O Que a Bíblia Ensina Sobre Direitos de Propriedade?
Download do Estudo BíblicoA Bíblia é a favor dos direitos de propriedade privada. Há muitas passagens que apoiam isso. Assim, todos os governos – em todo o mundo, nacional e localmente – devem proteger esses direitos. Deus sabe que a posse de propriedade privada é fundamental para cada pessoa ser capaz de expressar melhor sua individualidade, como reflexo de ser criada à imagem de Deus (vou desenvolver essa ideia neste estudo). Além disso, os direitos de possui-la são fundamentais para a fecundidade pessoal e nacional (veremos exemplos disso ao longo do estudo também). Então, continue lendo, meu amigo, e aprenda mais sobre como você pode justificar tais crenças com base no que Deus diz em sua Palavra.
I. INTRODUÇÃO
A ideologia política biblicamente fundamentada de propriedade privada está em contradição absoluta e distinta à ideologia política do comunismo. Como Karl Marx disse em seu Manifesto Comunista, “a teoria dos comunistas pode ser resumida em uma única sentença: A abolição da propriedade privada”. Se a ideologia dos direitos de propriedade privada é a principal diferença entre o capitalismo e o comunismo, como você pode raciocinar e formar convicções sobre isso a partir das Escrituras? Que passagens vêm à mente para fundamentar a ideia de que Deus é a favor da propriedade privada? Outra maneira de olhar para isto é o oposto: Uma coisa é dizer que é “anticomunista”, mas você é capaz de argumentar o porquê a partir das Escrituras?
Você deve ser capaz de justificar sua posição a favor dos direitos de propriedade privada (e do capitalismo em geral) por meio do uso da Palavra de Deus. Este estudo destina-se a ajudá-lo nessa missão e a formar convicções pessoais e políticas que são firmadas na orientação de Deus – explicada e derivada de sua Revelação.
Antes de apresentar as bases bíblicas para propriedade privada e capitalismo, comecemos investigando o que a Bíblia diz sobre Deus ser o supremo dono de tudo.
II. PASSAGENS SOBRE DEUS SER O DONO SUPREMO DE TODAS AS PROPRIEDADES
A Escritura ensina que Deus — não governos comunistas — é o supremo dono da terra e de tudo o que há nela, e que deseja que os indivíduos sejam seus administradores. Observe este primeiro ponto no Salmo 24.1 e em Deuteronômio 10.14, respectivamente:
“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem.”
“Ao Senhor, ao seu Deus, pertencem os céus e até os mais altos céus, a terra e tudo o que nela existe.”
Ao conceder ao homem responsabilidades de gestão sobre o que, em última instância, Deus possui, confiou especificamente as responsabilidades administrativas a quem ocupa o topo de sua ordem criativa: Ao homem criado à sua imagem, diferente de qualquer outro aspecto de sua criação. Esta ideia fundamental é transmitida em Gênesis 1.26-28:
“Então disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão’. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’.”
Ao incumbir o homem com o papel de administrador sobre toda a criação, Deus usa o termo descritivo “subjugar” (kabash) para abranger o que especificamente deseja que o homem faça: Esta palavra hebraica, kabash, especificamente, significa “trazer à servidão”. Em Números 32.22-29 e Josué 18.1 esta mesma palavra é usada em um significado contextual paralelo: Israel deveria subjugar a terra de Canaã para que ela servisse a Israel. É importante ressaltar que o uso contextual de kabash, como usado aqui em Gênesis 1, diz respeito a Deus instruindo aqueles em sua criação que são feitos à sua imagem a descobrir, compreender, desenvolver, utilizar e usufruir de todos os recursos mais abundantes da terra. Sobretudo, o que está implícito na ordem de Deus para o homem é: O homem deve desempenhar suas responsabilidades de gestão nomeadas por Deus com respeito e gratidão a Ele.
Tendo estabelecido primeiro este princípio da propriedade suprema de Deus, outro aspecto deve ser destacado agora: Embora Deus seja o supremo dono de tudo, a Escritura informa reiteradamente — ela afirma e veremos isso nas passagens que se seguem — que a propriedade pertence a seus administradores, aos indivíduos.
