Liberalismo Teológico na América
Download do Estudo BíblicoAqui em Washington estamos todos bem informados sobre o fato de que a América está em uma encruzilhada financeira. Os gráficos que projetam a enorme dívida e a insolvência econômica nacional não são apenas precisos, mas no mínimo perturbadora e assustadoramente alarmantes. E todos nós sabemos que o principal causador dessa crise são os “sagrados” programas sociais. As políticas de benefícios sociais dos Estados Unidos estão agora se empoleirando em massa na porta do Tesouro Nacional. Diante dessa crise, que conselhos sábios podemos extrair da Palavra de Deus e que podem nos ajudar a resolver o problema? Que Deus use nesse estudo bíblico.
I. INTRODUÇÃO
Sem dúvida, os motivos para a elaboração de uma rede nacional de seguridade social algumas décadas atrás foram sinceros e bem-intencionados. O legislador sábio e perspicaz, porém, deve primeiro se perguntar se tal pragmatismo pode ser justificado biblicamente. Existe uma base bíblica para a instituição do governo criar esses grandes programas sociais? O que a Bíblia diz em relação à extensão da responsabilidade governamental pelo bem-estar de seus cidadãos?
Em 1Timóteo 5 e em outras passagens do Novo Testamento (cf. Atos 6.1-6, Romanos 15.25-26, Gálatas 2.10, 2Tessalonicenses 3.6-12, Tiago 1.27, 1João 3.17), a Bíblia é explicitamente clara sobre de quem é a responsabilidade de formar uma rede de seguridade para os membros da sociedade: Há uma ordem de prioridade ou hierarquia de responsabilidades revelada nas Escrituras.
A responsabilidade de cuidar dos pobres e desprovidos da sociedade em primeiro lugar reside na instituição do matrimônio. O projeto de Deus para o marido é que ele sustente a sua própria casa (cf. 1Timóteo 5.8). Se por qualquer motivo ele for incapaz, a responsabilidade pela provisão, secundariamente, recai sobre os filhos e/ou netos dentro da instituição da família. Isto também fica claro a partir da leitura atenta de 1Timóteo 5. O terceiro nível de responsabilidade no cuidado com os pobres e desfavorecidos reside na instituição da igreja, o que também fica claro a partir de 1Timóteo 5.
Além disso, é muito interessante que em nenhum lugar nas Escrituras a instituição do estado é vista como responsável socialmente pelas necessidades dos menos afortunados. Nenhuma passagem do Novo Testamento apresenta uma ordem explícita para a instituição do estado assumir tal função. Um dos principais expoentes da teologia sistemática conservadora dos Estados Unidos, Wayne Grudem, afirma em sua pesquisa sobre todas as passagens bíblicas pertinentes a este assunto (em: Politics According to the Bible [Política de Acordo com a Bíblia, Grand Rapids: Zondervan, 2010], p. 283): “Estou surpreso ao descobrir que poucas pessoas parecem perceber que esses versículos não dizem nada sobre o governo civil resolver a pobreza dos cidadãos individuais!”.
Resumindo, aqui está o padrão biblicamente revelado por Deus para a rede de seguridade mais eficaz, eficiente e sustentável para a sociedade. Devo acrescentar, de forma breve e objetiva, que as Escrituras não proíbem o governo de ajudar diretamente os pobres, mas quanto mais qualquer uma das cinco instituições ordenadas por Deus se afastar de suas responsabilidades escrituralmente explícitas, tanto mais essa instituição se tornará ineficiente e cada vez mais incapaz de cumprir as suas responsabilidades explícitas por Deus.
Na conclusão deste estudo vou listar cinco formas baseadas na Bíblia em que o governo civil (além dos programas sociais) deve ajudar agressivamente o seu povo (embora indiretamente) a vencer a pobreza.
ESPERAMOS QUE, À LUZ DO FATO DE QUE A AMÉRICA ESTÁ NO MEIO DE UM TSUNAMI DE DÍVIDA NACIONAL, ENCONTREMOS UM APRENDIZADO: O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE OS PROGRAMAS SOCIAIS?
