O Que a Bíblia Diz Sobre a Guerra – Parte 2
Download do Estudo BíblicoExaminaremos na continuidade deste tema se a “Teoria da guerra justa” – as diretrizes históricas e determinantes usadas por líderes americanos para determinar o uso ou o desuso da guerra – está ou não baseada nas Escrituras. Então descobriremos que a mesma está firmemente baseada na Bíblia.
À medida que nossa cultura rapidamente rejeita suas bases judaico-cristãs, surge a pergunta se continuaremos a ser informados e guiados pela Teoria da guerra justa e Os quatro princípios de lutar uma guerra. Você ocupa um cargo de liderança no momento em que o mundo está repleto de violência, agressão e conflito, e algumas nações estão até mesmo atacando seus próprios cidadãos civis inocentes. Ao tomar decisões sobre quando se envolver em conflito, aprender o que as Escrituras têm a dizer sobre os princípios da guerra é extremamente importante.
I. INTRODUÇÃO
Na primeira parte deste estudo ganhamos uma compreensão geral do que a Bíblia diz sobre a guerra. Em seguida, elaboramos o que diz ser o papel do governo, uma da instituições ordenadas por Deus. Sobretudo, distinguimos e contextualizamos o papel institucional do governo de passagens que falam de responsabilidades individuais.
Em terceiro lugar, ao estudar este assunto, examinamos se há ou não uma base bíblica para a Teoria da guerra justa, uma teoria histórica e biblicamente inspirada, e agora internacionalmente aceita. Há oito princípios que compõem a Teoria da guerra justa. Nós fizemos a pergunta: As Escrituras apoiam cada um deles? Em caso afirmativo, de quais passagens da Palavra cada um dos pontos deriva? Minha intenção era e continua sendo enraizar nas Escrituras a compreensão que você tem da guerra: Como alguém que ocupa um cargo público, é fundamental que seja capaz de determinar o uso ou desuso da guerra a partir de uma consciência biblicamente informada.
Examinaremos também as duas principais oposições à Teoria da guerra justa. Elas são as posições do pacifista cristão e do não-intervencionista (o último ponto-de-vista é defendido por alguns cristãos e também não-cristãos). Como os defensores dessas visões tentam enfatizar suas crenças – elas estão baseadas na Bíblia?
ESTE ESTUDO DEVE REVELAR-SE MAIS ÚTIL SE PENSARMOS CLARAMENTE SOBRE AS CRISES ATUAIS
Examinar esses temas ajudará o parlamentar na sua consciência e confiança nos princípios bíblicos – que levam à adequada formação de convicções – quanto ao uso justo e ético da guerra.
DESCOBRIMOS NO PRIMEIRO ESTUDO QUE DEUS NÃO É NECESSARIAMENTE CONTRÁRIO À GUERRA. EM VEZ DISSO, A PERGUNTA QUE DEVE SER FEITA É: QUANDO ELA É JUSTIFICADA?
Os oito aspectos internacionalmente aceitos da Teoria da guerra justa representam os critérios aceitos biblicamente e ao longo do tempo para responder a esta pergunta: Quando a guerra é moral e eticamente justificável? Supondo que todos os critérios sejam cumpridos, então quais são os princípios biblicamente baseados e aceitos no tempo para se lutar uma guerra justa? Há quatro. Vamos examiná-los primeiro (antes de estudar os pontos-de-vista pacifista e não-conformista) e descobrir a base bíblica para cada um.
II. OS QUATRO PRINCÍPIOS DE LUTAR UMA GUERRA
A frase latina para isso é jus in bello significando “a conduta certa dentro da guerra”.
A. PROPORCIONALIDADE NO USO DA FORÇA
Este critério difere da Proporcionalidade dos resultados (como discutido na parte 1), em que uma nação considera a possibilidade de ir à guerra levando em conta o custo de danos maiores comparado à realização do objetivo, antes da decisão de se envolver na guerra.
A questão levantada aqui é que ao se travar uma guerra, não deve haver durante ela uso de força maior do que o necessário para se alcançar os objetivos. Deuteronômio 20.10-12 serve para ilustrar esta consideração moral particular ao se lutar uma guerra justificável. No contexto desta passagem, Deus está instruindo Israel, ao entrar na terra prometida, sobre como travar a guerra e, neste caso, a eliminar os muitos e variados detestáveis propagadores do mal: Os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus (v. 17). Observe a passagem:
“Quando vocês avançarem para atacar uma cidade, enviem-lhe primeiro uma proposta de paz. Se os seus habitantes aceitarem, e abrirem suas portas, serão seus escravos e se sujeitarão a trabalhos forçados. Mas se eles recusarem a paz e entrarem em guerra contra vocês, sitiem a cidade.”
