Entendendo Todos os Descritores Bíblicos da Salvação
Download do Estudo BíblicoA principal finalidade do livro de Romanos é comunicar as peculiaridades em relação à nossa salvação. Essas verdades e as palavras que Paulo usa para descrevê-las – como justificação, propiciação, expiação e reconciliação – são importantes para uma compreensão plena da salvação. Elas também são profundamente esclarecedoras quando bem esmiuçadas. Hebreus 2.3 coloca desta forma: “Tão grande salvação”!
Mostraremos, então, os detalhes explícitos relacionados à garantia de que você está em paz com Deus. A carta aos Romanos oferece um esboço preciso e progressivo dos parâmetros de Deus em relação a como alguém pode ser salvo.
Por último, este estudo é nada menos do que uma aula de teologia; a maioria das pessoas hoje em nossa sociedade de subcultura não está lendo ou estudando teologia. Desafio você a desenvolver um interesse inquisitivo por esse tema.
Continue lendo, meu amigo…
I. INTRODUÇÃO
Talvez, a melhor maneira de obter a visão mais profunda do que a Bíblia transmite em relação à salvação seja por meio de uma metáfora. Imagine ao longo deste estudo que você é um legislador que foi condenado por transgredir as mesmas leis de trânsito que elaborou e promulgou — leis que por assim dizer estavam “gravadas em seu coração”. Esta perspectiva exemplifica o que Paulo diz em Romanos 1.19-20, inspirado pelo Espírito Santo, em relação à condição perigosa do homem diante de Deus:
“… Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou… de forma que tais homens são indesculpáveis.”
As leis de Deus estão escritas no coração de todas as pessoas — então, em certo sentido, nenhum de nós pode alegar ignorância quanto ao que se segue. Já é difícil para qualquer cidadão convencer um agente de trânsito da sua inocência fazendo uso da ingenuidade — imagine especialmente se o oficial descobrisse, à medida que vocês conversavam pela janela abaixada do carro, que você elaborou aquela lei, a mesma lei que está tentando negar! É muito difícil se fazer de bobo num cenário desses. No sentido muito mais amplo em que se nega o conhecimento da revelação de Deus, Ele sempre pode responder de volta pela janela de sua mente: “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles”. Esta é uma boa imagem (embrionária para o que vem a seguir) para manter em sua mente enquanto estudamos todos os descritores bíblicos da salvação. Mas antes de esmiuçar cada uma dessas importantes palavras, precisamos primeiro preparar o cenário.
II. A CONDIÇÃO DESESPERADORA DO HOMEM
Por causa da natureza pecaminosa do ser humano, herdada por meio de Adão na queda (veja Gênesis, capítulo 3), Paulo conclui respectivamente em Romanos 3.23: “Pois todos pecaram (pretérito perfeito) e estão destituídos (presente) da glória de Deus”. Romanos 5.12 elabora mais sobre esta herança:
“Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram.”
As duas passagens a seguir reforçam a ideia da natureza endêmica do pecado do homem: “Pois não há ninguém que não peque”(1Reis 8.46) e “Todavia, não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem e nunca peque” (Eclesiastes 7.20). Na verdade, a natureza pecaminosa do homem é tão infecciosa e espiritualmente debilitante que Paulo exclama em Romanos 3.11:
“Não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.”
A condição do homem é tão desesperadamente ímpia que ele não pode cogitar uma saída e encontrar Deus: A Escritura ensina que é realmente Deus que se inclina – faz a busca – e salva o homem. Em João 15.16 Jesus precisa e inequivocamente comunica esta verdade:
“Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome.”
Efésios 1.4-5 reitera:
“Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade.”
