Deus está Julgando as Nações Hoje?
Download do Estudo BíblicoAlguns evangélicos de destaque acreditam e ensinam que os Estados Unidos estão experimentando o julgamento de Deus. Se esse for o caso, como parlamentar que está se sacrificando tanto na tentativa de transformar a nação, seria razoável dizer que você está perdendo seu tempo – se esses líderes evangélicos estiverem certos. Você está trabalhando contra um desfecho que já está pré-determinado? Acredito que não. Mas deixe-me explicar por que não acredito que os Estados Unidos foram abandonados por Deus, mas sim, que os americanos estão experimentando a consequência da ira de Deus.
Mostrarei então o que quero dizer com isso, usando expressões teológicas com as quais você deve ter familiaridade. Continue lendo, meu amigo.
I. INTRODUÇÃO
Antes de examinar passagens pertinentes em resposta à pergunta “Deus está julgando as nações hoje?”, é importante entender primeiro o atributo de Deus do julgamento e as formas bíblicas em que se manifesta. A questão pode então ser direcionada a quais formas de julgamento se aplicam às nações.
II. ENTENDENDO O JUÍZO DE DEUS
A Escritura está repleta da proclamação de que Deus é caracterizado por santidade, retidão e perfeição (cf. Salmos 93.5; 7.17; 19.7, resp.), citando seus atributos especificamente relacionados ao tema deste estudo. Qualquer violação dessas qualidades exige julgamento de forma semelhante à convocação de um tribunal humano. A satisfação da justiça violada de Deus é descrita como seu julgamento ou a manifestação de sua ira (cf. Deuteronômio 9.7). Baseado na queda do homem, aponta Salmos 7.11: “Deus é um juiz justo, um Deus que manifesta cada dia o seu furor”. Efésios 5.6 afirma: “Pois é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência”.
No entanto, o juízo de Deus é equilibrado — e muitas vezes aplacado — por seu atributo de misericórdia. Romanos 9.15, que é uma citação do Antigo Testamento nesse sentido, afirma: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão”. Essa é a questão: Em um sentido cronológico, quando a justiça eterna de Deus não é mais eclipsada por sua misericórdia eterna – isto é, seu atributo de misericórdia foi utilizado –, seu julgamento ou ira são necessariamente manifestos.
Já que Deus é justo e o pecado deve e será pago, a ira – a justiça de Deus revelada contra o pecado – é uma consequência inevitável.
Tenha em mente que o estudo dos atributos de Deus, a compreensão de suas formas de julgamento e a aplicação do mesmo a uma ou várias nações são questões teológicas complexas que, para se ter uma melhor compreensão, exigem um espaço que não dispomos. Então, eu serei obrigado a abreviar muito o que poderia ser dito.
Então falarei primeiro sobre o juízo de Deus, que pode ser classificado de forma resumida em cinco áreas repetidamente mencionadas na Bíblia.
III. AS CINCO FORMAS DO JULGAMENTO DE DEUS
The last two forms of God’s wrath on the above sidebar are what I’d like to examine in specificity this week, and carefully evaluate in terms of a more thorough biblical under- standing of each of these two specific forms of God’s wrath, in regards to answering the posed question, “Is God Judging America Today?” In contrast to the need for an in- creased biblical understanding of the above two, is cataclysmic wrath: It is not in need of biblical analysis to ascertain if it is readily apparent in the world today or not.1
IV. OS CINCO IDENTIFICADORES DA IRA DO ABANDONO
Os teólogos também se referem a esse julgamento de Deus como ira do desamparo. Observe em Romanos 1.18-32 as cinco características que vêm à tona quando Deus se afasta e permite que uma pessoa ou grupo de pessoas vá no caminho de seus desejos ímpios. Isto é, Deus já não restringe a natureza caída do homem como costuma fazer.
Encontramos um retrato vívido desse tipo de ira em Oseias 4.17, quando Deus entrega pessoas a si mesmas: “Efraim está ligado a ídolos; deixem-no só!”. Efraim era a maior das 10 tribos do norte de Israel. Você pode pensar que o profeta Oseias, que estava falando em nome de Deus, os chamaria ao arrependimento. Mas ele não o fez. Nisto está o abandono de Deus — que é o que Ele faz quando os pecadores estão determinados a perseguir o que lhes parece certo(Juízes 17.6). Outra ilustração do Antigo Testamento está em Salmos 81.11-12, onde Deus fala por meio do salmista:
“Mas o meu povo não quis ouvir-me; Israel não quis obedecer-me. Por isso os entreguei ao seu coração obstinado, para seguirem os seus próprios planos.”