Neste caso, o plano de guerra incluía um cerco. O ponto é que Deus deseja um uso proporcional da força, a fim de alcançar os objetivos da guerra. Força adicional ou mal dirigida que não serve para realizar os objetivos reais é antiético.
Observe ainda – acima de tudo – em Deuteronômio 20.17 que, depois de ter instruído Israel, Deus não se equivoca fazendo uma oferta de rendição; Ele não começa uma negociação! Ele afirma muito diretamente que, se a oferta for rejeitada,
Destruam totalmente.
Isso pode parecer severo, mas não quando visto através do difícil contexto em que está escrito. Deus informa Israel (e outras nações ao longo dos séculos seguintes) de um ingrediente necessário para se travar com sucesso uma guerra: Não pode haver hesitação quando uma nação determina ir à guerra. Quando estudamos o todo de Deuteronômio 20:
HÁ UMA ABORDAGEM MUITO DIFERENTE EM COMO DEUS INSTRUI ISRAEL A IR PARA A GUERRA EM COMPARAÇÃO A COMO ALGUNS LIDAM COM AS CRISES ATUAIS
Passagens adicionais da Palavra de Deus poderiam ser mencionadas para ilustrar ainda mais esse princípio de proporcionalidade no uso da força, mas por uma questão de brevidade vamos examinar o segundo princípio.
B. DISCRIMINAÇÃO ENTRE COMBATENTES E NÃO-COMBATENTES
Em uma guerra, os não-combatentes precisam ser levados em consideração de forma apropriada e com cuidado. Deuteronômio 20.13-14 fala deste princípio:
“Quando o Senhor, o seu Deus, entregá-la em suas mãos, matem ao fio da espada todos os homens que nela houver. Mas as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo o que acharem na cidade, será de vocês; vocês poderão ficar com os despojos dos seus inimigos dados pelo Senhor, o seu Deus.”
Muitas vezes na guerra, os cidadãos do país são inocentes e não concordam com os atos perversos de sua liderança. Esta realidade precisa sempre ser considerada e de alguma forma remediada ao se travar uma luta. Assim como crianças em um divórcio dos pais, os espectadores inocentes precisam ser tratados com amor, compaixão e da melhor forma possível protegidos da luta.
C. EVITAÇÃO DE MÉTODOS MALIGNOS
Há vários meios malignos de se lutar. Vou desenvolver apenas um aqui: Durante uma guerra, os cativos do outro país precisam ser tratados com respeito. Muitas vezes os prisioneiros de guerra ficam aliviados por não terem mais que viver com uma alma em conflito – tendo sido forçados exteriormente a ir contra a sua consciência interior por causa de um governante maligno. Frequentemente eles são vítimas de campanhas de propaganda onde os líderes do país não lhes apresentam toda a verdade da história. Salmos 34.14 e uma infinidade de outras passagens descrevem o que se passa em seus corações – e a passagem deveria ilustrar o coração de seus captores:
“Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança.”
Todos os cativos devem ser tratados com justiça e retidão. (O uso da tortura em um perpetrador do mal capturado é uma exceção – e tema de outro estudo: “Considerando a equação moral do bem-estar de uma pessoa maligna versus o bem de muitas pessoas inocentes”.) Em um sentido pragmático da motivação relativa ao tratamento respeitoso dos cativos, aqueles capturados foram removidos com sucesso da batalha; como peças capturadas no tabuleiro de xadrez, eles são agentes neutros que já não fazem parte do jogo. (Tenha em mente que Hitler perdeu a Segunda Guerra Mundial em grande parte devido a uma absoluta falta de mão de obra.)
D. BOA FÉ
Este último dos quatro critérios para travar justamente uma guerra é a boa fé. Informado pela verdade bíblica de que todos os homens são criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26), ao entrar em guerra deve haver um desejo genuíno e sincero de restaurar a paz e viver em harmonia com a outra nação porque, em última análise, embora tenha errado, após ter sido punida e humilhada o perdão pode e deve seguir. O requisito de boa-fé é proporcional à maturidade pessoal e corporativa. Quando esses motivos finais estão presentes durante a batalha, servem para conduzir e manifestar os métodos acima mencionados usados na batalha. Em Mateus 5.43-44 Jesus afirma no Sermão do Monte:
“Vocês ouviram o que foi dito: ‘AME O SEU PRÓXIMO E ODEIE O SEU INIMIGO’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem.”