A Escritura é clara a respeito desta verdade, não só no que diz nas passagens já apresentadas, mas também pelas muitas ilustrações da natureza depravada do homem. A Bíblia está repleta de exemplos que mostram a depravação do homem e que ele não consegue, a partir de seu estado espiritual morto, encontrar ou cogitar o caminho para Deus. A Bíblia ensina repetida e claramente que:
A PARTIR DO MOMENTO DA CONCEPÇÃO (SALMOS 51.5)
O HOMEM ESTÁ ESPIRITUALMENTE MORTO EM SEU PECADO (EFÉSIOS 2.1-3)
E COMO RESULTADO ELE ESTÁ ALIENADO NÃO SÓ DE DEUS (LUCAS 15.18)
MAS TAMBÉM DAS OUTRAS PESSOAS (1CORÍNTIOS 8.12)
E ATÉ MESMO DE SI MESMO (HABACUQUE 2.10)
O homem está espiritualmente morto e fragmentado em seu pecado e precisa da salvação de Deus a fim de ser feito inteiro. Então, não é nenhuma surpresa que as várias palavras gregas do Novo Testamento para pecado signifiquem “errar o alvo, ficar aquém da marca”. Pecado é qualquer falta pessoal de conformidade com o caráter moral e o desejo de Deus. Em outras palavras, é a rebelião — passiva ou ativa — em relação ao que sabemos no nosso coração que é o certo.
Mais concisamente, o pecado em sua raiz é a “deificação de si mesmo e a destronação de Deus”.1 Nós pecamos porque a nossa própria natureza é a de pecado imputado, cujas consequências são declaradas em Romanos 6.23: “Pois o salário do pecado é a morte…” Tudo o que foi dito anteriormente é profundamente importante para a doutrina bíblica da salvação e básico para a visão de mundo cristã. O homem está espiritualmente perdido e desesperado. Só Deus pode salvá-lo.
III. A BOA NOTÍCIA
Apesar de todos sermos pecadores, Romanos 5.8-10 revela a tremenda graça e misericórdia de Deus para nos salvar de nossa morte e separação espiritual por meio da obra de Jesus Cristo, que pagou a pena pelo pecado do homem:
“Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores. Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele! Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!”
Esta é a magnífica notícia do Evangelho: Quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. Este ato de salvação é descrito por muitas palavras específicas nas Escrituras e formam os profundos componentes da doutrina bíblica da salvação, formalmente conhecida como Soteriologia. Soterios é o verbo grego que significa “salvar”. O estudo destas palavras irá abençoá-lo de uma forma especial, à medida que você aprender sobre tudo o que Deus fez pelo cristão, em seu favor.
A ESCRITURA OFERECE À HUMANIDADE MUITAS PALAVRAS FORTES E VÍVIDAS QUE DESCREVEM AINDA MELHOR TÃO GRANDE SALVAÇÃO
Apresentamos a seguir as definições — os descritores bíblicos — de cada uma delas.
IV. SUBSTITUIÇÃO
Mateus 20.28 afirma (veja também o texto correlato em Marcos 10.45):
“Como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
Essas passagens indicam, no grego bíblico clássico, que a vida de Cristo foi em essência uma substituição ou, como indicado no texto, um resgate (lutron), significando “em vez de” ou “no lugar de”. Em outras palavras, Cristo deu a vida — em nosso lugar — para pagar a pena do nosso pecado. Esta é a ideia de substituição e, como veremos, com o propósito de fazer expiação por nós.
Mas antes de desdobrarmos a ideia salvífica de expiação, em nossa ilustração a ideia de substituição é semelhante ao legislador um tempo depois, de pé diante do juiz. Depois de sentenciá-lo com uma pena, o juiz tira a toga, desce da cadeira e paga ao oficial de justiça o montante necessário. O próprio Jesus Cristo foi o pagamento substitutivo de Deus – o resgate, se preferir – dado em nosso lugar pelo nosso pecado.
V. EXPIAÇÃO
Em Colossenses 1.19-20 Paulo fala sobre a forma como Deus tomou a iniciativa de fazer as pazes com o homem pecador:
“Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.”