Não se engane. Não seja teologicamente ingênuo! As políticas de direitos sociais que levaram os Estados Unidos à falência decorrem da má teologia disseminada anteriormente: A má teologia do liberalismo teológico. Parece que poucas pessoas hoje tendem a fazer a conexão entre o pensamento político e sua influência teológica, histórica subjacente. A visão que a pessoa tem de Deus tende a determinar sua visão de mundo. Assim, a guerra ideológica dentro da cultura americana hoje não pode ser completamente compreendida sem primeiro compreender a teologia subjacente a ela.
No que se refere à mentalidade de direitos sociais de muitos líderes políticos liberais hoje, a influência teológica fundacional é a do evangelho social. O evangelho social, “cristianismo liberal” ou “liberalismo teológico” tornou-se enraizado na cultura americana há mais de um século como resultado da controvérsia modernista-fundamentalista, uma batalha teológica épica na igreja protestante americana (que depois será mais comentada). A ideologia política liberal americana está enraizada nesta mentalidade teológica modernista muito mais do que ser emprestada de uma outra ideologia política similar, isto é, do socialismo ou comunismo. Isso quer dizer que o liberalismo político nasceu em nossas próprias salas de aula da escola dominical, muito mais do que ter sido importado do exterior.
O QUE ACONTECEU TEOLOGICAMENTE NO PASSADO CONTINUA A TER HOJE UM TREMENDO EFEITO POLITICAMENTE
Há uma conexão definitiva e contínua entre os dois. Esta batalha teológica de 100 anos atrás moldou para sempre as diferenças entre as duas principais arenas do pensamento político americano. Com o risco de soar partidário, é preciso dizer: hoje, no Congresso, a grande maioria dos políticos conservadores que citam o nome de Cristo não são afetados pela teologia do evangelho social, enquanto a grande maioria dos políticos liberais que citam o nome de Cristo são influenciados pela teologia liberal protestante, também conhecida como o movimento do evangelho social. Entre os 535 membros do Congresso e do Senado, posso contar nos dedos as exceções a este axioma. O evangelho social e o que historicamente defendeu é a sementeira da agenda política liberal de hoje – e a base de programas sociais de direito historicamente fomentados pelo governo americano.
Uma vez que esta é uma influência tão importante e permanente, é lógico que é imprescindível que os parlamentares conheçam bem o evangelho social e entendam por que se trata de tão má teologia. Usando a expressão “má teologia”, quero dizer que é uma perversão, ou uma corrupção do que a Bíblia realmente ensina. O evangelho social não é de modo algum baseado na Bíblia, nem justificável.
O movimento do evangelho social que se infiltrou e capturou muitos dos principais seminários de denominação protestante e, posteriormente, seus púlpitos, resultou da confluência de cinco teologias aberrantes. Obtendo vantagem desta convergência estão quatro indivíduos notáveis.
Mas primeiro:
É IMPORTANTE RESSALTAR QUE, QUANDO POSTO À PROVA NAS ESCRITURAS, O EVANGELHO SOCIAL NÃO É O CRISTIANISMO BÍBLICO
Os evangelistas sociais são aqueles que se afastaram da teologia disseminada que resultou da Reforma. E foi a teologia histórica da Reforma Protestante fundamental à formação cultural americana.
Antes de seguir em frente, é importante identificar os termos e como foram usados na história teológica da América: antes da invasão e investida do protestantismo liberal, era comum referir-se ao protestantismo americano como fundamentalismo americano. Essa era a única vertente, a vertente peculiar do protestantismo; não havia nenhuma forma concorrente de protestantismo. Com isso em mente, observe a citação de um grande teólogo liberal na época em que sua vertente surgiu. É bastante revelador e prejudicial para sua causa revisionista teológica:
“É um erro, muitas vezes cometido por pessoas cultas mas que na verdade têm muito pouco conhecimento de teologia histórica, supor que o fundamentalismo seja uma nova e estranha forma de pensamento. Não é nada disso, é a… sobrevivência de uma teologia que outrora era universalmente adotada por todos os cristãos… O fundamentalista pode estar errado, e eu acho que ele está. Mas fomos nós que nos afastamos da tradição, não ele, e eu lamento pelo destino de qualquer um que tenta argumentar com um fundamentalista com base na autoridade. A Bíblia e o corpus theologicumda igreja estão do lado fundamentalista” (The Religion of Yesterday and Tomorrow [A Religião de Ontem e Amanhã], p. 61-62, Kirsopp Lake).