Uma terceira ilustração (agora do Novo Testamento) além do capítulo 1 de Romanos,2 que se segue, é quando Deus Pai colocou os pecados do mundo sobre os ombros de Seu Filho, para ser um substituto dos pecadores. Ao permanecer separado do pecado, Deus Pai, em essência, abandonou Seu Filho na Cruz. Jesus respondeu em conformidade: “Por que me abandonaste?” (Marcos 15.34; cf. 2 Coríntios 5.21).
Considerando essas ilustrações semelhantes, em Romanos 1.18 temos o tema principal da passagem de Romanos 1 apresentada a seguir: “Portanto, a ira de Deus é revelada”. Observe mais especificamente a frase repetida três vezes no final do capítulo: “Ele os entregou…”. Ela fornece a estrutura para o esboço, pois serve para identificar, evidenciar e ilustrar quando a ira do abandono está presente.
A. EGOS QUE SUPRIMEM A VERDADE (ROMANOS 1.18-22)
A primeira característica que o apóstolo Paulo lista não é precedida pela frase “Ele os entregou…”. No entanto, ela faz parte do perfil.
“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.”
A primeira evidência da presença da ira do abandono de Deus é que as pessoas suprimem (katecho), significando “reter”, o que sabem ser verdade. Sempre fico espantado quando alguém diz “Eu não acredito em Deus” ou “Eu não acredito na Bíblia”. Tento me conter de forma amorosa, mas no íntimo, penso: “Eles não estão mentindo, de acordo com esta passagem?”. Não é que os não regenerados não saibam que há um Deus e não conheçam a Palavra – eles suprimem essas verdades (cf. Romanos 2.15). Há uma grande diferença! No Antigo Testamento, Davi declarou: “Diz [mente] o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’” (Salmos 14.1). A razão simples para esta supressão é resumida por Jesus no Novo Testamento: “Os homens amaram as trevas, e não a luz” (João 3.19).
Mais adiante encontramos “Os seus pensamentos [dialogismo] tornaram-se fúteis” (v. 21) . Uma melhor tradução da palavra “pensamentos” talvez seja “argumentação ou raciocínio”.3 A estrutura grega da sentença aqui traz a ideia da vaidade que resulta do raciocínio ímpio. Assim: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (moraine – v. 22). Não é difícil descobrir o significado da transliteração de palavra moraino no inglês: idiota (moron). Em resumo, a ira do abandono é evidenciada quando uma pessoa ou pessoas suprimem a verdade, significando que seu engajamento subsequente termina em diálogo e raciocínio fúteis. Tais comunicações são tolas, ou aproximadamente equivalentes a um nível intelectual de uma pessoa de 7 a 12 anos.4 Uma ilustração atual disto seriam os membros do Congresso que admitem que nunca viram os vídeos que expuseram as atrocidades de Planned Parenthood (Paternidade Planejada), mas, em seguida, declaram em outra entrevista que todos os vídeos foram fabricados. Essa é a lógica fútil, uma ilustração clara da supressão da verdade no ego de alguém.
B. UMA TROCA PELO AMBIENTALISMO (ROMANOS 1.23-25)
“… e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.”
O homem foi criado à imagem de Deus, enquanto o restante da ordem criada, não (Gênesis 1.26). Portanto, a humanidade é distinta, especial e superior ao se relacionar com tudo o que Deus fez. Fica explícito a partir de Gênesis 1.26 que a humanidade não é igual ou submissa a tudo o que Deus criou; ao contrário, ela tem preeminência sobre a criação e o meio ambiente. Devidamente entendido, Deus nomeou o homem para ser seu mordomo sobre a terra.
Uma clara indicação da ira de Deus sendo aplicada é quando os “entregues a si mesmos” adoram “a coisas e seres criados, em lugar do Criador”.