Deus providenciou e exigiu o sangue, que é a real essência e representação da vida como o meio de expiação do pecado. A vida de Jesus, retratada pela essência da própria vida, o sangue, é o que expia o pecado do homem. Expiação significa “cobrir”, “lavar”. Assim, Cristo, a segunda pessoa da Trindade, ou seja, a plenitude do Pai habitando nele, é tanto a vítima sacrificial de substituição (de acordo com o descritor anterior), como a oferta de sacrifícios, a própria expiação. Cristo expiou (“extinguiu a culpa incorrida por”) nosso pecado. Ele tomou sua própria iniciativa amorosa para apaziguar a ira contra a natureza rebelde e pecaminosa do homem.
No que se refere à nossa ilustração, Deus é o juiz que pessoalmente pagou o preço e lavou toda a culpa associada às infrações do legislador. Cristo pagou tudo em nosso nome! É o próprio juiz amoroso que cobre as descobertas de seu próprio tribunal! Considere desta forma: O juiz rasgou o seu próprio mandado! Paulo ainda diz o que Jesus fez em Colossenses 1.22:
“Para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação.”
Resumindo, Deus enviou seu Filho como uma expiação substitutiva pelo nosso pecado.
VI. PROPICIAÇÃO
Leon Morris, em seu livro clássico, A pregação apostólica da cruz, afirma em relação à propiciação: “É a combinação do profundo amor de Deus pelo pecador com sua reação intransigente contra o pecado que gera o que a Bíblia chama de propiciação”.2 Propiciação (hilasmos) é “evitar a ira por meio de uma transação ou sacrifício apropriado”.3 É a satisfação da justiça violada. Morris diz ainda:
“É O PRÓPRIO DEUS QUEM EM IRA SANTA PRECISA SER PROPICIADO, O PRÓPRIO DEUS QUE EM SANTO AMOR COMPROMETEU-SE A FAZER A PROPICIAÇÃO, E O PRÓPRIO DEUS QUE NA PESSOA DE SEU FILHO MORREU COMO PROPICIAÇÃO PELOS NOSSOS PECADOS”
“Deus tomou sua própria iniciativa amorosa para apaziguar sua ira justa…”4 Propiciação é Deus respondendo com misericórdia, quando nós merecemos a sua ira. Observe 1João 4.10:
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.”
O juiz do tribunal tem todo o direito de punir o legislador por seu delito mas, em vez disso, sua resposta é de misericórdia, satisfazendo pessoalmente a exigência da corte. É como se o próprio juiz anulasse a ação do oficial que está, justificadamente, algemando o legislador. 1João 2.2 coloca desta forma:
“Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo.”
VII. REDENÇÃO
Não só o homem nasceu do pecado e manifestando o pecado, mas as Escrituras também ensinam que ele é escravo do pecado — e necessita desesperadamente ser comprado e liberto de sua escravidão. O termo grego aqui para “redenção” (agorazo) significa “comprar no mercado; para adquirir”. Redenção, então, é uma bela imagem de Cristo comprando minha liberdade da escravidão ao pecado. Agorazo é o ato de Deus “de libertar pelo pagamento de um preço”. A palavra análoga que Paulo escolheu aqui, inspirado pelo Espírito Santo, comunicava a ideia de forma vívida e poderosa no mundo romano decadente acostumado ao mercado de escravos. Além disso, e muito importante em termos de aplicação, fica implícita pelo uso desta palavra e em todo o capítulo 6 do livro dos Romanos, a seguinte ideia:
A PROPRIEDADE DIVINA RESULTOU QUANDO DEUS ME COMPROU DO MERCADO DE ESCRAVOS DO PECADO
O cristão é comprado com um preço e liberto do pecado — sim! — mas como denotado pela escolha de palavras que Paulo fez, ele se torna simultaneamente um escravo de seu novo dono e mestre. Veja a declaração de Morris:
“Os cristãos não são levados por Cristo a uma liberdade de facilidade egoísta. Ao contrário, visto que foram comprados por Deus a um custo terrível, tornaram-se escravos de Deus para fazer sua vontade.”5
Esta visão profunda da minha salvação deve me motivar ao mais alto nível de obediência e intensidade em relação a cada a missão que meu Mestre me dá. O alvo de minha vida agora é agradar o meu Mestre — aquele que pagou um preço enorme para me resgatar do que seria uma existência horrível de escravidão ao pecado. “Como agradecer a Jesus o que fez por mim… Bênçãos sem medida vêm provar o seu amor sem fim… As vozes de um milhão de anjos não poderiam expressar a minha eterna gratidão… Tudo o que sou e o que vier a ser, eu ofereço a Ti!” é a mais apropriada resposta, conforme os versos de Jack Hayford. Paulo afirma e admoesta os cristãos com este mesmo profundo senso de compreensão, identidade, ser e propósito quando escreve sucintamente em 1Coríntios 6.20:
“Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês.”