Se Kirsopp Lake estiver certo em sua análise, e acredito que ele está, a ideologia política liberal, de fato, deriva da teologia protestante liberal. Então a ideologia política liberal também (especificamente os programas de direito) tem uma base faltando – ou seja, não tem qualquer base de autoridade bíblica.
II. AS CONFLUÊNCIAS FORMATIVAS DA TEOLOGIA DO EVANGELHO SOCIAL
Apresentamos agora um resumo das principais ideias (pelo bem da concisão – este estudo já está bem longo) que lançaram as bases para o movimento do evangelho social. Tenha em mente que os políticos que aderiram ao seu pensamento foram os que criaram os programas sociais nacionais de direito. Mais uma vez, o movimento do modernismo (sinônimo de liberalismo teológico) aprisionou muitos seminários, denominações, igrejas, membros de igreja e políticos fundamentalistas. E foram os políticos modernistas que promulgaram os programas sociais de direito que agora ameaçam a futura solvência financeira da nossa nação.
Devo acrescentar que, embora a teologia liberal esteja viva e indo bem aqui no Congresso – ela está morrendo na comunidade local. Por quê? Uma vez que ela julga o evangelismo desnecessário, poucos são os novos adeptos nos bancos das igrejas. Muitas igrejas liberais estão se fundindo, leiloando propriedades para sobreviver, à medida que suas congregações encolhem, chegando até à extinção. Há poucos jovens protestantes liberais nos Estados Unidos atualmente.
Em resumo, no que diz respeito aos programas sociais que estão destruindo o Tesouro Nacional, de fato foi essa má teologia que fundamentou essa péssima política.
As cinco influências heréticas descritas a seguir enfraqueceram drasticamente a voz da igreja americana. O evangelho social conseguiu invadir, chocou ovos letais, que hoje infectaram e ameaçam destruir um gigante outrora imponente.
A. RAZÃO E RACIONALISMO
A Harvard Divinity School foi outrora um estandarte da teologia conservadora reformada. Pouco tempo depois de Henry Ware ter sido eleito seu presidente, em 1805, ele negou a doutrina bíblica da Trindade e se tornou um unitarista. Na mesma época, um pastor de influência nacional, William Ellery Channing, que era ministro da Igreja Federal Street, em Boston, também abandonou a compreensão ortodoxa trinitária puritana da expiação e adotou o Unitarismo (os unitaristas não só rejeitam a Trindade, mas defendem a ampla liberdade e a tolerância nas crenças religiosas). Curiosamente, essas rupturas teológicas dentro do evangelicalismo fundamental caminharam lado a lado com o crescimento do transcendentalismo (a crença de que o conhecimento da realidade é derivado de fontes intuitivas, em vez da verdade proposicional objetiva) no mundo secular. O transcendentalismo foi alimentado em parte pelas crenças de Ralph Waldo Emerson. Na década de 1830 surgiu foi uma visão palpavelmente aumentada da preeminência da razão humana (acima da fonte objetiva da verdade extraída da Palavra de Deus) tanto na igreja como no mundo secular. Em ambos, a razão do homem superava a revelação de Deus. (Dr. “Achismo” acima de “Assim diz o Senhor”.) A questão central aqui era: A razão humana, mais do que as Escrituras, estava se tornando a autoridade para toda a fé e prática, incluindo o pensamento político.