C. DESEJOS VOLTADOS À HOMOSSEXUALIDADE (ROMANOS 1.26-27)
“Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.”
Um indicativo da ira de Deus abandonando as pessoas aos seus próprios desejos é a propensão para o lesbianismo e a homossexualidade.
D. UMA GARANTIA DE PERVERSIDADE (ROMANOS 1.28-31)
“Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis.”
Nesta porção da passagem, a Escritura indica que o resultado direto garantido é uma “disposição mental reprovável”. Quando a restrição está ausente, é a isso que Deus entrega as pessoas. Observe que o texto ensina que as coisas que não deviam praticar são provenientes e resultado de mentes depravadas (adokimos) ou com disposição mental reprovável, significando “que não passaram no teste”. Adokimos era um termo usado para referência a metais que não suportavam o teste devido a impurezas. Num exame detalhado, faltava-lhes força interna ou integridade. Visto que esses metais eram rejeitados, adokimos passou a significar algo que é inútil e sem valor.
Entretanto, não significa que essas mentes depravadas não soubessem a coisa certa a fazer. Mais adiante, no capítulo 2 de Romanos, o Espírito Santo reafirma os princípios do primeiro ponto apresentado aqui: “Pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os” (Romanos 2.15). Homens e mulheres inerentemente sabem a diferença entre o certo e o errado. Uma boa compreensão da lógica desta passagem e do significado de depravação se resumem neste pensamento: A mente que considera Deus inútil, torna-se inútil em si. É debochada, enganosa e merece apenas a ira de Deus.
E. A APROVAÇÃO DE OUTROS (ROMANOS 1.32)
“Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam.”
Esta é a última das cinco características. Quando Deus retira suas restrições, aqueles que praticam as coisas anteriormente citadas aprovam outras pessoas que fazem o mesmo: “Mas também aprovam aqueles que as praticam”.
Essas cinco características dão aos congressistas cristãos maduro na fé em Cristo uma visão clara e discernimento para identificar sabiamente a presença desse tipo de ira sendo aplicada na vida daqueles que os rodeiam.
V. IDENTIFICANDO A IRA DA CONSEQUÊNCIA
Entendemos melhor a ira da consequência por meio da ideia paralela descrita comumente como lei da semeadura (colhemos o que semeamos). Gálatas 6.7 afirma: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá”. Um exemplo que serve para ilustrar, dentre muitos, é o de uma pessoa ou nação que semeia dívida e que colherá no devido tempo os resultados da crise financeira. Sempre que um indivíduo ou grupo corporativo viola os preceitos invioláveis da Palavra de Deus, sofrerá as respectivas consequências. Os Estados Unidos estão enfrentando este tipo de juízo de Deus.
Vamos recuar agora e responder à pergunta feita, se as nações estão experimentando a ira do abandono de Deus. Ao contrário da facilidade em responder sobre a existência da ira da consequência, verificar a possibilidade de Deus ter entregado uma nação a si mesma exige análise bíblica muito mais complexa.
Assim, o que apresento a seguir são seis razões pelas quais eu, pessoalmente, não acredito que os Estados Unidos, como entidade nacional, está atualmente sujeita à ira do abandono.
VI. SEIS RAZÕES BÍBLICAS POR QUE AS NAÇÕES NÃO ESTÃO EXPERIMENTANDO A IRA DO ABANDONO DE DEUS
A. ROMANOS 1 NÃO É ENDEREÇADA A NAÇÕES
Como visto anteriormente, Paulo adverte sobre o julgamento de Deus (Romanos 1.18-32), declarando que aqueles que persistem em pecado serão entregues a sua tirania, e que Deus abandonará e removerá sua graça restritiva se não se arrependerem. Mas observe que não há nenhuma menção a nações no texto bíblico. Alguns evangélicos de destaque sugerem que este capítulo se refere a nações e ao julgamento que receberão nesta era. Isso, entretanto, é atribuir ao texto um significado que ele não tem.