A ênfase precisa ser colocada na palavra indivíduos. Isto está em oposição à ideia de Deus concedendo a posse de propriedades ao governo, à sociedade ou a uma nação como um todo. Esta transferência de posse ao homem fica especificamente evidente nas passagens a seguir.
III. PASSAGENS SOBRE DIREITOS DE PROPRIEDADE PESSOAL
Há uma infinidade de passagens que evidenciam a expectativa de Deus quanto à posse pessoal de sua propriedade — em vez de implicações de posse governamental ou social sobre suas propriedades.
A. O OITAVO MANDAMENTO
“Não furtarás.” – Êxodo 20.15
Este mandamento presume que as pessoas possuem algo que pode ser roubado. Por exemplo, eu não posso tomar o jumento do meu vizinho porque pertence ao meu vizinho. Ou como um exemplo moderno que procura incluir a propriedade intelectual à questão, você não pode invadir meus arquivos de e-mail e compartilhá-los com quem quer que seja sem o meu conhecimento; isto é roubar a propriedade alheia.
B. O DÉCIMO MANDAMENTO
“Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença.” – Êxodo 20.17
Esta passagem aborda o cerne da questão. “Cobiçar” (chamad), em hebraico, e epithumeo (cf. Romanos 7.7), em grego, significa “desejo forte; dissolução”. Como usado neste contexto, é o desejo de tomar do outro o que lhe pertencelegitimamente. Observe especialmente que a passagem não fala sobre as coisas que pertencem à comunidade ou ao governo; três vezes a passagem usa a palavra “vizinho” (rea), que significa “uma pessoa, amigo ou companheiro”. Mais uma vez, a passagem revela que o boi ou jumento não é propriedade do governo, mas da pessoa, amigo ou companheiro, que é a quem Deus diz que pertence.
C. POSSE IRRESPONSÁVEL
“Se, todavia, o boi costumava chifrar e o dono, ainda que alertado, não o manteve preso, e o boi matar um homem ou uma mulher, o boi será apedrejado e o dono também terá que ser morto.” – Êxodo 21.29
Aqui vemos o uso da palavra “dono” (baal) em relação ao boi que se comporta mal (neste caso, sendo um proprietário irresponsável). Além disso e mais importante, esta passagem revela que possuir algo significa estar legalmente conectado à posse, a ponto de ser pessoalmente responsabilizado por danos causados por algo que a pessoa possui. Tais leis hoje, resultantes da Torá — os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) — presumem os direitos de propriedade pessoal, provando ser muito motivacional para os proprietários: Elas estimulam a boa gestão. Tais leis produzem um patrimônio de habilidades administrativas pessoais e as vantagens decorrentes: A criação de produtos com excelente valor agregado. Essa motivação para a criação de produtos e serviços excelentes não é obtida em nações comunistas, onde direitos de propriedade pessoal e responsabilidade pelas posses não existem. Certa vez, fiz uma visita na instalação de empacotamento de milho fresco com valor agregado de um amigo meu. Todas as noites, uma equipe esteriliza a unidade para eliminar e. coli e outras possíveis contaminações por bactérias — que podem prejudicar o consumidor. Eu diria que ele não estaria tão motivado se o milho não fosse sua propriedade, ou, em última análise, se não fosse responsabilizado pela segurança do produto. Na verdade, a história testifica o fato de que estados comunistas não duram. A falta de responsabilidade pessoal e a consequente motivação que decorre dela é a razão para a efemeridade.
D. MUDANDO MARCOS
“Não mudem os marcos de divisa da propriedade do seu vizinho, que os seus antecessores colocaram na herança que receberão na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá para que dela tomem posse.” – Deuteronômio 19.14
Este texto fala contra o pecado de mover os limites (marcos) da terra. Que infração haveria se não fosse propriedade de outra pessoa? Provérbios 23.10 acrescenta a esta compreensão:
“Não mude de lugar os antigos marcos de propriedade, nem invada as terras dos órfãos.”
Cada frase deste provérbio serve para dar uma visão sobre o significado da outra. A propriedade privada está em vista aqui: É errado tentar roubar a propriedade alheia porque você percebe que a pessoa é incapaz de defender o que é seu legitimamente.