B. UNIVERSALISMO
“Se a vontade de Deus é que todos sejam salvos, então todos serão salvos”, resume este sistema de crenças. Tal pressuposição equivocada, em oposição às Escrituras, tem enormes implicações. Originários de Londres por volta de 1779, os universalistas dos Estados Unidos realizaram sua primeira convenção na Filadélfia, em 1790. Isso ajudou a preparar o caminho para a New Haven Theologia (Teologia do Novo Refúgio) de Nathaniel Taylor, que negava a imputação do pecado adâmico, com uma visão governamental da expiação (a crença de que Deus poderia simplesmente perdoar o pecado de todos porque é onipotente). Em suma, o “evangelho” do universalismo negava qualquer necessidade de arrependimento pelo pecado e, em vez disso, enfatizava que “a redenção pessoal da humanidade” é alcançada por meio da reforma do ambiente do homem. A confluência do universalismo estava nascendo no pensamento americano. Isso representou um balanço drástico no pêndulo para longe do evangelho das Escrituras, que repetidamente enfatizou (e enfatiza) a necessidade do arrependimento pessoal pelo pecado e da fé em Cristo e sua obra redentora na cruz. Em poucas palavras, o universalismo ensina que o homem é basicamente bom. A implicação tremenda é: Se a teologia de alguém diz que o homem é inerentemente bom, então suas falhas devem ser explicadas pelo seu ambiente circundante e injustiças sociais. Aí está o que precisa ser consertado. Obviamente, essa visão de mundo resultante permeia muito a ideologia política atualmente: historicamente falando, é aqui que tal pensamento se origina.
C. ORTODOXIA PROGRESSIVA
Horace Bushnell deu um passo além das teologias do Novo Refúgio e do universalismo. Ele acreditava na teoria da influência moral da expiação (ou seja, uma compreensão incompleta da expiação de Cristo). Bushnell definiu a expiação desta forma: A morte de Cristo não foi propiciatória (a satisfação da violação individual do padrão de Deus e do atributo da perfeição), apenas exemplar, ou seja, Deus mostrando à humanidade o quanto nos ama e, portanto, o quanto devemos amar aos outros. Neste “cristianismo” Jesus não pode mais ser Salvador. Ele é o que os liberais teológicos hoje chamam de “o Jesus histórico”, isto é, exclusivamente um modelo de bom comportamento. A questão central é: Eis aqui a criação humana de “um outro Jesus”, que Paulo advertiu severamente em Gálatas 1.8-9:
“Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!”
O evangelho social, então, é outra religião!
D. NEO-ORTODOXIA
Kant e Schleiermacher adicionam ainda outra confluência aberrante de enorme erro teológico: A neo-ortodoxia. Essa “nova” ortodoxia, em essência, representa o subjetivismo completo – a verdade é “o que significa para mim”. A autoridade proposicional da verdade revelada das Escrituras se foi. A neo-ortodoxia promoveu (e ainda promove atualmente) um temor pietista: A religião verdadeira é baseada em uma experiência interna, subjetiva. Talvez uma boa ilustração da prevalência da neo-ortodoxia atual seja os “estudos bíblicos”, onde os indivíduos afirmam “isto é o que esta passagem significa para mim” no lugar de um estudo objetivo da intenção autoral. Assim, a Bíblia recebe a sua autoridade da minha fé, ao invés do oposto. A questão aplicável? A verdade é derivada de como eu me sinto sobre as coisas: meus sentimentos são minha autoridade, não a Palavra de Deus.
E. ALTA CRÍTICA
A última principal onda teológica aberrante a invadir a igreja americana antes dos evangelistas sociais entrarem em cena foi um movimento teologicamente intelectual que lançou dúvidas sobre a autenticidade das fontes documentais que compõem as próprias Escrituras. Baur, Strauss e Wellhausen foram os principais defensores desta investida. Baur, em seu orgulho intelectual, afirmou que Paulo, Pedro e João não escreveram os livros do Novo Testamento atribuídos a eles. Strauss propôs que os relatos do Evangelho eram um mito. Wellhausen optou por duvidar dos milagres da Bíblia. Todos os três popularizaram uma abordagem crítica às Escrituras, lançando dúvidas nas mentes dos cristãos. O resultado: O homem tornou-se o juiz supremo das Escrituras, ao invés das Escrituras serem o juiz do homem.