Romanos 1 aborda o tema do abandono divino, mas não diz nada sobre Deus abandonando as nações. Paulo só advertiu sobre o julgamento decorrente que os incrédulos (“eles, eles mesmos” são pronomes plurais) teriam de sofrer durante sua vida na terra. Vinte e um pronomes plurais são usados nesses versículos e todos se referem a indivíduos. Romanos 1.18 diz especificamente que a ira de Deus está sendo dirigida aos homens — não diz nada sobre entidades nacionais. Paulo fala das mentes fúteis e dos corações insensatos dos homens no versículo 21, descrições apenas aplicáveis, contextualmente, aos indivíduos. O capítulo 2 continua a abordar os indivíduos também (2.5-6,9).
Resumindo, é evidente que Deus julga os incrédulos por meio da ira do abandono durante a Era da Igreja. No entanto, Romanos 1 não deve ser usado para sugerir que Deus julga nações rebeldes por esta forma de ira. Esta passagem não oferece apoio bíblico para justificar essa posição.
B. A PRIORIDADE DE DEUS É JULGAR A IGREJA, NÃO O ESTADO
Pedro declara em 1Pedro 4.17 que, durante a Era da Igreja, o julgamento de Deus tem como propósito primordial o amadurecimento dos cristãos.
“Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?”
A manifestação atual do julgamento de Deus começará “primeiro conosco”, antes de ser direcionado àqueles “que não obedecem ao evangelho de Deus”. “Começar” (archastai) é cronológico em natureza, embora também implique um sentido de importância e prioridade.5 Assim, Pedro está ensinando que, nesta hora ou era, o julgamento de Deus se concentrará na casa de Deus, ou seja, na Sua Igreja.6 As intenções de Deus são purificar seus escolhidos e apresentá-los ao seu Filho antes que julgue os indivíduos (cf. Apocalipse 20.11-15: O grande julgamento do trono branco), em uma época futura após a Era da Igreja. Mais uma vez, não há nenhuma menção da intenção de Deus de julgar as nações. A percepção de 1Pedro 4.17 e muitas outras passagens indicam que Deus tem planos eternos para a igreja: a longevidade, o destino e a importância do estado diminuem em comparação.
Não há também passagens bíblicas afirmando que as nações estão sendo julgadas por Deus nesta época em que vivemos. Deus julgou as nações no passado (a antiga aliança) e voltará a fazê-lo no futuro (durante o período de tribulação descrito em Apocalipse).
C. A SANTIFICAÇÃO DA IGREJA É O FOCO DE DEUS
Intimamente relacionado com o ponto anterior, Deus está preparando a igreja para ser a noiva de Cristo por toda a eternidade. O estado, porém, tem pouco a ver com o reino eterno de Deus e acabará no futuro (cf. Atos 17.26). Sobretudo, Deus designou as nações e seus governos como instrumentos da sua graça restritiva em um mundo caído (cf. Gênesis 11.6 e 1Pedro 2.14). Quando Cristo retornar para reinar, esses instrumentos não serão mais necessários. O entendimento apropriado e extraído das Escrituras é que a igreja é eterna e o estado temporal. Considere 2Coríntios 11.2 e observe essa ênfase:
“O zelo que tenho por vocês é um zelo que vem de Deus. Eu os prometi a um único marido, Cristo, querendo apresentá-los a ele como uma virgem pura.”
Nesta metáfora do casamento, Paulo desejava ver os cristãos de Corinto crescerem em maturidade. Ele queria vê-los tornar-se uma noiva pura e apresentável a Cristo. O mesmo desejo para a igreja pode ser visto em Efésios 5.27:
“.. e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável.”
Colossenses 1.28 (citado anteriormente) nos oferece uma visão sobre a razão de Paulo para o ensino e é condizente com as passagens acima mencionadas: “A fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”. Além disso, Efésios 1.4 explica a grande visão de Deus sobre a escolha dos cristãos: Para que eles sejam “santos e irrepreensíveis em sua presença”.
Essas passagens enfatizam o grande propósito de Deus: A santificação da igreja. Mais uma vez, a razão é purificar a noiva para Cristo. O livro de Apocalipse prenuncia o dia em que esta purificação será completa. Em Apocalipse 19.7 uma multidão de vozes proclama, com louvor, exclamando:
“Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou.”
Todas essas passagens selecionadas (poucas de muitas) revelam o esplendor e a majestade do foco e do propósito abrangente de Deus durante a Era da Igreja. Em contraste:
NA ERA DO NOVO TESTAMENTO A INSTITUIÇÃO DO ESTADO NÃO É ENTREGUE A SI MESMA, COMO RESULTADO DA IRA (ABANDONO) DE DEUS
Atos 17.26 é uma das poucas passagens do Novo Testamento sobre este tema. Ela afirma que Deus “… fez […] todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.”
