As Consequências De Uma Nação Rejeitar A Doutrina Do Pecado
Download do Estudo BíblicoA doutrina bíblica do pecado é melhor resumida por Jeremias no livro do Antigo Testamento com o mesmo nome: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). Esta e muitas outras passagens ensinam que o homem está caído e é pecaminoso. Você pode acreditar nisto ou não, mas tenha em mente que a aceitação ou rejeição desta verdade bíblica básica tem repercussões enormes, especialmente no governo de uma nação.
O humanista acredita que o coração do homem é basicamente bom, e raciocina e legisla baseado nessa premissa. Mas a Bíblia diz que o coração necessita de arrependimento e de um Salvador.
Crer ou não na doutrina bíblica do pecado determina em grande parte a visão de mundo de alguém – e impõe as estratégias em busca de soluções. Portanto, crer e compreender melhor a doutrina bíblica do pecado é essencial para a formação de políticas públicas que abençoem a nação.
Este estudo bíblico foi elaborado para ajudá-lo a obter maior clareza sobre este assunto: é preciso começar com esta visão de mundo de arrependimento e apegar-se a ela para governar com sabedoria, de forma agradável a Deus.
Ralph Drollinger
I. INTRODUÇÃO
Nunca é demais enfatizar a necessidade que qualquer autoridade governante tem de compreender o pecado de forma adequada. Não só o ensino das Escrituras sobre este assunto se relaciona especificamente com a vida pessoal, mas é fundamental para a compreensão de alguém cujo trabalho seja elaborar políticas públicas ou promulgar leis. Você consegue pensar de forma clara com respostas bíblicas para as seguintes perguntas?
- Como você explica a dupla natureza do homem?
- O pecado infecta e afeta mais do que apenas a pessoa?
- O pecado contamina e afeta o mundo inteiro?
Estes e outros temas importantes serão abordados neste estudo. Um entendimento bíblico preciso e informado do que a Bíblia diz sobre o pecado irá ajudá-lo de muitas maneiras. É fundamental para sua visão de mundo e é a solução adequada para problemas nacionais e internacionais.
DIAGNOSTICAR INCORRETAMENTE UMA DOENÇA É FRACASSAR EM CURÁ-LA
Novamente, este estudo específico enfoca o que a Bíblia ensina sobre a depravação total do homem, a doutrina do pecado. Visto que há muitas passagens sobre esse assunto em toda a Bíblia, gostaria de focar em certos aspectos que considero mais relevantes, não apenas em sua vida pessoal como funcionário público, mas para seu pensamento e formação em matéria de política pública: como a compreensão bíblica adequada de certos aspectos do pecado deve informar e influenciar o seu pensamento? Este estudo é essencial para sua habilidade de formar uma cosmovisão cristã.
Primeiro, iremos explorar uma definição precisa e bíblica do pecado e então seguiremos para como alguém deve entender melhor sua origem e transferência. Depois de estabelecermos estas premissas fundamentais da doutrina, vamos rapidamente atentar para a avaliação da sua natureza manifesta no mundo – de uma compreensão individual de pecado para uma compreensão corporativa nacional de pecado. Fique comigo, e esse processo será mais fácil do que você imagina.
II. DEFINIÇÃO DE PECADO
Ao discutir sobre o que a Bíblia ensina sobre o pecado – e o fato de que vivemos em um mundo caído – uma compreensão exata do que isso significa e não significa é criticamente importante.
Eu gosto da definição de pecado do teólogo conservador Grudem: “o pecado é qualquer falha em conformar-se com a lei moral de Deus em ato, atitude ou natureza” (Systematic Theology, p. 490). O sermão do monte repetidamente deixa claro que o pecado é mais do que a não conformidade externa com os padrões morais de Deus, porque também envolve as atitudes da pessoa. Por exemplo, em Mateus 5:22 a raiva é considerada pecaminosa, assim como a luxúria (Mateus 5:28). Além disso, visto que “éramos por natureza merecedores da ira” (Efésios 2:3), Deus imputa uma nova natureza ao cristão no momento da salvação e espera que ele viva de acordo com sua nova natureza (cf. 2Coríntios 5:17; 2Pedro 1:4). A palavra grega para pecado (hamartia) significa “errar o alvo.”