A somatória dessas quatro confluências deu origem à formação e à destilação da ideologia do evangelho social. Abaixo, um resumo das principais ideias que descrevem os homens que contribuíram significativamente para a codificação do movimento desse evangelho na cultura americana:
III. QUATRO PROPAGADORES DO EVANGELHO SOCIAL
Simultaneamente a essas crescentes rachaduras na teologia histórica reformada, que era a teologia disseminada pelos patriarcas fundadores e a base de germinação da cultura americana, havia a Revolução Industrial e a estratificação de classes sociais. O próprio sistema capitalista foi logo visto por esses indivíduos de grande influência, e outros que viriam depois, como a personificação do pecado. Como resultado, fez-se a aplicação social do “cristianismo” na vida americana, em detrimento da aplicação individual. Em contrapartida, o que impulsiona o cristianismo reformado, fundamental e evangélico, tanto no passado como hoje, é a expiação do pecado na vida do indivíduo.
PERCEBA O ALVO DIFERENTE AQUI: É O PECADO DO SISTEMA QUE EFETIVA E IMPULSIONA O MOVIMENTO SOCIAL DO EVANGELHO
No pensamento do evangelho social, a missão primária da igreja é a libertação dos menos favorecidos: Todos os indivíduos que estavam sendo oprimidos pelo mercado livre. Assim, é daqui que deriva o nome “evangelho social”: Uma tentativa de refocar o cristianismo na libertação econômica e na igualdade do indivíduo, em vez de na conversão de sua alma. Isto não é nada menos do que um redirecionamento teológico e missional do cristianismo histórico. Não é, portanto, cristianismo. É outra religião. Os líderes do movimento do evangelho social no cristianismo americano foram os apresentados a seguir.
A. RITSCHL
O Reino de Deus na perspectiva desta influência europeia foi definido como um reino ético. “Cristianismo”, segundo Ritschl, tratava-se de ética e moral. Com uma visão limitada dos efeitos do pecado na posição judicial do homem diante de seu Criador, ele via Cristo de maneira inferior ao que era revelado nos Evangelhos: Uma boa pessoa, um modelo a ser seguido, amando aos outros com tolerância. Tudo isto no lugar de um Cristo Redentor que salva o homem de seu pecado (novamente, cf. Gálatas 1.8-9).
B. GLADDEN
Historicamente, Gladden é considerado o fundador do movimento do evangelho social. “A paternidade de Deus e a fraternidade do homem” é uma expressão de seus escritos que codifica suas crenças e ações. Gladden também rejeitou os aspectos judiciais da salvação em Cristo. Em sua adaptação do cristianismo a uma ênfase social/ética, encarou o capitalismo como anticristão ao escrever seus livros “Working People and Their Employers”[Trabalhadores e seus Empregadores], assim como “Social Salvation”[Salvação Social]. Ele enfatizou o pecado da sociedade, acreditando na propriedade compartilhada, em vez do pecado da alma individual.
C. SHELDON
Ao cunhar a frase “What Would Jesus Do?”[O que Jesus Faria?], ele estava querendo dizer algo muito diferente de seu equivalente atual (Promise Keepers [Guardadores de Promessas]: “What Would Jesus Do Now” [O que Jesus Faria Agora?]). Por outro lado, Jesus era apenas um modelo para se imitar. Sheldon comercializou o evangelho social em um movimento nacional de reforma social por toda a América. Ele foi influente ao popularizar sua mensagem.