À medida que o legislador acompanha o juiz saindo do tribunal, sentindo a realidade da libertação de sua escravidão ao pecado, de repente ele sobriamente percebe seu profundo senso de gratidão e consequente obrigação — que dívida ele tem para com o juiz amoroso! Romanos 6.18 ressalta e cristaliza a conclusão inevitável de todos os redimidos:
“Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça.”
Esta profunda visão teológica é vastamente negligenciada pela maioria dos cristãos — que acham que sua salvação é um bilhete para realizações egoístas sem entender o que realmente ela é: Tornar-se um escravo cuja tarefa é ajudar a cumprir a grande comissão. A aquisição e a posse divina devem impactar e governar a direção da sua e da minha vida em termos do que fazemos com o nosso tempo, talentos e tesouros após termos sido salvos.
VIII. RECONCILIAÇÃO
Quando alguém é resgatado, ou comprado e liberto do mercado da escravidão, está simultaneamente sendo reconciliado(katallasso), sendo trazido de volta, realinhado com Deus (como era a posição da humanidade antes da queda, de acordo com Gênesis 3). Ao longo das Escrituras, o homem não salvo é chamado de “inimigo de Deus”, falando da hostilidade latente do homem em relação ao seu Criador que tanto perpetuou como resultou da queda. O clássico sermão pregado por um dos mais importantes pensadores cristãos do mundo de todos os tempos, Jonathan Edwards, Pecadores nas mãos de um Deus irado, é um título adequado e conciso do pronunciamento bíblico. A Bíblia é clara: Há inimizade entre Deus e o homem e uma necessidade de reconciliação.
É interessante notar que no mesmo verso ou perto de todas as principais referências de reconciliação no Novo Testamento, há a menção da ira de Deus. O ponto é: Quando está reconciliado com Deus, você é liberto da ira de Deus e entra na paz de Deus — passa de um lugar para o outro! A reconciliação ocorre quando Deus toma a iniciativa de absolver a alienação — da inimizade para a amizade por meio de sua aquisição substitutiva, propiciatória, redentora, ou seja, o pagamento reconciliador de Cristo na cruz.
Este realinhamento teológico é tão profundo que Paulo mostra em Romanos 5.11 e 5.10 (inverti a ordem dos versos para pontuar o que estou enfatizando) a geração de uma resposta avassaladora no coração do cristão:
“Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”
“Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!”
Você entendeu. Que passagens maravilhosas e profundas! Tendo em conta a nossa ilustração contínua e análoga, o legislador, vendo tudo o que o juiz do tribunal fez por ele, com base em absolutamente nenhum mérito seu, reconhece que foi liberado de suas infrações e da escravidão resultante: Em vez de um castigo justificável para suas infrações — para sua surpresa completa — ele se tornou amigo do juiz, tudo pela mão cativante de graça dele!
O juiz justo está acenando para o legislador segui-lo, enquanto novamente instrui o oficial de paz que segura as algemas para recuar. A sincera gratidão do legislador se traduz em desejos de uma obediência apreciativa e zelosa, à medida que acompanha o gracioso e misericordioso juiz para fora do tribunal. 2Coríntios 5.19 resume a experiência do outrora prisioneiro, agora redimidoe reconciliado:
“Ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens…”
IX. REGENERAÇÃO
Em Tito 3.5-6 Paulo usa a palavra regenerador para descrever a salvação:
“Não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.”
