alarmante ao cristão. Paulo abertamente apresenta esse mesmo princípio de diferenciação de papéis no contexto da unidade da Igreja e sua diversidade de dons espirituais em 1Coríntios 12.12-18:
“Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: ‘Porque não sou mão, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: ‘Porque não sou olho, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a Sua vontade.”
O corpo de Cristo é composto por dons variados e, portanto, várias responsabilidades e papéis segundo o desígnio eterno de Deus — todos com o mesmo valor e necessidade. Por conseguinte, a relação entre maridos e mulheres, na sua unidade essencial e na diversidade de papéis especificados, dá testemunho da natureza triúna de Deus.9
IV. CRISTO E A IGREJA
Por fim, a relação entre maridos e mulheres serve para ilustrar a relação de Cristo e de sua Igreja. Efésios 5.27 afirma: “e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável”. Colossenses 1.22 é uma passagem paralela na indicação e no significado. Em resumo, Deus está preparando uma noiva, que é a Igreja, para Cristo. Considerando que no Antigo Testamento Israel é retratado como a esposa do Senhor (cf. Isaías 54.5 e Oséias 2.19-20), no Novo Testamento a Igreja é vista como a noiva de Cristo, com Cristo como o noivo (cf. Marcos 2.20). Além disso, em sua segunda vinda, Cristo estará unido com sua noiva e aparecerá com ela em seu glorioso e triunfante retorno. Tal esplendor é revelado nas seguintes passagens do livro de Apocalipse:
Apocalipse 19.7: “Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou.”
Apocalipse 21.2: “Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido.”
Apocalipse 21.9: “Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas aproximou-se e me disse: ‘Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro.’”
Aqui há uma metáfora surpreendente do relacionamento marido–mulher:
SE É TEOLOGICAMENTE EVIDENTE QUE CRISTO MORREU POR SUA IGREJA PARA SALVÁ-LA, QUE ESTÁ NO PROCESSO DE SANTIFICÁ-LA E UM DIA IRÁ GLORIFICÁ-LA, ENTÃO ESSES MESMOS ELEMENTOS APARENTEMENTE APARECERIAM NA METÁFORA DO CASAMENTO HUMANO. E REALMENTE APARECEM
Assim, é a responsabilidade do marido, no casamento, apresentar a esposa para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra (Efésios 5.26). Homens, aqui está outra razão pela qual vocês devem participar de estudos bíblicos — porque precisam ensinar a palavra de Deus a sua esposa, a fim de cumprir a sua responsabilidade diante de Deus como marido. Apresentamos a seguir três responsabilidades teologicamente básicas que você tem em relação à sua mulher:
A. SALVAÇÃO
Em Efésios 5.25, Paulo declara:
“Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela…”
Aqui há um paralelo direto contido em uma passagem conectando a metáfora do casamento com a obra redentora de Cristo por Sua Igreja. Embora o marido físico não possa salvar espiritualmente sua esposa física, ele é ordenado, no entanto, a mostrar o mesmo amor sacrificial ao ponto de morrer, de modo a ilustrar o amor supremo de Cristo por Seus escolhidos.
O MARIDO DEVE DEMONSTRAR AMOR POR MEIO DE AÇÕES. PARA ELA, AS PALAVRAS DELE SÃO UM CANAL MUITO MENOS IMPRESSIONANTE DO QUE OS SACRIFÍCIOS VOLUNTÁRIOS QUE ELE FAZ PELO BEM DELA
Quanto mais o marido sacrifica seus próprios desejos pelos de sua esposa, tanto mais ela sentirá o verdadeiro amor dele.
B. SANTIFICAÇÃO
Em Efésios 5.26 a passagem continua a indicar a metáfora de purificação do marido para a esposa em paralelo a Cristoe Sua Igreja. Ele diz:
“Para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra.”
No casamento, o marido deve saber como lidar com o pecado de sua esposa. No livro de Stuart Scott, The Exemplary Husband [O Marido Exemplar], ele gasta um capítulo no tema: A Husband’s Resolve: Helping His Wife Deal with Her Sin10 [A resolução do marido: ajudar sua esposa a lidar com o pecado dela]. As ideias de Scott são motivadas pela gravidade da passagem acima mencionada. Ou seja, é responsabilidade do marido fazer sua esposa crescer espiritualmente. Por quê? Ele modela a santificação: Cristo edificando, purificando e lavando a Sua Igreja. Esta competência de marido exige as habilidades de ser gracioso, paciente, amável e de corrigir (pense nisso em termos de 10-10-10-01 nas respectivas proporções que eu puder adicionar). Além disso, requer a capacidade de discernir o verdadeiro arrependimento e praticar o perdão bíblico. Cada ingrediente é representativo do processo que nosso Senhor realiza com Sua Igreja para santificá–la. Mais uma vez, em termos de santificar a esposa, vemos a maravilhosa ilustração que o casamento exibe em relação à natureza, ao caráter e aos propósitos de Deus no mundo.
C. GLORIFICAÇÃO
Por fim, se o casamento é um paralelo de Cristo e Sua Igreja, é possível pensar que esse modelo de alguma forma também ilustra o casamento futuro dos cristãos com o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, em sua segunda vinda. Na verdade, é isso que a cerimônia de casamento de um homem e uma mulher retrata. É a união, a consumação do namoro há muito esperada, que de modo simbólico personifica o casamento do Cordeiro de Deus com Sua Igreja (veja as passagens já indicadas, listadas em Apocalipse). Embora um tanto anacrônico no mundo material (no casamento humano a fase de glorificação vem antes da santificação), a cerimônia de casamento, no entanto, captura a emoção e a antecipação que os seguidores de Cristo experimentam enquanto aguardam a consumação da era da Igreja e a segunda vinda do Senhor. Finalmente Cristo estará unido com todos os seus escolhidos e reinará triunfante.