Esta passagem não faz menção da ira do abandono. As nações e os governos são entidades temporais servindo os propósitos eternos de Deus, mas por um tempo limitado, todos sob seu olhar soberano, conforme Ele julga adequado. Muitas vezes na história o propósito de Deus para as nações tem sido julgar e, dessa maneira, amadurecer a igreja por meio da perseguição. Então, a não ser pela importância das passagens do Novo Testamento, as nações são periféricas e a igreja é central durante a presente era.
D. ESTUDOS EXAUSTIVOS DE PALAVRAS DO NOVO TESTAMENTO NÃO APOIAM O JULGAMENTO DE DEUS SOBRE AS NAÇÕES HOJE
Novamente, Deus julgou as nações sob a antiga aliança e fará isso novamente em sua segunda vinda, e não há nenhuma indicação no Novo Testamento de que Ele julga as nações atualmente durante a Era da Igreja.7 Além disso, as referências do Antigo Testamento a futuros julgamentos nacionais referem-se ainda ao futuro, não a esta era, em parte porque a igreja era um mistério naquele tempo (cf. Efésios 3.6). Isso significa que os juízos futuros mencionados no Antigo Testamento não podem se aplicar à atual Era da Igreja, uma vez que os santos do Antigo Testamento não a viram. Para ilustrar, as profecias de Joel 3.2 e Zacarias 12.1-9 dizem respeito a julgamentos nacionais que acontecerão durante o Armagedom (cf. Apocalipse 16.16 e 19.11-12,15), no futuro. Apocalipse 19.15 diz que após a segunda vinda, Jesus “... ferirá as nações. Ele as governará com cetro de ferro”. Considere agora o apoio lexical exaustivo do Novo Testamento:
- A palavra grega para juiz
Juiz (krino), ou termo derivado, é usado 182 vezes no Novo Testamento. Em nenhum caso este grupo de palavras se refere a julgar as nações na Era da Igreja.8
- A palavra grega para nações
“Nações” (ethnos) nunca é usada no Novo Testamento no contexto do julgamento. Há 168 ocorrências, o que é particularmente interessante e esclarecedor.
- A palavra grega para arrependimento
“Arrependimento” (metanoia) nunca é usada para falar de nações. Em outras palavras, nenhuma nação durante a Era da Igreja é chamada ao arrependimento – ao passo que os indivíduos, sim.9
E. O NOVO TESTAMENTO NÃO AMEAÇA JUÍZO COMO CONSEQUÊNCIA DOS PECADOS NACIONAIS
E se Deus julga as nações durante a Era da Igreja, por que os escritores do Novo Testamento não mencionam isso? Específica e ilustrativamente, não teria sido apropriado se Cristo tivesse alertado Pilatos, ou Paulo a César, de um julgamento nacional iminente? Se eles avisaram esses líderes políticos, é estranho que nada do tipo tenha sido registrado pelo Espírito Santo, que inspirou os autores das Escrituras.
Além disso, Paulo usou muito pouco ou quase nada de tinta na ponta de sua pena para discutir sobre a moralidade do Império Romano. Se Deus julga as nações hoje em dia, seria razoável supor que ele teria implorado ao Império para reverter direções, se de fato o julgamento divino estivesse às portas. Os relatos durante o seu aprisionamento na casa de César (cf. Filipenses) são nulos de moralismos a César, mas ricos em termos de evangelização (cf. 4.22). Mesmo ao escrever para Filemom (no livro de Filemom), um dono de escravos, Paulo nunca disse nada sobre os males da escravidão nacional; ele não dá dicas de que isso provocaria o julgamento de Deus sobre Roma. Não haveria um aviso sobre isso? O Novo Testamento é desprovido de casos em que Cristo ou os apóstolos ameaçaram líderes políticos com o martelo do juízo nacional de Deus. Eles não modelaram um ministério de condenação nacional e nem sugerem que os outros cristãos depois deles o façam.