Estas passagens e outras apresentam à liderança de uma nação o tipo de atitude correta porque se relaciona ao resultado desejado final de uma guerra:
O MOTIVO DA GUERRA DEVE SER SEMPRE O DESEJO DE RESTAURAÇÃO, E NÃO A ANIQUILAÇÃO
Isso é semelhante, em princípio, ao que nós, como pais, temos em vista quando disciplinamos nossos filhos — uma necessidade frequente em um mundo caído.
Em síntese, esses são os quatro princípios invioláveis biblicamente baseados e analisados para combater uma guerra que é, a princípio, justificável. Felizmente e historicamente, a cultura de guerra da América tem sido amplamente fundamentada por esses princípios e nossa nação tem emulado esses valores em seu uso da força. No entanto, não devemos supor que será sempre assim. Como a nossa cultura está inclinada a deixar de lado suas bases judaico-cristãs, é razoável esperar que não continuaremos firmados e guiados pela Teoria da guerra justa e Os quatro princípios de se lutar uma guerra. A ideologia e as ações externas estão intrinsecamente entrelaçadas; uma segue a outra. Assim, ensinar o que a Escritura tem a dizer sobre esses princípios aos legisladores é extremamente importante.
III. A POSIÇÃO PACIFISTA
Uma visão minoritária oposta à Teoria da guerra justa é o pacifismo militar. Essa opinião acredita que é sempre errado usar a força militar e que os cristãos devem reivindicar a objeção de consciência quando convocados a servir. Os pacifistas acreditam que sempre é errado usar a violência.
Os supostos argumentos bíblicos para o pacifismo são apresentados a seguir. Vou tentar argumentar contra cada um deles, respectivamente.
A. JESUS NOS ORDENOU A OFERECER A OUTRA FACE
Contextualmente esta passagem (Mateus 5.39) é muitas vezes mal compreendida e mal aplicada. Ela está falando sobre o cristão não retaliar, ou ser pessoalmente vingativo em sua natureza e comportamento pessoal. A passagem não defende que a parte ofendida deva simplesmente esquecer a injustiça sofrida como resultado de algum tipo de delito. Observe a mesma ideia em Romanos 12.19 – só que continua e apresenta uma solução para a injustiça. Indica a maneira correta em que se alcança a justiça em relação a uma ofensa pessoal:
“Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘MINHA É A VINGANÇA; EU RETRIBUIREI’, diz o Senhor.”
Muito importante é que vários versos adiante o agente de Deus para a justiça é introduzido: O governo. Romanos 13.4 (não havia números de versos ou divisões de capítulos no texto original da Escritura; eles foram adicionados mais tarde pelo homem, e em alguns contextos, como aqui, no lugar errado) afirma que a instituição do governo criada por Deus é o seu método de invocar a justiça, “pois ela não porta a espada sem motivo”. Existe para vingar a ira de Deus sobre os malfeitores. O que a Escritura está realmente ensinando em Mateus 5.39 e Romanos 12.18 não é pacifismo. Em vez disso, está ensinando que os indivíduos não devem procurar vingança pessoal. Ou seja, eles não devem tomar a lei em suas próprias mãos. Em vez disso, devem apelar aos meios de Deus para alcançar a justiça: A instituição do governo.
Ilustrando ainda mais o ponto, é interessante notar que em Lucas 22.36 Jesus realmente ordenou a seus seguidores que carregassem uma espada:
“E se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma.”
Mesmo Jesus não sendo um pacifista, essa instrução indica que Ele estava consciente da existência e do remédio para a agressão pecaminosa no mundo. No entanto, Jesus não estava sugerindo que se fizesse justiça com as próprias mãos; a espada devia ser usada para autodefesa e proteção contra ladrões.
Em resumo, a ideia de oferecer a outra face em Mateus 5.39 não é favorável ao pacifismo; ao contrário, o pacifismo usa esta passagem indevidamente, fora de seu contexto bíblico e teológico, a fim de apoiar sua opinião.
B. JESUS ORDENA A AMAR O NOSSO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS
Embora Deus nos ordene a amar os outros, simultaneamente Ele ordena que o governo proteja as pessoas dos malfeitores. Ambas as verdades são evidentes nas Escrituras. É, portanto, um uso indevido das Escrituras, senão desonesto, proclamar metade de uma verdade a fim de defender o pacifismo. Segue-se que, se eu pessoalmente amar meu próximo como a mim mesmo (Mateus 22.39) também estarei disposto a protegê-lo de todos os tipos de mal.