A regeneração é um ato feito instantaneamente e completado por Deus na volição do pecador que o leva a se afastar de seu pecado e a responder com fé ao dom gratuito de salvação oferecido por Cristo. É assim que Deus transmite vida ao que crê. Termos do Novo Testamento como gerou (Tiago 1.18), deu-nos vida (Efésios 2.5) e uma nova criação (2Coríntios 5.17) denotam o que acontece na regeneração. Este é o novo nascimento de que Jesus falou a Nicodemos em João 3.3: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. Em um resumo dos sinônimos, a regeneração é descrita com as seguintes expressões ao longo do Novo Testamento:
A regeneração é uma “vista abrangente do dirigível” se preferir, a somatória dos benefícios da salvação. É a obra distinta de Deus de transformar o coração. É especificamente espiritual, destinada ao homem interior, ao coração, à alma. Em termos de nossa analogia, o significado bíblico de regeneração pode ser equiparado ao juiz garantindo ao legislador uma posição certa, expurgando e para sempre arquivando todas as contravenções e crimes de seu processo. 2Coríntios 5.17 resume esta ideia:
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!”
X. ADOÇÃO
Como se tudo o que foi mencionado anteriormente não fosse suficiente para ilustrar essa tão grande salvação, vamos agora examinar o significado da palavra “adoção”. Adoção (huiothesia) era um costume romano e uma cerimônia legal em que o adotado recebia todos os direitos de um membro natural da família; a palavra significa literalmente “posição de filho”. É dar o lugar e a condição de filho a alguém que não tinha tais direitos. É a concessão judicial de um novo status. Paulo colocou desta forma aos cristãos efésios, em Efésios 1.5:
“Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade.”
Não só o juiz gracioso dá ao legislador a liberdade e remove as coisas passadas de sua ficha, mas também decide dar um passo além: Ele o adota. Inacreditável! Ele leva o legislador para sua casa – concedendo-lhe todos os direitos e privilégios reservados aos outros membros de sua família. Isto é precisamente o que Jesus fez em um sentido espiritual com todos os cristãos. Paulo diz em Romanos 8.15, em relação a essa adoção:
“Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’.”
XI. JUSTIFICAÇÃO
Justificação é o ato legal de Deus pelo qual declara justo o pecador que crê com base na obra substitutiva, propiciatória, redentora, reconciliadora, regeneradora e adotiva de Cristo. É este “ato de Deus pelo qual Ele absolve o cristão no evangelho do veredito divino de condenação e o declara justo.”6 Sobretudo, é mais do que um pronunciamento de inocência, é uma declaração de justiça; o cristão está agora em boa posição com Deus, e Deus o trata em conformidade com isso. Paulo declara em 1Coríntios 6.11:
“Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.”
Em relação à nossa ilustração, é como se o juiz do tribunal fosse em praça pública e proclamasse que o legislador é seu amigo íntimo — e declarasse sua retidão, caráter e credibilidade. Paulo colocou isso em Romanos 3.24:
“Sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.”
XII. SUMÁRIO: A RESPOSTA DO HOMEM
Os descritores bíblicos de salvação supracitados ilustram vividamente o tremendo amor, graça e misericórdia que Deus concede na conversão das almas de indivíduos completamente mortos (cf. Efésios 2.1-10). Na verdade, é uma tão grande salvação(Hebreus 2.3). Estas verdades levantam a questão: Qual deve ser sua resposta à oferta de Deus?
COMO É DECRETADA A REGENERAÇÃO DE DEUS NA VIDA DE ALGUÉM? A SEGUIR, ALGUMAS PASSAGENS DA ESCRITURA QUE NOS ENSINAM O QUE DEUS ESPERA ESPECIFICAMENTE COMO RESPOSTA DO HOMEM
A. ARREPENDIMENTO
Em Lucas 15.7 Jesus afirma:
“Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove [aparentemente] justos que não precisam [erroneamente] arrepender-se.”