Pecado é mais do que egocentrismo. Lembro-me de um dos meus amigos de montanhismo, na barraca ao lado da minha, no meio da noite (a 5,500 metros de altitude, durante uma tempestade de vento enorme que durou três dias seguidos) pedindo-me para ajudá-lo a memorizar alguns textos bíblicos. Meio adormecido, e com a respiração difícil, meu primeiro pensamento foi: “que egoísmo da parte dele!” Sim, ele estava sendo egoísta, mas estava expressando uma boa forma de egoísmo. Na verdade, esse interesse próprio é aprovado nas Escrituras. Assim, egoísmo não é uma boa definição de pecado. Quando se está buscando crescer em sua santificação ou “esmurrar o (seu) corpo e fazer dele o (seu) escravo” (1Coríntios 9:27), a pessoa está (empiricamente falando) abrigando e atuando com desejos egoístas. Mas Deus, sinceramente, aprova isso. Esses são bons desejos egoístas. Por outro lado, a devoção altruísta de uma pessoa a uma falsa religião não agradará a Deus, muito menos atingirá o padrão de santidade de Deus. Assim, egoísmo não é uma boa definição da palavra pecado.
Pecado precisa ser definido como Deus o define em sua Palavra. Eis outra maneira de dizer isso: qualquer coisa não característica dos atributos comunicáveis de Deus que estão presentes em um indivíduo é pecado – é perder a marca de seus atos perfeitos, atitudes e natureza em tudo e qualquer coisa em todos os momentos. Não é de admirar, então, que Paulo afirma em Romanos 3:23: “Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus.”
III. A ORIGEM DO PECADO
O pecado estava presente no mundo angelical antes da criação e da queda do homem. Isto é evidenciado pelo fato de que Satanás e seus demônios se rebelaram e foram expulsos do céu (cf. Isaías 14:12; Ezequiel 28:11-19; Lucas 10:18) antes da criação e da queda do homem em Gênesis 1 e 3, respectivamente. O pecado então entrou no mundo criado por meio da desobediência de Adão e Eva no jardim (Gênesis 3:1-19). Eva confiou em si mesma e, em seguida, Adão confiou em si mesmo mais do que Deus tinha ordenado especificamente a eles – os dois acharam que sabiam mais do que Deus – em essência, colocando-se acima dele e seus caminhos (Gênesis 3:5) e rebeldemente assumindo seu lugar de soberania e autoridade.
IV. A MANIFESTAÇÃO DO PECADO NO INDIVÍDUO
A Bíblia é clara ao dizer que o pecado de Adão se espalhou por toda a humanidade no sentido individual. Novamente, Paulo afirma em Romanos 3:23: “Pois todos pecaram…” O salmista diz: “Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer” (Salmos 14:3), e Salomão acrescenta: “Todavia, não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque” (Eclesiastes 7:20). Isto é porque o pecado é herdado de Adão. Paulo explica em Romanos 5:12:
“Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram.”
Mais tarde ele acrescenta, no verso 18, falando de Adão e Jesus, respectivamente:
“Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens.”
Em Romanos 5:19 ele acrescenta em referência à obra de Cristo no Calvário:
“Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos.”
A melhor maneira de pensar sobre isso é que Adão, no jardim, representou a totalidade da raça humana quando foi testado. Injusto? Deus é Deus e este foi o sistema que Ele escolheu.
SE ALGUÉM RACIOCINA QUE A IMPUTAÇÃO DO PECADO DE ADÃO É INJUSTA, ENTÃO É PRECISO RACIOCINAR QUE A IMPUTAÇÃO DA JUSTIÇA DE CRISTO TAMBÉM É INJUSTA
As Escrituras ensinam a imputação de ambos: a primeira por nascimento e a última, pela fé. Observe ambas nas seguintes passagens: Davi resume melhor a existência de pecado individual inerente e representacional em Salmos 51:5:
“Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe.”