D. RAUSCHENBUSCH
Como pastor liberal de uma igreja pobre, ele ficou horrorizado com as condições de vida dos oprimidos socialmente. Os títulos de seus livros refletem isto: “Christianity and the Social Crisis”[Cristianismo e a Crise Social], “Christianizing the Social Order”[Cristianizando a Ordem Social] e “A Theology of the Social Gospel”[Uma Teologia do Evangelho Social]. Todas essas influências e influenciadores revelam uma mudança radical em andamento no significado do cristianismo histórico reformado nos Estados Unidos. Em resumo: O governo poderia, deveria e ajudaria na manifestação do pensamento desta nova religião.
IV. DUAS TEOLOGIAS COMPETITIVAS E DUAS FILOSOFIAS POLÍTICAS
À medida que a igreja cristã fiel à sua história lutava contra os evangelistas sociais no início do século vinte, a maioria dos esforços se mostraram insuficientes. O inseto havia penetrado na casca, no interior da árvore, e a reprodução rápida estava ocorrendo em todos os estratos da sociedade.
Muitas denominações, seminários, agências missionárias e editoras haviam sido devastadoramente impactados. Denominações como os batistas do norte, os presbiterianos, os metodistas e os luteranos tinham sido contaminados e afetados para sempre (ainda há hoje aspectos não-sociais do Evangelho que sobreviveram ou foram reformados em cada respectiva denominação). À medida que a batalha pela pureza teológica era travada, a competição tornou-se muito feroz: a controvérsia modernista-fundamentalista foi uma enorme guerra teológica. E com os modernistas repetidamente vencendo, assumindo o controle de grande parte do que foi mencionado anteriormente, os fundamentalistas almejaram o renascimento e a reconstrução das instituições que incorporavam uma fé bíblica, exata, de salvação individual e característica do cristianismo reformado histórico.
No mundo dos partidos políticos, os liberais teológicos eram tanto a causa quanto o reflexo no liberalismo político, e os conservadores teológicos eram tanto a causa quanto o reflexo no conservadorismo político. Até hoje ambas as teologias contrastantes moldam de forma predominante as políticas dos respectivos partidos. Assim, em grande medida, a competição entre as teologias liberal e conservadora do passado permanece acirrada até os dias de hoje por meio das atuações e manifestações dos respectivos partidos políticos. A guerra se intensifica: Agora já não mais no seminário (já que as disputas foram decididas muito tempo atrás), mas no Capitólio.
V. O RESULTADO: UMA POSSÍVEL CONFUSÃO NO CAPITÓLIO
Ambos os adeptos teológicos continuam a manter o título de “cristão”, o que é confuso porque o modernismo tem uma compreensão diferente de Jesus que, portanto, o classifica como uma religião diferente. Mas em um Capitólio teologicamente ignorante, falta à maioria das pessoas o discernimento para diferenciá-los.
O professor de seminário J. Gresham Machen é útil neste caso. O seminário teológico de Princeton foi um excelente seminário presbiteriano, possuindo uma visão elevada das Escrituras até que a denominação se tornou liberal. Era apenas uma questão de tempo até que os grandes professores ortodoxos da instituição fossem forçados a partir, sendo Machen um deles. Eles fundaram o Seminário de Westminster em resposta. Ao comentar sobre o embate, Machen teria afirmado que “se tratava de duas religiões completamente diferentes”, e que o confronto era tão profundo e tão sombrio quanto dizer comparativamente “cristianismo e confucionismo”. O editor da revista liberal “Christian Century”, Charles Clayton Morrison, teria dito: “Dois mundos entraram em conflito… O mundo da tradição e o mundo do modernismo”. “Um é escolástico, estático, autoritário, individualista; o outro é vital, dinâmico, livre e social.” Este é um resumo muito bom das teologias rivais.
ACREDITO QUE O MAIOR ENGANO DO CONGRESSO HOJE SEJA ESTE: A RELIGIÃO DO EVANGELHO SOCIAL SE AUTOPROCLAMA “CRISTÔ QUANDO NÃO CHEGA NEM PERTO DE SER BÍBLICA
Em uma nota pessoal, é preciso confiar no nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo para ser salvo e ser chamado de cristão verdadeiro. Se alguém acredita que Jesus é apenas uma figura exemplar, então essa pessoa não é um crente genuíno. Quando alguém declara “Meu pastor me ensinou o evangelho social”, o que isso deve dizer a você? Não fique confuso nem seja teologicamente ignorante.
