O Álcool e o Gabinete
Download do Estudo BíblicoDos 66 livros da Bíblia, talvez o de Provérbios seja o mais aplicável aos que escolhem expor-se ao escrutínio da vida pública. Salomão, rei de Israel, está instruindo seu filho, Roboão, sobre como viver habilmente na liderança governamental. Então, é certo que muito pode ser aprendido a partir do estudo temático deste livro. O Álcool e o Gabinete é um desses assuntos que precisam de consideração especial. Continuem lendo, meus amigos.
I. INTRODUÇÃO
Há muito tempo, com a ajuda de um de meus professores do seminário, comecei a delinear e a desenvolver teologicamente os 31 capítulos do livro de Provérbios. Este livro do Antigo Testamento contém 915 provérbios que meu professor já tinha dividido em seis sessões principais para o estudo aprofundado:
- Sabedoria espiritual
- Sabedoria pessoal
- Sabedoria na família
- Sabedoria intelectual
- Sabedoria no trabalho
- Sabedoria social
Então, desenvolvi 87 subcategorias e esboços detalhados sobre estas seis partes principais. O que resultou deste exercício de três anos são estudos para congressistas que proporcionarão a você a oportunidade de crescer em sabedoria pessoal em muitas áreas pertinentes e práticas. Nesta semana, na categoria de Sabedoria pessoal, abordaremos O Álcool e o Gabinete.
Apresentaremos o que Provérbios tem a dizer sobre o álcool. Pela quantidade que a bebida alcoólica está disponível no governo — especialmente durante recepções e jantares abertos — ela pode tornar-se o seu pior inimigo. Pode levar à ruína. Uma palavra especial está sendo passada aqui: não é possível participar de tudo o que é “liberado”. Não é para o seu bem. Não seja como o garoto sem autocontrole na loja de doces. O surrealismo do ambiente do Congresso aliado a estar longe de casa pode corrompê-lo mais rápido do que você imagina.
Lembre-se das palavras do apóstolo Paulo: “… esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo…” (1Coríntios 9.27). Tenho notado que aqueles sem disciplina pessoal não funcionam bem aqui, especialmente quando se trata de bebida e comida. Aqui está o que Salomão tinha a dizer sobre o álcool para seu filho, que um dia conduziria a nação.
II. OS FRUTOS PRESENTES DA FERMENTAÇÃO
“O vinho é zombador e a bebida fermentada provoca brigas; não é sábio deixar-se dominar por eles” (Provérbios 20.1).
A história bíblica registra que, desde os dias de Noé (Gênesis 9.21), o amor ao vinho e à bebida forte enganaram e envergonharam a muitos. “Zombador” passa a ideia de escárnio e “provoca brigas” carrega o significado de ser violento, furioso e incontrolável. Estes são os frutos da “uva fermentada”, por assim dizer. Duplamente triste é que essas características dominam um indivíduo que bebe antes que ele esteja ciente disso, ao mesmo tempo em que não consegue obter o prazer que está buscando.
Noé é um exemplo de alguém que bebeu excessivamente de sua própria vinha. Ele logo perdeu o respeito e a dignidade à vista de sua família. Observe a extrapolação deste fato em Provérbios 23.29-35:
“De quem são os ais? De quem as tristezas? E as brigas, de quem são? E os ferimentos desnecessários? De quem são os olhos vermelhos? Dos que se demoram bebendo vinho, dos que andam à procura de bebida misturada. Não se deixe atrair pelo vinho quando está vermelho, quando cintila no copo e escorre suavemente! No fim, ele morde como serpente e envenena como víbora. Seus olhos verão coisas estranhas, e sua mente imaginará coisas distorcidas. Você será como quem dorme no meio do mar, como quem se deita no alto das cordas do mastro. E dirá: ‘Espancaram-me, mas eu nada senti! Bateram em mim, mas nem percebi! Quando acordarei para que possa beber mais uma vez?’.”
O raciocínio de alguém é afetado quando o álcool é usado de maneira equivocada. No lugar da razão estão a luxúria, o desejo e a paixão. Como resultado, a mente imagina coisas distorcidas. Não é surpresa alguma que no Novo Testamento o apóstolo Paulo recomende: “Não se embriaguem com vinho…” (Efésios 5.18).
III. OS FRUTOS FUTUROS DA FERMENTAÇÃO
Os efeitos na direção geral que alguém traça para sua vida são resultados secundários da satisfação:
“Ouça, meu filho, e seja sábio; guie o seu coração pelo bom caminho. Não ande com os que se encharcam de vinho, nem com os que se empanturram de carne. Pois os bêbados e os glutões se empobrecerão, e a sonolência os vestirá de trapos” (Provérbios 23.19-21).
Boa parte de Provérbios fala sobre como aqueles com quem você escolhe conviver afetarão sua vida. Provérbios 4.14-17 afirma:
“Não siga pela vereda dos ímpios nem ande no caminho dos maus. Evite-o, não passe por ele; afaste-se e não se detenha. Pois eles não conseguem dormir enquanto não fazem o mal; perdem o sono se não causarem a ruína de alguém. Pois eles se alimentam de maldade, e se embriagam de violência.”