Arrependimento significa que você tem uma mudança de intelecto, emoção e vontade. Como na parábola do filho perdido em Lucas 15 (v. 21), a pessoa deve chegar ao fim da deificação de seu eu: “Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho”. O arrependimento, então, é um atitude repleta de humildade e contrição e impossível de ser obtido a menos que Deus o dê a alguém. 2Timóteo 2.25 afirma muito claramente:
“… Na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade.”
O arrependimento, então, também é dádiva de Deus. Quando Deus concede arrependimento, os benefícios são insuperáveis nesta vida. No sermão de Pedro registrado em Atos, ele afirma: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, para que venham tempos de descanso da parte do Senhor” (Atos 3.19). Lucas 13.3-5 declara a mesma verdade de maneira oposta, dizendo que aqueles que não se arrependerem não serão salvos:
“Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão.”
B. FÉ
Em Hebreus 11.6 o autor aponta:
“Sem fé, é impossível agradar a Deus.”
“Visto que o arrependimento, dar as costas ao pecado, é um dos lados da moeda de conversão, assim também a fé, agarrar-se às promessas e à obra de Cristo, é o outro lado.”7 A fé, então, é o compromisso total de alguém com Cristo. É a aceitação volitiva da graciosa oferta de Deus; é a afirmação do coração humano para com a obra de Deus anteriormente descrita. A fé é o meio pelo qual nos apropriamos de Cristo e de sua obra.
A FÉ EM SI MESMA NÃO REDIME, MAS É O CANAL PELO QUAL DEUS ME CONCEDE O DOM DE GRAÇA E ME SALVA
Acompanhe o que estou dizendo: O fato acima é a razão por que não dou importância ao rótulo “comunidade da fé”. Apesar de educado e politicamente correto, é um rótulo muito amplo e enganoso. Ele tende a gerar a ideia de que todas as pessoas de féestão bem com Deus. Mas é possível ter fé a partir de uma compreensão errada — ou sem a compreensão de todos os descritores bíblicos de verdadeira fé salvadora, como foi esclarecido neste estudo. Esta distinção da graça de Deus sendo o que me salva por meio de minha fé fica clara pela explicação de Paulo em Efésios 2.8:
“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus.”
Somos salvos pela graça de Deus. Esta graça é concedida por meio da fé somente no Autor da Escritura, que nela revelou os elementos convincentes da salvação para que crêssemos.
C. CONVERSÃO
Em Atos 26.20 Paulo explica ao rei Agripa sobre a salvação:
“… dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento.”
Conversão significa “virar-se, mudar de direção”, “mudar a mente e o comportamento”. Nesta passagem, Paulo está mostrando que a verdadeira salvação é sempre caracterizada por uma mudança de direção. Não se é realmente salvo se não houver nenhum desejo de virar as costas a um viver pecaminoso. A Escritura explica a conversão tanto em termos da responsabilidade do homem de virar, ou converter-se, quanto de Deus mudando ou convertendo o homem. Em relação a este último, Pedro declarou em Atos 3.26:
“Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para abençoá-los, convertendo cada um de vocês das suas maldades.”
E quanto à responsabilidade do homem de converter-se, Isaías 55.6-7 diz:
“Busquem o Senhor enquanto se pode achá-lo; clamem por ele enquanto está perto. Que o ímpio abandone seu caminho, e o homem mau, os seus pensamentos. Volte-se ele para o Senhor, que terá misericórdia dele; volte-se para o nosso Deus, pois ele perdoará de bom grado.”
Assim, a conversão é tanto obra de Deus quanto ato do homem e tem implicações tremendas:
“A conversão leva a uma fundamental mudança de toda a vida. Ela ganha nova perspectiva e objetivo… envolve a transformação completa da existência sob a influência do Espírito Santo.”8
A conversão é uma virada do intelecto, emoção e vontade em direção a Deus. Em 1Tessalonicenses 1.9 Paulo chama a conversãode “voltar-se para Deus”:
“Como se voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro.”