E. O ANO DO JUBILEU
“Consagrem o quinquagésimo ano e proclamem libertação por toda a terra a todos os seus moradores. Este lhes será um ano de jubileu, quando cada um de vocês voltará para a propriedade da sua família e para o seu próprio clã.” – Levítico 25.10
Agora o assunto de nosso estudo fica ainda mais interessante. Mesmo o capitalismo e a posse de propriedade pessoal não são um sistema econômico perfeito em um mundo caído. (Receio que, como americanos, nos orgulhamos do capitalismo e muitas vezes somos culpados de achar que esse é um sistema perfeito de governança.) Mantenha sempre em mente que nenhum sistema econômico é perfeito em um mundo caído! Churchill certa vez brincou: “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais!”. Somente quando Cristo retornar e configurar seu governo como Rei dos reis é que haverá um governo perfeito na terra.
Levítico nos informa que, a cada 50 anos, o povo de Israel devia apertar o botão “reiniciar” em sua propriedade pessoal/economia baseada no capitalismo. Semelhante a jogar Monopólio hoje em dia, onde um ou dois jogadores vão acabar monopolizando todas as propriedades, em um mundo caído algumas pessoas inevitavelmente se tornam gigantes econômicos, enquanto outras menos talentosas ou competitivas ficam pelo caminho. Algumas não são tão fortes ou capazes como outras, e não conseguem competir ou obter riqueza mesmo vivendo em uma cultura fundamentada na propriedade pessoal. Esta é uma das realidades da vida em um mundo caído.
A propriedade pessoal não é uma solução perfeita em um mundo caído, no entanto, é a melhor base para a prosperidade econômica, considerando todas as outras alternativas. Em relação a este estudo, o ponto a ser sublinhado de Levítico 25.10 não é se o ano do Jubileu deve ou não aplicar-se hoje, mas sim se “cada um de vocês voltará para a propriedade da sua família”. Como nas outras passagens já mencionadas, o endosso de Deus de uma economia em que cada família tem sua própria propriedade (mesmo com suas falhas) é o que se tem em vista aqui.
F. SUMÁRIO DAS PASSAGENS SOBRE OS DIREITOS DE PROPRIEDADE PESSOAL
A Bíblia fala repetidamente sobre a economia e o bem-estar de uma nação, e como isso ocorre da melhor forma no que sempre será um mundo caído, injusto, com talentos desproporcionais, até que Cristo retorne. O melhor sistema, diz a Palavra de Deus, é por meio de um governo que se fundamenta nos direitos pessoais de propriedade privada. Com a inclusão do ano do Jubileu (um mecanismo de ajuste ocasional na estrutura econômica de propriedade privada), é seguro dizer que Deus é capitalista e não comunista.
AS CINCO PASSAGENS MENCIONADAS ANTERIORMENTE ILUSTRAM E CONFIRMAM QUE UM DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO GOVERNO CIVIL É CONCEDER DIREITOS DE PROPRIEDADE PRIVADA AOS INDIVÍDUOS
O princípio econômico que deriva da Torá é: O direito à propriedade pessoal é necessário para que uma nação alcance um funcionamento adequado, frutífero e próspero no sentido material. (A Bíblia não considera as coisas materiais malignas; tal pensamento é um dualismo equivocado e tema de outros estudos.) Violar o princípio de Deus sobre a propriedade privada, ou seja, promulgar alguma forma ou nível de comunismo em um estado, é antibíblico e acabará por levar ao desaparecimento da motivação de um país, o motor econômico, o crescimento e o bem-estar material geral de seu povo.