De forma contundente, João Batista repreendeu a pessoa de Herodes, não a nação de Roma (cf. Marcos 6.17-18). Esta percepção deve provar-se sóbria, informativa e instrutiva para os congressistas cristãos.
F. APOCALIPSE 2–3 REFERE-SE À IGREJA E NÃO AO ESTADO10
O livro de Apocalipse demonstra a preocupação de Deus com a igreja. Sete igrejas são mencionadas nos capítulos 2 e 3. Às que estavam em falta, Cristo ameaçou remover a sua lâmpada, a menos que se arrependessem. Mais uma vez, o foco está em purificar a igreja.
Curiosamente, esses capítulos não fazem nenhuma menção aos pecados de qualquer cidade ou estado em particular. Se Deus está decidido a julgar as nações durante a Era da Igreja, seria de se esperar advertências (semelhante à Sodoma e Gomorra) para o arrependimento. Não há nenhum aviso dado às cidades das sete igrejas.
Esta, então, é uma evidência adicional de que Deus está mais preocupado em preparar a noiva eterna impecável do que em julgar nações temporais.
VII. CONCLUSÃO
Os Estados Unidos não são como Sodoma e Gomorra, no sentido de que não se encontrava ali nenhum fiel (cf. Gênesis 18.22-33). Na verdade, pelo contrário, os Estados Unidos hoje são povoados por dezenas de milhões de seguidores fiéis de Cristo.
Muitos são aqueles que falam com eloquência: “Se Deus não julgar os Estados Unidos, então Ele deve a Sodoma e Gomorra um pedido de desculpas!”. Mas tal pensamento não leva em conta o que se passou entre Abraão e Deus, em Gênesis 18.22-33, antes do julgamento de Sodoma e Gomorra. Pelo contrário, creio que este seja um resumo mais biblicamente preciso:
SE ABRAÃO FOSSE INTERCEDER A DEUS PELOS EUA, ELE TERIA MAIS SUCESSO DO QUE QUANDO SUPLICOU POR SODOMA E GOMORRA
De fato, os Estados Unidos de hoje em dia não são caracterizados em larga escala por pessoas infiéis aos preceitos de Deus. Ao contrário, há apenas uma pequena minoria de indivíduos que são desobedientes de forma gritante a Deus, a quem os cinco indicadores de Romanos 1 se aplicam. Infelizmente para a grande maioria cristã nos Estados Unidos, muitos dos infiéis foram autorizados pelos fiéis a obter altos cargos de influência em nossa cultura: Posições elevadas no governo, no sistema educacional, nos meios de comunicação e na indústria de entretenimento. Isso é trágico, infeliz e oneroso.
INDIVÍDUOS QUE FORAM ENTREGUES A SI MESMOS PELA IRA DE DEUS SÃO EM GRANDE PARTE RESPONSÁVEIS PELAS CONSEQUÊNCIAS DA IRA DE DEUS EM NOSSA NAÇÃO
Amados, isso precisa mudar – e é algo que podemos fazer com a ajuda de Deus. Tem sido um grande encorajamento para mim, ao ministrar no Capitólio, testemunhar a onda de indivíduos fiéis que foram eleitos para assumir cargos públicos. Se os meus cálculos estão corretos, e acredito que estão, há mais cristãos no Congresso agora do que em qualquer outro momento na história americana moderna! E eles estão começando a chegar a um ponto sem retorno.
Acho que dias maravilhosos nos aguardam, à medida que mais e mais evangélicos aumentem sua influência, trabalhando tão arduamente para nos livrar das consequências da ira que estamos sofrendo como nação, devido em grande parte aos desvios dos que foram entregues a si mesmos pela repreensão de Deus. Provérbios 29.2 é um resumo apropriado:
“Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme.”
Como disse inicialmente, este estudo não é, de maneira alguma, um argumento bíblico exaustivo sobre o assunto. É razoável acreditar que Deus está julgando os Estados Unidos derramando sua ira, em consequência dos pecados, mas pelas razões que foram citadas não existe uma base bíblica para concluir que qualquer nação hoje, incluindo a nossa, esteja sendo entregue à própria sorte, experimentando a ira do abandono: Embora os cinco identificadores de Romanos 1 pareçam descrever a cultura atual e alguns dos indivíduos nela contidos.