VI. TRÊS DETERMINAÇÕES CONCLUSIVAS
A. A TEOLOGIA DO EVANGELHO SOCIAL ESTÁ NO CERNE DOS PROBLEMAS FINANCEIROS DOS EUA
“Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele” (Provérbios 23.7a – ACF), afirma a Bíblia. A forma como um legislador compreende Deus por meio da sua teologia, ou da falta dela, determinará a sua ideologia na formação pessoal e política. Explicando de outra maneira: “Ações certas começam com pensamento certo, e o pensamento certo começa com o pensamento certo sobre Deus” (Radmacher).
Se o evangelho social não tem base bíblica, tal pensamento e ideologia deve ser totalmente rejeitado. Por quê? Sempre que um indivíduo ou uma sociedade vai contra o manual do fabricante, o resultado acaba sendo prejudicial. “Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz à morte”, afirma Provérbios 16.25. O tsunami fiscal que está prestes a atingir e derrubar o Tesouro Nacional pode ser apropriadamente compreendido desta forma.
Mais uma vez, não estamos sugerindo que o governo não deva cuidar dos pobres ou ajudá-los, mas dizendo como o governo pode cuidar dos pobres e ajudá-los melhor. A Palavra de Deus é clara sobre como uma nação e seus líderes políticos devem construir uma rede de seguridade social para a sociedade. Veremos isso a seguir.
B. COMO O GOVERNO MAIS AJUDA OS POBRES
1. Por meio de indivíduos
Biblicamente falando, a instituição do governo precisa fornecer direitos de propriedade, individual e privada, acessíveis a todos os cidadãos (Gênesis 1.26, cf. Êxodo 20.15,17). Os convincentes estudos de Hernando de Soto Polar em relação à superação da pobreza no Peru servem para destacar imensamente essa verdade. Possuir direitos acessíveis à propriedade pessoal privada é um fator determinante para se quebrar o ciclo da pobreza de indivíduos e nações. Os Estados Unidos não deveriam mudar sua rica herança nesta área da política: Direitos de propriedade reduzem a pobreza.
2. Por meio da instituição do casamento
Em 1978 Diana Pearce publicou “The Feminization of Poverty”[A Feminização da Pobreza], onde postulou que “as famílias chefiadas por mulheres, em particular, formavam uma percentagem cada vez maior de pobres nos Estados Unidos”. De maneira elucidativa, esta foi uma tendência paralela a grandes mudanças que ocorreram em todo o país relativas ao direito da família, especificamente o divórcio sem culpa. As leis do divórcio sem culpa, ao contrário da legislação criminal ou comercial, não preveem nenhuma penalidade para o responsável pela falência do contrato de casamento. O resultado são mães com filhos dependentes de programas sociais de direito. Por quê? Nossas leis de divórcio não são baseadas nos preceitos bíblicos de justiça (cf. 1Pedro 2.13-14), e sim no pragmatismo. Tais mudanças irão reduzir a pobreza.
3. Por meio da instituição da família
Semelhante a programas de acolhimento, o governo poderia incentivar e premiar as famílias que abrem suas portas para os pobres: Algumas famílias em nossa igreja fizeram isso sem incentivos governamentais. Isso irá reduzir a pobreza.
4. Por meio da instituição de negócios
O governo precisa incentivar esta instituição a fim de criar empregos. Quando as empresas crescem e prosperam, elas precisam de empregados, treinam e contratam funcionários. Somente esta instituição em uma sociedade de livre mercado pode economizar uma cultura, e cabe ao governo estimular empreendimentos de todas as maneiras possíveis. Isso irá reduzir a pobreza.