IV. A TENDÊNCIA NATURAL DO GOVERNO DE EXAGERAR
Em um sentido que vai além das preocupações com o material, Deus constituiu outras quatro instituições que pretende que funcionem simultânea e independentemente do governo, a fim de melhor alcançar seus propósitos e anunciar as riquezas de sua graça (cf. Efésios 2.7) num mundo caído, antes da segunda vinda de Cristo. O governo é apenas uma de cinco instituições coiguais. E dentro desse espectro das responsabilidades de cada uma dessas cinco instituições, o governo faz o que faz melhor do que as outras instituições: Em poucas palavras, suprimir o mal. Mas tenha em mente que as outras quatro instituições — casamento, família, negócios e igreja — fazem o que fazem melhor do que o governo. O governo não pode realizar para uma nação o que as outras quatro podem realizar com muito mais propriedade e eficiência: O casamento promulga; a família cultiva; os negócios revigoram; e a igreja traduz. Esses pilares teológicos do entendimento institucional são fundamentais para uma cosmovisão bíblica e servem para qualificar o papel do governo. Também está em vista, considerando o contexto e o foco deste estudo, que a instituição do governo está sempre à espreita, desejando invadir o terreno de qualquer outra instituição. Mas ao fazê-lo, provoca uma bagunça! Se deixado à solta, logo o governo se afasta do propósito idealizado por Deus: Perverte o casamento; atrapalha a família; invade a igreja; e, seguindo seus caminhos egocêntricos, começa a se sobrepor aos negócios — minando ou atacando direitos de propriedade privada. O governo, ao que parece, considera o físico de Jabba atraente. Sem supervisão, o governo irá eclipsar a instituição dos negócios, também escolhida por Deus, que deve possuir direitos pessoais de propriedade a fim de florescer e revigorar economicamente uma nação.
A preponderância do governo não é algo novo. O profeta Samuel falou sobre a crescente natureza invasiva da administração civil quando Israel mencionou a ideia de que queria seu próprio rei. Observe sua resposta sábia para a nação de Israel em 1Samuel 8.10-18:
“Samuel transmitiu todas as palavras do Senhor ao povo, que estava lhe pedindo um rei, dizendo: ‘Isto é o que o rei que reinará sobre vocês reivindicará como seu direito: ele tomará os filhos de vocês para servi-lo em seus carros de guerra e em sua cavalaria, e para correr à frente dos seus carros de guerra. Colocará alguns como comandantes de mil e outros como comandantes de cinquenta. Ele os fará arar as terras dele, fazer a colheita, e fabricar armas de guerra e equipamentos para os seus carros de guerra. Tomará as filhas de vocês para serem perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará de vocês o melhor das plantações, das vinhas e dos olivais, e o dará aos criados dele. Tomará um décimo dos cereais e da colheita das uvas e o dará a seus oficiais e a seus criados. Também tomará de vocês para seu uso particular os servos e as servas, o melhor do gado e dos jumentos. E tomará de vocês um décimo dos rebanhos, e vocês mesmos se tornarão escravos dele. Naquele dia, vocês clamarão por causa do rei que vocês mesmos escolheram, e o Senhor não os ouvirá’.”
Um governo sem controle começa a tomar do povo, confiscando mais e mais para si mesmo. A palavra “tomar” aparece seis vezes nesta passagem. Fique atento: Governo descontrolado é normativo em um mundo caído! Portanto, como justificado exegeticamente no item precedente… É projeto de Deus que o povo — não o seu governo — possua a maior parte das propriedades e a riqueza da nação. Então o governo — de acordo com a Bíblia — deve ser mantido sob controle para que não comece a considerar que é capaz de realizar em prol do povo tarefas cujo desempenho é mais adequado para as outras instituições constituídas.
O papel do governo é limitado a e mais eficiente ao recompensar os que fazem o bem (ou seja, em parte, aqueles que geram emprego para outros, devido à sua capacidade, devem ser recompensados e não penalizados, para que assim sejam encorajados a criar mais empregos e riqueza para a nação) e punir os que fazem o mal (garantir um forte sistema judicial internamente e uma poderosa força militar externamente) (cf. Romanos 13.1-8; 1Pedro 2.13-14).
Quando o governo começa a afastar-se de seus propósitos biblicamente específicos, torna-se grande demais, sinistro e monstruosamente ineficiente, resultando no eventual, se não imediato, eclipse de seus cidadãos e suas liberdades, diminuindo assim suas capacidades pessoais e desenvoltura para refletir os atributos de Deus para os outros.
V. PERU, PROPRIEDADE PRIVADA E POBREZA
O Peru é um bom exemplo de como a violação de princípios de propriedade privada aprisiona uma nação na pobreza. A negação dos direitos de propriedade privada nem sempre recai nos ombros da ideologia comunista; às vezes, é o que acontece em supostos países capitalistas, tais como o Peru (o que eu chamo de países CADN: ‘Capitalistas apenas de nome’).