João, em seu Evangelho, ensina a última (João 1:12):
“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.”
Além disso, cada parte do ser individual foi contaminada e afetada pelo pecado. Por isso, a humanidade possui uma natureza pecaminosa inerente, o homem tem uma predileção para o pecado e o pratica. Criado à imagem de Deus, o que explica a sua bondade, o homem é, no entanto, caído, explicando assim a sua natureza antitética de uma forma diferente do que qualquer outra filosofia pode fazer ou faz.
SÓ A IMAGO DEI E A IMPUTAÇÃO SIMULTÂNEA EXPLICAM MELHOR A NATUREZA DE DUELO ENCONTRADA NA EXISTÊNCIA DO HOMEM DESDE A QUEDA AO LONGO DAS ERAS
A queda afetou mais do que a alma do homem; além disso, contaminou todo o mundo. Isto é crucialmente importante: A autoridade governante deve possuir uma compreensão funcional não só da teologia do pecado individual, mas da teologia do pecado corporativo.
V. A MANIFESTAÇÃO DO PECADO NO MUNDO
Muitas passagens falam da manifestação do pecado no mundo, afirmando que o mundo inteiro está caído, em contraste com a definição de pecado como apenas indivíduos caídos que nele habitam. No entanto, muitos teólogos conservadores param no pecado individual e não desenvolvem o conceito de pecado corporativo. E o conceito bíblico de pecado corporativo é uma área especialmente importante para a compreensão dos líderes políticos e sua formação política. De acordo com Romanos 13:1-8 e 1Pedro 2:13-14, o governo existe em grande parte para reprimir o pecado e o mal.
Igualmente importante, então, para o efeito do pecado em uma base pessoal, é o seu efeito sobre o mundo inteiro. O teólogo conservador Millard Erickson explica melhor:
“A Bíblia ensina que o mal tem um status além e independente de qualquer vontade humana individual, uma subsistência própria… Ocasionalmente, referimo-nos a esta realidade como ‘o Mundo’ (kosmos).” – Erickson, Christian Theology , p. 660
O teólogo Sasse acrescenta que a palavra grega Kosmos é muitas vezes usada nas Escrituras em justaposição ao Reino de Deus… Ou seja, o mundo é usado pelos escritores da Bíblia para descrever a própria personificação do mal (cf. Hermann Sasse kosmosTheological Dictionary of the New Testament, vol. 3, p. 868).
A. A PASSAGEM FUNDAMENTAL
Esta ideia abrangente de que o pecado se manifesta não apenas em nível individual, mas também corporativo, tem por base o início da queda e seus resultados imediatos. Observe a resposta de Deus em Gênesis 3:17b-19a:
“Maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo. Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra…”
A queda de Adão e Eva amaldiçoou não só a eles, mas a toda a terra também. Você já se perguntou por que nada é fácil na vida? É difícil ganhar a vida. É difícil comer direito. É difícil ficar em forma! É difícil manter o governo na linha! Tudo serve para ilustrar Gênesis 3. Até a volta de Cristo, a humanidade existe em um mundo caído – tanto em um sentido individual quanto corporativo. Ainda uma vez, esta compreensão e distinção hamartiológica são criticamente importantes para aqueles que atuam no governo. A segunda lei da termodinâmica – entropia – passou a existir com a queda do ser humano; tudo está constantemente se movendo para a desordem, não para a perfeição. O que significa:
A ESTÁTUA HUMANISTA DE DAVI É UM EQUÍVOCO IDEOLÓGICO ARTÍSTICO
Os textos bíblicos a seguir ensinam o caráter corporativo do pecado através da palavra mundo.