C. O USO DA FORÇA MILITAR MOSTRA A FALTA DE CONFIANÇA EM DEUS
Tal afirmação tem o sabor da condescendência legalista — como se a pessoa que defende essa posição seja mais espiritual que a outra. Mas o fato é, como visto anteriormente, Deus especificamente ordena o uso da força corporativa contra o mal em Romanos 13.1-4 e 1Pedro 2.13-14. É incoerente que alguém peça a outro que “confie em Deus” em coisas que não são o que a Bíblia ensina. É o mesmo que dizer que você não tem que trabalhar para viver, mas deve “confiar em Deus para o seu sustento”, porque a Escritura é clara que devemos trabalhar para comer. À luz do ensinamento claro das Escrituras sobre este assunto, não é mais apropriado dizer a alguém que devemos confiar em Deus para usar a força militar do governo — que ele instituiu — para nos proteger do mal?
D. VIOLÊNCIA SEMPRE GERA MAIS VIOLÊNCIA
Esta afirmação não é necessariamente verdadeira. Foi o poder militar americano que impediu Hitler de outras violações e da conquista mundial. O pacifista deve, em vez disso, considerar o slogan com base bíblica: “A força superior impede a violência criminal”.
Violência não gera necessariamente mais violência. Em síntese, o pacifismo não tem justificativa bíblica. Equivale apenas a uma ilusão em um mundo mau, caído.
IV. A POSIÇÃO NÃO-INTERVENCIONISTA
Os defensores do não-intervencionismo acreditam no princípio de que uma nação nunca deve interferir nos acontecimentos de outra, de forma alguma. O não-intervencionista diz que se alguma nação invadiu um país inocente, não é justificável outra nação ir ao resgate dela. Mas tal visão não está de acordo com os propósitos do governo, como descrito anteriormente em Romanos 13.1-4. Na verdade, Deus repreendeu Edom por não intervir e ajudar Israel em Obadias 1.11:
“No dia em que você ficou por perto, quando estrangeiros roubaram os bens dele, e estranhos entraram por suas portas e lançaram sortes sobre Jerusalém, você fez exatamente como eles.”
Quando os babilônios invadiram Israel, o país vizinho de Edom ficou parado e assistiu. Deus declara aqui que aquela nação era culpada por não ajudar seu vizinho, pronunciando:
“Você fez exatamente como eles”.
ENQUANTO OS ESTADOS UNIDOS FOREM FORTES E A AMEAÇA DE SUA INTERVENÇÃO ESTIVER PRESENTE, O MUNDO SERÁ UM LUGAR MUITO MAIS SEGURO
Não pode haver dúvida de que a presença dos Estados Unidos em todo o mundo – a sua presença justa e histórica fora de suas próprias fronteiras — seja como membro da OTAN, assinando a doutrina Monroe, os tratados de defesa com Taiwan e Israel, ou por sua presença disposta e bem-vinda para apoiar as bases militares nas Filipinas, na Alemanha, na Coreia e no Japão, têm ajudado muito na pacificação e manutenção da paz em todo o mundo. Este é o fruto da intervenção biblicamente justificada! Enquanto os Estados Unidos forem fortes, e a ameaça de sua intervenção estiver presente, o mundo será um lugar muito mais seguro. E o oposto é evidente: Se a possibilidade da intervenção americana for menor, a agitação e a agressão malignas aumentarão.
Não-intervencionistas devem intencionalmente ignorar as implicações da queda em Gênesis 3, bem como o propósito revelado de Deus de instituir o governo em Romanos 13.1-4 e 1Pedro 2.13-14. Eles não estão alinhados com uma cosmovisão cristã neste ponto. Em vez disso, estão se juntando aos pacifistas em pensamento ingênuo e ilusão. Não pode haver dúvida:
A COMPREENSÃO HISTÓRICA DOS ESTADOS UNIDOS, A OBEDIÊNCIA DISPOSTA E A APLICAÇÃO FIEL DESTAS VERDADES BÍBLICAS NOS LEVARAM A UM MUNDO MUITO MAIS SEGURO COMO RESULTADO
Louvado seja Deus por estarmos fazendo isso da forma certa! Que você, como parlamentar, ajude a reduzir a tendência secular e antibíblica para o pacifismo e o não-intervencionismo, pois isso conduzirá ao aumento do caos mundial.
V. SUMÁRIO
Os humanistas seculares, que acreditam que o homem é basicamente bom, têm um problema ideológico com a guerra. Eles acreditam que todos os problemas podem ser resolvidos de forma inteligente, apelando à razão. A cosmovisão cristã está em acentuada contradição: O homem é caído e tem uma propensão para o mal. Segue-se que às vezes a guerra é necessária e nas Escrituras Deus até envia seu povo para lutar. Se Ele a defende às vezes, segue-se que insiste nas diretrizes delineadas neste estudo para a sua justificação. Os pontos-de-vista pacifista e não-intervencionista são biblicamente improcedentes e retratam uma ingenuidade teológica em relação às implicações graves e sérias decorrentes da queda.cm