O brilhante trabalho do economista peruano Hernando de Soto serve para fundamentar o referido princípio bíblico de propriedade privada, e sua ausência sendo a raiz da pobreza. Quando os governos acumulam propriedades privadas, tornando sua aquisição quase impossível, entravam a criação de riqueza em sua própria nação. Tais políticas são extremamente míopes. A principal causa da pobreza é: Sem capacidade de ganhar capital de giro devido à falta de garantias quanto à propriedade, não se pode entrar no mercado e gerar um produto ou serviço. A equipe De Soto tentou construir uma casa no Peru. Veja o que ela enfrentou:
“A autorização legal para construir uma casa em terreno de propriedade do estado levou seis anos e onze meses. Foram exigidos 207 passos administrativos em 52 escritórios governamentais… Para a obtenção do título legal desse pedaço de terra foram necessárias 728 etapas [adicionais].”
A respeito da tentativa semelhante de Soto, Grudem afirma que obter uma licença para construir uma pequena oficina de costura nos arredores de Lima:
Eles trabalharam no processo de registro seis horas por dia, e isso levou 289 dias! O custo foi equivalente a 1.231 dólares americanos, ou trinta e uma vezes o salário mínimo mensal equivalente (aproximadamente três anos de salário) de uma pessoa comum que vive no Peru.
Além disso, nosso líder do Capitol Ministries no Peru me informou que, devido à falta de integridade e corrupção na indústria dos cartórios, os títulos de propriedade muitas vezes são ilegítimos.
De Soto documentou bloqueios semelhantes em países como Egito, Filipinas e Haiti. Obter uma propriedade é quase impossível em muitos países do terceiro mundo, aprisionando assim seus cidadãos na pobreza. É como se as pessoas ali estivessem vivendo em um país comunista. Este não é o desígnio de Deus para uma nação! Tal ideologia governamental evidentemente tão atrasada e biblicamente negligente serve para ilustrar a sabedoria dos caminhos de Deus. Exatamente como aconteceu com a doação de terras por parte do governo americano em 1889, em que o indivíduo prosperou com os direitos de propriedade privada, bem como toda a nação e sua administração.
Infelizmente, no entanto, à medida que os Estados Unidos descartam sua confiança na Torá, tem havido e continuará havendo crescentes ameaças à propriedade privada, bem como a erosão desses direitos.
VI. O AMBIENTALISMO AMERICANO, A PROPRIEDADE PRIVADA E A POBREZA
Após dez anos de construção e apenas 25 anos de funcionamento, a usina nuclear de San Onofre, em San Clemente, Califórnia, foi fechada devido a incessantes ações judiciais e atrasos subsequentes causados por grupos ambientais. O executivo de Southern California Edison, a empresa de energia patrocinadora do projeto, concluiu que San Onofre será a última usina na arena de energia nuclear. Como resultado, a prestadora de serviços não tentou construir outra usina em sua própria propriedade privada.
Quando os ambientalistas e suas regulamentações desequilibradas asfixiantes atingiram a indústria madeireira no noroeste, alegando que a coruja manchada era uma espécie ameaçada de extinção (uma coruja que é uma cópia da coruja manchada da Califórnia, que existe em abundância), eles sufocaram a indústria; depois de 50.000 empregos, os proprietários não podem mais explorar madeira à vontade.
Em Santa Cruz, Califórnia, políticas ambientais tornam impossível podar árvores em propriedades privadas, mesmo quando seu crescimento excessivo torna-se uma grave ameaça de incêndio ou causa interrupções de energia em épocas de chuva e fortes ventos, devido a galhos que caem nas linhas de energia.
ESTAS TRÊS “PÉROLAS” SERVEM PARA ILUSTRAR A INVASÃO DO GOVERNO SOBRE A PROPRIEDADE PRIVADA
Na Califórnia, onde a nossa família reside há três gerações, houve uma enorme estagnação no desenvolvimento (especialmente comparado ao Texas), desde a adoção e exigência dos Relatórios de Impacto Ambiental. O resultado é que mesmo existindo os direitos de propriedade privada nos Estados Unidos, os benefícios econômicos que Deus planejou para elas foram grandemente diminuídos — semelhantemente ao Peru. Olhando pela lente da capacidade de desenvolver uma propriedade privada, é o governo que, em essência, tem se tornado o dono da terra! Que enorme reviravolta filosófica desde os dias do Great Oklahoma Land Rush (Grande Corrida da Terra de Oklahoma), em que o governo americano doava terras aos seus cidadãos! As políticas de regulamentações excessivas do governo da nação americana, biblicamente falando, são e representam a receita para a pobreza.