Sair com pessoas perversas enfraquece o apego à instrução. Quem cultiva tais relacionamentos rapidamente abandona o caminho de Deus. Os resultados a longo prazo são a falta de produtividade pessoal, a pobreza e “vestir-se de trapos”. Os becos servem para ilustrar esta verdade: a maioria dos que estão nas ruas da nossa nação sofre de alcoolismo. O seguinte Provérbio ressalta:
“Quem se entrega aos prazeres passará necessidade; quem se apega ao vinho e ao azeite jamais será rico”(Provérbios 21.17).
Eis aqui uma visão bíblica que deve orientar a elaboração de políticas neste tema:
A SOLUÇÃO PARA A POBREZA TEM MAIS A VER COM A FORMAÇÃO DO CARÁTER DE CRISTO EM INDIVÍDUOS DO QUE EM ATENDER ÀS SUAS NECESSIDADES FÍSICAS
Lamentavelmente inadequadas são as políticas implantadas com o intuito de superar a pobreza que, porém, não levam em conta as verdades salomônicas acima mencionadas. Essa percepção também ressalta o porquê da instituição da igreja nos EUA estar muito mais bem equipada para lidar com a situação da pobreza do que a instituição do Estado: a primeira é guiada por Deus para abordar as questões do coração, onde, na maioria dos casos, o verdadeiro problema reside.
IV. FERMENTAÇÃO E LÍDERES
“Não convém aos reis, ó Lemuel; não convém aos reis beber vinho, não convém aos governantes desejar bebida fermentada, para não suceder que bebam e se esqueçam do que a lei determina, e deixem de fazer justiça aos oprimidos” (Provérbios 31.4-5).
No livro de Ester, o rei Xerxes estava bêbado e ordenou que sua esposa viesse diante de seus eunucos “para mostrar sua beleza aos súditos e aos nobres” (Ester 1.11). Durante um banquete o rei Herodes pediu a cabeça de João Batista (Marcos 6.21). Ambos servem para ilustrar a verdade deste provérbio em termos de liderança estatal. A embriaguez de Elá, rei de Israel, e Ben-Hadade, rei da Síria (cf. 1Reis 16.8-9; 20.16, cf. Oseias 7.5), servem também de ilustração.
Quando governantes — tanto reis como sacerdotes — desejam uma bebida forte, “se esquecem do que a lei determina, e deixam de fazer justiça aos oprimidos” (Provérbios31.5). Assim, uma das qualificações para a liderança espiritual na igreja é que os líderes “não devem ser apegados ao vinho” (1Timóteo 3.3; Tito 1.7). Nenhum líder, em nenhuma das instituições ordenadas por Deus, pode se dar ao luxo de ter uma mente dominada por substâncias químicas. O ponto deste princípio é que tal comportamento em um líder impacta negativamente os outros. O líder deve ter um padrão mais elevado.
Muitas vezes, nas Escrituras, a embriaguez e o adultério (ou outros pecados sexuais) aparecem lado a lado, indicando uma espiral tanto para líderes seculares quanto eclesiásticos que abusam de substâncias. Isso leva a atividades vergonhosas: o descontrole é inadequado e vai transformando o líder em um animal. E perder o respeito na liderança é perder a liderança. Vigie! Mantenha a sua integridade em todos os momentos – você foi eleito para servir outras pessoas, não para satisfazer seus desejos.
Observe como o seguinte Provérbio deriva do citado anteriormente (Provérbios 31.4-5):
“Dê bebida fermentada aos que estão prestes a morrer, vinho aos que estão angustiados; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza, e não mais se lembrem da sua infelicidade” (Provérbios 31.6-7).
Apesar de a bebida não ser para os reis, ela tem suas utilidades. Salmo 104.15 diz que é “o vinho, que alegra o coração do homem”. Isso é ilustrado pelo samaritano que deu bebida ao viajante ferido em Lucas 10.34. Paulo prescreveu-o a seu aprendiz Timóteo, que estava doente, dizendo: “Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades” (1Timóteo 5.23).
Concluindo, beber vinho não era pecado no Antigo Testamento (cf. Deuteronômio 14.26), mas a embriaguez sim (cf. Isaías 28.7). Assim é nos tempos do Novo Testamento. Este ensinamento de Provérbios em relação ao vinho ilustra o altruísmo. Em vez de buscar o próprio prazer, alguém pode prudentemente prescrever o álcool para outros propósitos, quando necessário, devido às suas propriedades medicinais e conservativas. Eis aqui então o princípio da autonegação e do serviço aos outros.
V. CONCLUSÃO
A Bíblia não afirma de forma rígida que qualquer consumo de álcool seja pecado. Mas ela repetidamente adverte contra o pecado da embriaguez e seus resultados. Os riscos são muito maiores à medida que este princípio se aplica aos líderes. Nada que prejudique a capacidade da pessoa de raciocinar e julgar a partir de preceitos bíblicos deve ser praticado. Portanto, o padrão do líder deve ser mais elevado – não só porque ele lida na esfera intelectual, mas por razões de exemplo. Considere 1Coríntios 10.31: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”.
Que Deus lhe dê autocontrole e grande sabedoria em relação ao álcool.cm