V. RESUMO
Essas são as muitas maneiras pelas quais a relação entre marido e mulher modela e descreve as realidades espirituais do Deus do universo, o Deus vivo que se revelou nas Escrituras. O mero fato de que a realidade física do casamento, ao longo dos séculos, tem retratado e apresentado um paralelo do profundo simbolismo atestado nas Escrituras, evidencia a autoria de Deus não só no casamento, mas sua caligrafia em toda a Bíblia. Essas respectivas declarações têm combinado uma com a outra por séculos. E:
COMO ANDA A INSTITUIÇÃO DO CASAMENTO, ASSIM ANDA A CULTURA DE UMA NAÇÃO
Por fim, e o mais importante, visto que Deus se identificou com a sua criação por meio da concepção e da instituição do matrimônio, os verdadeiros cristãos devem ser extremamente motivados a prestar especial atenção ao seu casamento e dar a ele a prioridade e a energia que merece e exige, a fim de melhor proclamar os atributos invisíveis de Deus, seu poder eterno e sua natureza divina a um mundo incrédulo. Isto deve ser especialmente verdadeiro com os legisladores que professam publicamente sua fé em Cristo.
A SAÚDE DO CASAMENTO DE ALGUÉM É UM ATESTADO FUNDAMENTAL PARA SE TER INFLUÊNCIA E EFICÁCIA GERAL E DE LONGO PRAZO
Amado, espero que este estudo lhe dê um motivo diferente, e até mesmo mais forte, para investir atenta, diligente e decisivamente em seu casamento. Há muito mais envolvido nesta instituição divina do que sua satisfação pessoal (por mais importante que isso seja em um mundo caído decepcionante).
Em um sentido cultural, há muito mais ainda em jogo: quando o nosso país de alguma maneira denigre a instituição ordenada por Deus do casamento entre marido e mulher, perde um dos principais meios de Deus de anunciar sua natureza à nossa nação. Esta perda tem sérias repercussões a longo prazo em termos de padronização cultural e direção moral. Neste sentido, espero que você veja claramente por quê:
HÁ MUITO MAIS NO CASAMENTO DO QUE A FELICIDADE PESSOAL!
Há muito mais no casamento — muitas voltas ainda para definir o caminho de Deus para o casamento — do que os prazeres pessoais de alguém. Como legislador, é extremamente importante que você entenda isso.cm
Ralph Drollinger
1 A palavra “andar” é usada por Paulo metaforicamente por toda a Epístola para conceber o processo de santificação dos cristãos, ou de se tornar semelhante a Cristo.
2 Cf. Gênesis 1.26 e Deuteronômio 6.4.
3 A única exceção para a submissão à autoridade é quando uma autoridade pede a alguém que viole os mandamentos claros de Deus.
4 No Novo Testamento grego, agapao significa amor incondicional e é baseado no caráter de alguém, em oposição a um amor responsivo que é determinado em relação a como alguém é tratado.
5 A variação na facilidade ou dificuldade da esposa em submeter-se ao marido depende do amor, ou da falta de amor por parte do marido, e vice-versa. Note-se que estes ingredientes indispensáveis da submissão e do amor no casamento são exemplar e simultaneamente modelados na Trindade.
6 Teologicamente esta é a tensão de sintetizar a Trindade econômica com a Trindade ontológica. Ambas são ensinadas nas Escrituras. A Trindade econômica refere-se a como as pessoas da Trindade se relacionam entre si, e a Trindade ontológica retrata o ser e a existência geral de Deus.
7 Extraído de Piper, John & Grudem, Wayne, Gen. Ed’s Recovering Biblical Manhood & Womanhood: A Response to Evangelical Feminism [Resgatando a masculinidade e a feminilidade bíblica: uma resposta ao feminismo evangélico] (Wheaton: Crossway Books, 1991) p. 160.
8 Ortland, Raymond C. Jr., Male-Female Equality and Male Headship [Igualdade macho-fêmea e liderança masculina], Gênesis 1–3. Extraído de Piper, John & Grudem, Wayne, Gen. Ed’s Recovering Biblical Manhood & Womanhood: A Response to Evangelical Feminism (Wheaton: Crossway Books, 1991), p. 95.
9 A falha de alguém ao aceitar seu papel dado por Deus é primeiramente ilustrada por Satanás. Ele se rebelou contra sua posição criada por Deus de ser um ser angelical (cf. Ezequiel 28.11-19, Isaías 14.12-15, Gênesis 3.1-13). Em essência, a rebelião é o pecado de rejeitar um papel dado por Deus, é querer ser alguém que não seja a pessoa e a posição que Deus criou para ser e cumprir. Rebelião significa achar que sabe mais do que Deus, que é o mesmo que declarar desejar ser Deus. É o pecado do orgulho. Por fim, a rebelião é listada como uma característica de um apóstata em Judas, v. 8-11.
10 Scott, Stuart. The Exemplary Husband (Bemidji, Minnesota: Focus Publishing, 2000), 205.