Isso deve encorajar muito aqueles que servem e lideram no governo hoje: há esperança! Não é como se, em suas tentativas de reconstruir a nação, você estivesse indo contra a vontade de Deus – no sentido de que está suportando o sofrimento e Ele não está se importando. Amado, a bola ainda está na quadra. Não vamos desanimar ao fazer o bem. Receba um novo ânimo com as palavras de 2Coríntios 4.16: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia”. Que trabalhemos com afinco em nosso próprio amadurecimento espiritual, ajudemos na conversão dos perdidos que atualmente ocupam cargos públicos e continuemos a eleger novos cristãos maduros, com o objetivo de semear políticas piedosas que manifestarão a bênção consequente de Deus para todos os anos futuros!cm
1 Se Deus é soberano sobre os assuntos da humanidade hoje, e as Escrituras afirmam que Ele é, e um evento cataclísmico ocorre em algum lugar ou sobre toda a terra em qualquer momento da história bíblica, pode-se e deve-se atribuir esse evento cataclísmico à ira de Deus de alguma forma e em algum grau. Assim, o coronavírus poderia ser uma forma da ira cataclísmica de Deus. Mas, dito isso, não acho que devemos rotular o coronavírus como uma forma de ira cataclísmica de Deus, como a ira que Ele manifestou no AT com o Dilúvio, Sodoma e Gomorra, ou a abertura do Mar Vermelho porque para essa forma da ira de Deus não existe cura humana – e acho que em breve veremos uma cura humana para o coronavírus.
2 Não estou desprezando a mensurabilidade da padronização histórica das catástrofes de uma nação como um indicador da ira, porém, tal discussão está fora do escopo deste estudo bíblico.
3 Bibleworks 5.0.
4 Merriam e Webster, ao definir o que é um retardado (ou idiota), afirmam que eles têm a equivalência mental de alguém de 7 a 12 anos de idade.
5 Hans Bietenhard, “archastai” no The New International Dictionary of New Testament Theology, vol. 1, gen. ed. Colin Brown (Grand Rapids, Mich.: Zondervan Publishing House, 1975), p. 165.
6 Literalmente, no grego, “da casa de Deus”. Este é um sinônimo comum usado em todo o Novo Testamento para a igreja (cf. Gálatas 6.10, Efésios 2.19; 1Timóteo 3.15; Hebreus 3.6).
7 Alguns vão discordar, neste caso, argumentando que se a igreja de hoje é a Israel de ontem, então o que Deus disse e fez por meio de Israel no Antigo Testamento é aplicável e transferível para a igreja hoje. Não acredito, entretanto, que a igreja seja hoje a mesma entidade bíblica que Israel no Antigo Testamento. Creio essa posição extremamente difícil de manter, não só exegética, mas pragmaticamente. Não posso me imaginar tentando defender tudo o que era verdadeiro acerca de Israel (incluindo o fato de que era uma teocracia, o apedrejamento de homossexuais, etc.) no Capitólio americano hoje em dia. Esta visão também abre portas para a teologia do domínio, Teonomia, em termos de uma escatologia pós-milenar: Ou seja, não acredito que os cristãos são chamados a fazer da nação uma teocracia cristianizada.
8 A declaração de Estêvão sobre o julgamento das Nações, em Atos 7.7, é uma citação do Antigo Testamento. Ele estava recitando a história de Israel. Em vários casos Jesus fala de julgar cidades como Corazim ou Betsaida (cf. Mateus 11.21-24 e Lucas 10.13-14). O assunto principal em cada passagem, entretanto, é ilustrar o futuro juízo do grande trono branco. Cada um prenuncia o futuro julgamento do grande do trono branco (cf. Apocalipse 20.11-15), que é explicitamente dirigido a indivíduos, e não a nações. Este juízo ocorrerá após a Era da Igreja.
9 Quando Jesus, em Lucas 24.47, chamou os discípulos para proclamar o arrependimento às nações, fica claro a partir da passagem paralela e do contexto de Mateus 28.18-20 que as nações se referem a todos os indivíduos dentro de uma nação.
10 Qualquer um pode notar a analogia das Escrituras aqui: Apocalipse 2 e 3 são textos ilustrativos de 1Pedro 4.17.