A erosão adicional dos direitos de propriedade privada ocorreu no mandato do presidente Clinton, quando ele assinou o decreto 13061 pelo qual 10 rios adicionais por ano se tornarão propriedade federal, mesmo correndo em terras privadas. Os presidentes Clinton e Obama também assinaram decretos que confiscam milhões de hectares de terras privadas que serão efetivamente removidas do uso privado para sempre. Felizmente e recentemente, o presidente Trump promulgou decretos para reverter essa tendência. Resumindo este ponto…
É A POSSE PARTICULAR DA TERRA O MELHOR INSTRUMENTO PARA A PROSPERIDADE CONTÍNUA DE QUALQUER NAÇÃO!
Basta apenas um estudo ou uma visita à regressiva Rússia ou à inalterável Índia, ambas sendo terras de abundantes recursos naturais, mas ainda presas na condição de pobreza devido ao fato de suas culturas não serem baseadas no que a Torá ensina a respeito de direitos de propriedade privada. Israel, por outro lado, uma nação muito mais jovem, fundamentada na Torá, tem experimentado enorme desenvolvimento econômico em um período de tempo relativamente curto. Eis a diferença entre nações de recursos similares. Não é de admirar que Thomas Jefferson tenha dito que os Estados Unidos seriam diferentes, quando declarou: “O verdadeiro alicerce do governo republicano é o direito igual de cada cidadão quanto à sua pessoa e propriedade, e a administração de ambos”.1
É difícil imaginar que a nossa nação iria sequer considerar a possibilidade de trocar de cavalos, depois de ter montado por tanto tempo esse garanhão do Antigo Testamento – e tendo experimentado a emoção absolutamente incomparável de montá-lo por tantos anos!
VII. GOVERNO GRANDE, LIBERDADE PESSOAL E REFLETIR A IMAGEM DE DEUS
À medida que o governo cresce, ele eclipsa a liberdade pessoal que, em parte, inclui a propriedade privada. E à medida que as liberdades pessoais diminuem, também diminui a capacidade de um indivíduo de refletir a glória de Deus aos outros. O que quero dizer com isso? Um exemplo é a riqueza pessoal. Quando um indivíduo prospera, tem mais para compartilhar: Ele tem a oportunidade de refletir a graça de Deus ao doar para suprir as necessidades de outros que são menos afortunados, manifestando o atributo do cuidado e compaixão de Deus. Muitas vezes tais expressões de amor levam ao Evangelho e à salvação de pessoas! Isto está em justaposição ao governo cobrar taxa da riqueza de indivíduos, despojando-os assim de seus recursos pessoais, com a crença de que pode atender às necessidades dos outros mais eficazmente. Mas, na verdade, Deus não instituiu o governo para desempenhar este papel, e é lamentavelmente desperdiçador, impessoal e ineficiente quando tenta satisfazer as reais necessidades dos cidadãos – especialmente as necessidades espirituais de regeneração, vida e vitória sobre o pecado em Cristo!
Quando o governo adere às suas funções conforme a descrição ordenada por Deus, punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem (1Pedro 2.14), realiza o que outras instituições não podem fazer, e simultaneamente capacita os cidadãos com liberdade individual para refletir a glória de Deus a outras pessoas.
VIII. SUMÁRIO
O direito à propriedade pessoal, também conhecido como livre iniciativa ou capitalismo, é o sistema econômico governamental apoiado pela Bíblia. A Escritura não apoia o comunismo. Enquanto o primeiro conduz uma nação à prosperidade, o último conduz à pobreza. As histórias dos Estados Unidos e do Israel moderno servem como ilustrações maravilhosas deste axioma bíblico. Assim, como legisladores, não façam uma mudança ideológica neste momento de nossa história. Não descarte nosso passado próspero, que foi construído de forma tão bela e tornado possível pela adesão à lei mosaica contida na Torá em relação aos direitos de propriedade pessoal.cm
1 Merrill D. Peterson, Jefferson: Writings [Escritos] (New York: Library of America, 1984), 1398. [Thomas Jefferson a Samuel Kercheval (12 de julho de 1816)].