5. Por meio da instituição da igreja
O governo precisa continuar a garantir liberdade religiosa para que as igrejas possam crescer e se multiplicar, gerando assim membros que se tornem o sal e a luz da sociedade (Mateus 5.13-15). Cidadãos que vivam em obediência a 1Timóteo 5, homens e mulheres que tomem, por si mesmos, a iniciativa de prover aos pobres e desvalidos. E também por meio da criação de ministérios sem fins lucrativos, como a Union Rescue Mission [Missão de Resgate da União]. Essa é a instituição da igreja que cuida melhor das pessoas e as reabilita por causa da compaixão e do poder do evangelho transformador do Jesus verdadeiramente salvífico. Muitas pessoas são pobres porque não foram libertadas de vários pecados e vícios notórios: Algo que o poder da cruz de Cristo pode realizar. Isso irá reduzir a pobreza.
ESTES SÃO OS CINCO MEIOS INDIRETOS PELOS QUAIS O GOVERNO DEVE DESEMPENHAR O SEU PAPEL PRINCIPAL NA AJUDA AOS POBRES. APOIE E PROMULGUE ESSAS POLÍTICAS BASEADAS NA BÍBLIA E A POBREZA DIMINUIRÁ
C. COMO O GOVERNO MENOS AJUDA OS POBRES
Novamente, em nenhum lugar nas Escrituras Deus atribui ao governo a responsabilidade específica de fornecer direitos para seus cidadãos. Na verdade elas atribuem responsabilidades específicas de direito a vários indivíduos e outras instituições. Mais uma vez alguém pode argumentar que, uma vez que as Escrituras não proíbem o governo de ajudar diretamente os pobres, isso é biblicamente admissível. Mas quanto mais uma instituição se envolve em responsabilidades fora de seu(s) papel(eis) biblicamente explícito(s) ordenado(s) por Deus, mais desperdiça recursos e se torna ineficiente. 1Pedro 2.14 afirma que o papel específico do governo é: “… punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem”.
Os enganos e as supostas justificativas bíblicas para enormes programas sociais de direito do governo não derivam do cristianismo, mas de outra religião equivocada que se vende com o mesmo nome. Fora das ordenanças explícitas das Escrituras, as provisões governamentais dos programas sociais não levam à autossuficiência, mas à ruína, tanto do indivíduo que os recebe quanto do Tesouro Nacional. Os programas de direito do governo não têm base nas Escrituras.
Que Deus conceda a vocês, líderes da nação, grande sabedoria para a transição de políticas para posições biblicamente fundamentadas, em relação a ajudar melhor aos pobres e desfavorecidos – pessoas que você e eu amamos e pessoas que Deus ama.
VII. UM PENSAMENTO FINAL IMPORTANTE
Infelizmente, há outro resultado nocivo que continua até hoje nos Estados Unidos em relação ao movimento do evangelho social que se enraizou há mais de 100 anos. Para que este movimento efetivasse mudanças na cultura americana, foi obrigatória a infiltração na liderança do governo e a influência a política. Este estudo atribui a germinação dos programas de direito do governo como prova disso: o evangelho social foi e continua a ser o solo fértil do liberalismo político; e ambos permanecem intrinsecamente entrelaçados hoje.
Em vez de permanecerem na arena política como fizeram desde a fundação do país, onde poderiam lutar contra o liberalismo teológico e ganhar os corações e as almas dos líderes políticos por meio do evangelismo e do discipulado, infelizmente os fundamentalistas evangélicos se retiraram da arena política por medo de serem confundidos com liberais teológicos. Nada poderia ter sido mais nocivo para o futuro da nação!
Em vez de se manter firmes e continuar a ganhar e a discipular servidores públicos para Cristo, dando-lhes uma visão de mundo cristã sobre coisas como os meios de Deus de criar uma rede de seguridade social, eles abandonaram essa esfera de influência criticamente importante – este grupo de afinidade missional vitalmente importante! Como resultado o liberalismo teológico e político floresceu. Assim, o remédio bíblico, a melhor maneira de mudar a espiral descendente da nação hoje é que os evangélicos mais uma vez façam discípulos na arena política.cm