D. SENHORIO
Paulo declara à igreja em Roma a necessidade de entender em quem especificamente está sendo depositada a sua fé, ou a quem você está se convertendo. Romanos 10.9 diz:
“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo.”
A palavra grega traduzida como Senhor (kurios) significa “Mestre, Rei ou Chefe” e é usada 747 vezes no Novo Testamento.
QUANDO ALGUÉM VAI ATÉ JESUS PARA A SALVAÇÃO, DEVE IR AO JESUS DESCRITO NA ESCRITURA A FIM DE SER SALVO. O JESUS DA ESCRITURA É O SENHOR
Ninguém é salvo a menos que creia no Senhor Jesus Cristo. Tal como acontece com o arrependimento, a fé e a conversão, todas essas palavras trazem em si a ideia de que você deve abandonar o controle de sua vida e render-se ao senhorio de Cristo; é a rendição de sua própria vontade para fazer a vontade Dele. Semelhante à compreensão anterior da adoção, Jesus Cristo se torna seu novo Chefe, e você se torna o grato escravo dele! Se você não levar a sério esta realidade ao contemplar a salvação, então pode estar se contentando com uma “fé fácil”: Receber um Jesus de sua própria invenção, ou do seu próprio gosto. O resultado seria iludir-se, pensando que aceitou a Jesus — e que está salvo — quando na realidade não está. Você recebeu um Jesus de sua própria definição, e não o definido nas Escrituras e na história. É a sua autoridade que define quem Jesus é, ou é a autoridade de Jesus que define quem Ele é? Em 2Coríntios 11.4 Paulo estava preocupado com a igreja de Corinto em relação a esta mesma questão: Que tivessem recebido outro Jesus que Ele não tinha pregado.
UM CORAÇÃO ARREPENDIDO QUE DESEJA ALEGREMENTE UM NOVO SENHOR É A CARACTERÍSTICA DE CONVERSÃO VERDADEIRA E REAL DA ALMA
Os verdadeiramente convertidos de bom grado querem tornar a agenda de Cristo a sua agenda! Aqueles que acreditam em outroJesus são sempre caracterizados por uma falta de obediência aos comandos de Jesus; eles se agarram à sua própria maneira de fazer as coisas. Então, um sinal revelador da conversão verdadeira ou falsa é o senhorio. Jesus afirmou em Marcos 8.34-35 que esta mesma condição sincera conota a verdadeira fé salvadora:
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará.”
E. VIR A CRISTO
João e Paulo foram muito claros em João 1.12 e Efésios 1.13, respectivamente, em relação à necessidade de se implorar pela salvação de Deus com um coração contrito:
“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.”
“Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa.”
Observe a condição para ser selado no Espírito Santo: Crer ou receber a palavra da verdade, o evangelho da salvação. Implorar a Deus pode e deve ser feito em oração a Ele. Faça a seguinte oração agora, se ela representa o desejo do seu coração:
“Senhor Jesus, confesso que sou um pecador que necessita de um novo Chefe. Eu me arrependo de ser o deus da minha própria vida e imploro que me salves. Recebo a ti em minha vida como meu Senhor e Salvador. Eu preciso da capacitação do teu Espírito Santo para me converter na pessoa que Tu queres que eu seja. Obrigado por ouvir minha oração e entrar na minha vida.”
Tendo estudado esses descritores e a resposta bíblica a eles, minha oração é: Se você ainda não convidou Jesus a entrar em seu coração, que a sua contemplação prove ser semelhante à do rei Agripa, depois de Paulo argumentar com ele em Atos 26.28:
“Então, Agripa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão.” – ARA
Confio que Deus usará este estudo para falar ao seu coração de uma forma profunda sobre a salvação que só é encontrada em Jesus Cristo. Amém!cm
1 Horne, Salvation p. 91
2 Ibid, p. 210
3 Dicionário Baker de Teologia
4 Stott, John. The Cross of Christ [A Cruz de Cristo], p. 175
5 Morris, p. 54
6 Barackman, Practical Christian Theology
7 Erickson, Christian Theology
8 NIDNTT 1:355