B. AS PASSAGENS FUNCIONAIS
Desenvolvendo ainda mais a doutrina do pecado, a partir de Gênesis 3 até o Novo Testamento, este conceito da queda universal do Antigo Testamento é ilustrado (em parte) por estes textos.
- João 7:7
“O mundo não pode odiá-los, mas a mim odeia porque dou testemunho de que o que ele faz é mau.”
- João 15:18-19
“Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia.”
- João 17:14
“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou.”
- 1Coríntios 1:21
“Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação.”
- João 17:25
“Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste.”
- João 1:10-11
“Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.”
- Colossenses 2:8
“Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.”
- João 8:23
“Mas Ele continuou: ‘Vocês são daqui de baixo; eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo’.”
- João 18:36
“Disse Jesus: ‘O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui’.”
- Tiago 1:27
“A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.”
- 1João 2:15-17
“Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”
12.1João 5:4-5
“O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus.”
Erickson afirma o seguinte sobre o uso bíblico da palavra mundo:
“O MUNDO REPRESENTA UMA FORÇA ORGANIZADA, UM PODER OU ORDEM QUE FUNCIONA COMO UMA CONTRAPOSIÇÃO AO REINO DE DEUS”
Isto está claro em todas essas passagens. Fica claro em um estudo do uso da palavra mundo como o pecado contaminou e afetou tanto os indivíduos quanto a terra como um todo.
VI. APLICAÇÃO
A. À PESSOA
1João 1.9 declara aos cristãos: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” O cristão precisa caminhar com uma consciência clara, mantendo seu saldo de pecados atuais em Cristo. Ou seja, não se pode andar no poder e no controle do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, sufocar continuamente sua obra santificadora. Sempre que o Espírito Santo condena a sua consciência, você precisa confessar seu delito imediatamente, a fim de permanecer preenchido e capacitado. Fazer o contrário é provocar um curto-circuito no poder dele que habita em nós. Mantenha seu pecado em rédeas curtas; continue a extingui-lo de sua vida e, assim, maximize o seu potencial intencionado por Deus em seu cargo público e em todo o resto. É normativo para o cristão ser vitorioso sobre o pecado em sua vida pessoal.
B. À PROFISSÃO
É extremamente importante para o funcionário público ver o mundo através das lentes das Escrituras: que o homem é caído e que o governo é instituído por Deus para reprimir o mal no mundo. O governo é, então, uma manifestação da graça restritiva de Deus em um mundo caído.
Ver o mundo como sendo basicamente bom – recorro às minhas habilidades argumentativas para que outros cheguem à conclusão de fazer o que é certo quando convencidos intelectualmente – é ser ingênuo, imprudente e, no mínimo, ver o mundoatravés de óculos cor de rosa. A agitação na França, na Síria, em Israel, na Ucrânia, na Líbia, nas fronteiras e em tantos outros lugares ao redor do mundo serve apenas para ilustrar a premissa deste estudo bíblico: se governos fortes não tiverem a intenção de reprimir o mal, a natureza caída e pecaminosa do homem estará cada vez mais em ascensão. Os governos e seus líderes devem enviar uma mensagem constante de que o pecado será punido. Quando ouço de líderes do governo que tentam arrazoar com terroristas que acreditam que sua divindade os comanda para nos matar, me lembro do provérbio de Mark Twain sobre a tentativa de ensinar um porco a cantar: desperdiça o tempo e irrita o porco.
Que esta seja uma convicção e compreensão básica em relação à sua função designada por Deus como um líder no governo; que suas convicções sejam baseadas em uma compreensão biblicamente sólida do pecado. Que a ingenuidade humanística chegue ao fim também no Congresso.
VII. CONCLUSÃO
Não se enganem: uma nação dirigida pela ideologia do humanismo secular só levará a um mundo cada vez mais caótico: o homem é totalmente depravado em sua natureza, não totalmente bom. Ao passo que uma nação dirigida por líderes que entendem a doutrina bíblica do pecado levará a um mundo cada vez mais pacífico. Isto está claro na Bíblia e na história.cm