Wilberforce: Percepções sobre como Perseverar com Sucesso no Cargo PARTE 2
Download do Estudo BíblicoVárias organizações sem fins lucrativos e formadores de opinião dentro de grupos de ativistas políticos cristãos ainda apontam até hoje William Wilberforce como exemplo, ao recrutar pastores, igrejas e cristãos individuais em campanhas políticas contra os males morais dentro de nossa cultura.
À primeira vista, isso parece uma aliança razoável, mas um olhar mais atento mostra que os ativistas cristãos não entendem a importância crítica de uma Igreja focada em sua missão, que é um ativismo de um tipo diferente: Um engajamento pré-político discipulando os servidores públicos.
O objetivo principal da Igreja não é a política, mas o evangelismo e o discipulado – por meio da pregação e do ensino do Evangelho de Jesus Cristo, como é revelado, que todo crente evangelize os perdidos. Além disso, as guerras políticas não devem ser confundidas pela Igreja como esforços do ministério bíblico.
A Igreja é chamada para salvar almas, não a cultura.
Salvar almas é o único meio real para se mudar a cultura. À medida que a Igreja faz discípulos e Cristo reina nos corações de mais pessoas, a cultura pode muito bem ser preservada. Mas se a Igreja fizer da preservação cultural seu objetivo mais elevado, optando por moralizar por meio de atividades de lobby político em vez de salvar almas, a cultura certamente será perdida.
Esse tem sido o infortúnio do movimento ativista político cristão da América desde a década de 1970. Depois de 40 anos de uma direção biblicamente mal informada, a América só está muito pior. Ninguém pode discordar disso.
Na parte 2 – “Wilberforce: Percepções sobre como Perseverar com Sucesso no Cargo”, examinaremos um exemplar do fruto da Igreja em foco adequado, em missão adequada. Wilberforce foi um destinatário do que só a Igreja pode manifestar adequadamente na vida de um líder político.
Continue lendo, meu amigo.
I. INTRODUÇÃO
A América certamente não é o único país que se envolveu na abominável prática da escravidão. A progenitora da América, a Grã-Bretanha, dependia fortemente do trabalho escravo por razões econômicas em todo o seu império. A história registra que a escravidão foi eventualmente abolida na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos; na primeira, por um processo político pacífico, enquanto no último, de uma violenta guerra civil.
Existem muitos assuntos dignos de estudo nessa ampla área, mas o objetivo específico deste estudo é ajudar o leitor a entender melhor a principal figura por trás da abolição da escravidão africana na Grã-Bretanha há 200 anos, o político William Wilberforce.[1]
II. OS “DOIS GRANDES OBJETOS” DE WILBERFORCE2
A escravidão era galopante na Grã-Bretanha durante a vida de Wilberforce. “O comércio [de escravos] foi legalizado pelas Cartas Reais de 1631, 1633 e 1672 e pela Lei do Parlamento em 1698. Um dos frutos mais apreciados da Guerra da Sucessão Espanhola foi a cláusula do Assiento do Tratado de Utrecht, dando à Grã-Bretanha o direito exclusivo de fornecer escravos para as colônias espanholas.”3 Nos anos seguintes à sua conversão a Jesus Cristo, Wilberforce convenceu-se de que Deus o havia chamado para uma tarefa específica. “Wilberforce declarou esta missão em seu diário em 28 de outubro de 1787, quando era um jovem parlamentar de 28 anos de idade. Com as nuvens negras ameaçadoras da Revolução Francesa surgindo no horizonte e as próprias condições sociais da Grã-Bretanha dando motivo de grande preocupação, ele escreveu simplesmente: ‘O Deus Todo-Poderoso apresentou diante de mim dois grandes objetos: A supressão do Comércio de Escravos e a reforma dos costumes’.”4 Foram estas convicções que o levaram a buscar incansavelmente a abolição da escravatura por vinte anos5, bem como a reforma social. O autor Charles Colson observa que, durante esses anos, Wilberforce chegou a uma conclusão importante sobre o segundo de seus dois objetivos:
“FOI GRAÇAS AO GRANDE GÊNIO DE WILBERFORCE QUE ELE PERCEBEU QUE AS TENTATIVAS DE REFORMA POLÍTICA SEM, AO MESMO TEMPO, MUDAR OS CORAÇÕES E AS MENTES DAS PESSOAS, ERAM INÚTEIS.”6
A plataforma de Wilberforce para reformar os costumes da Grã-Bretanha vale a pena ser mencionada devido à metodologia que ele usou para efetuar a mudança. John Pollock escreve:
“Curiosamente, a campanha nunca foi especificamente religiosa. Wilberforce nunca tentou engajar o religioso ou mesmo o declaradamente moral. Alguns dos homens importantes cujo apoio ele ganhou eram de fato notoriamente dissolutos. Mas Wilberforce acreditava fortemente que os destinos de uma nação poderiam ser influenciados por seguidores de Cristo profundamente comprometidos, e que a conversão a Cristo era a ação política mais importante de uma pessoa, bem como religiosa.”7
A perspectiva de Wilberforce sobre a arena pública não só valorizou a salvação, mas também enfatizou a importância de entender a doutrina sólida. Piper lança luz valiosa sobre os pressupostos bíblicos de Wilberforce:
“O que deu crédito a Wilberforce foi uma profunda lealdade bíblica ao que chamou de “doutrinas peculiares”8 do cristianismo. Essas, disse ele, dão origem, por sua vez, a verdadeiras “afeições” pelas coisas espirituais, que, em seguida, quebram o poder do orgulho e da ganância e do medo e levam à moral transformada, que conduzem ao bem-estar político da nação. Nenhum cristão verdadeiro pode resistir na luta contra a injustiça, a menos que seu coração esteja em chamas com novas afeições ou paixões espirituais.”9
Ao valorizar desta forma Cristo e a sã doutrina, há alguma dúvida sobre a base epistemológica a partir do qual Wilberforce operou? Ele diagnosticou a causa principal do deslize moral da Grã-Bretanha como decorrente de uma visão limitada da doutrina cristã genuína. Observando a atitude de sua época, ele comentou: “O hábito fatal de considerar a moral cristã como distinta das doutrinas cristãs ganhou força de forma insensata. Assim, as ‘doutrinas peculiares’ do cristianismo foram desaparecendo, e como poderia naturalmente se esperar, o próprio sistema moral também começou a murchar e deteriorar-se, sendo privado do que deveria ter-lhe fornecido vida e nutrição.”10
Se a moral cristã e as doutrinas cristãs precisam estar conectadas como Wilberforce sugere, não deveria um país que deseja um retorno a uma cultura que honra Deus se esforçar para reconectá-las? O primeiro passo envolve a compreensão dessas “doutrinas peculiares” – e não tentar mudar as leis de uma nação. Se Wilberforce está certo, o último decorre do primeiro. Wilberforce personifica o que prega – ele defende o evangelismo, o discipulado e o ensino expositivo aprofundado da Palavra de Deus aos nossos líderes governamentais, tanto em princípio como no exemplo histórico! Suas premissas e a personificação delas com sua vida foram notáveis aos britânicos, e esse fruto avançou até o século seguinte. “Apesar de suas falhas, a vida pública britânica do século XIX tornou-se famosa por sua ênfase no caráter, na moral e na justiça, e o mundo dos negócios britânicos famoso pela integridade.”11 Que doce alívio para um país outrora devastado pelo incalculável sofrimento humano! A salvação em Cristo e as doutrinas do cristianismo energizaram a vida política de Wilberforce e o motivaram a remodelar sua cultura!12
III. A IMPORTÂNCIA DO EVANGELISMO E DO DISCIPULADO NA VIDA DE WILBERFORCE
A COLUNA DO COMÉRCIO BRITÂNICO DE ESCRAVOS FOI QUEBRADA NÃO POR ATIVISTAS POLÍTICOS, OU SEJA, CRISTÃOS QUE TENTAM MUDAR LEIS CIVIS SEM PREOCUPAR-SE COM O CORAÇÃO DOS LEGISLADORES, MAS POR UM HOMEM DE DEUS QUE SUBSISTIU NA VERDADE DAS ESCRITURAS.
Como membro vitalício do Parlamento que nunca perdeu uma eleição,14 Wilberforce tornou-se forte na doutrina da graça15 e permitiu-se ser discipulado por grandes homens da Igreja como Isaac Milner e John Newton.
É importante notar que Wilberforce não era forte em sua própria força (1Coríntios 1.27b), mas em sua humildade residia a sua força. Em 1785, com o risco de ostracismo, Wilberforce continuamente se reuniu com Newton, a quem o Parlamento desprezava. Por intermédio dessas reuniões e do ensino sólido que recebeu em sua infância e seus anos adultos, Wilberforce aumentou sua ousadia em Cristo. (Estou dizendo isso de novo porque é muito importante que você assimile a ideia.) Newton mais tarde afirmou de Wilberforce: “Espera-se e acredita-se que o Senhor o preparou para o bem de Sua Igreja e para o bem da nação”.16 Tenha em mente também que o relacionamento de Wilberforce com Newton surgiu, apesar do conselho de seu colega próximo, o primeiro-ministro William Pitt, que tentou afastá-lo de Newton. Pitt criticou duramente Newton como um evangélico que iria “tornar suas virtudes e seus talentos inúteis, tanto para si mesmo quanto para a humanidade”. Nada, como se viu, poderia estar mais longe da verdade! Muitos legisladores que leem este estudo terão de superar esse mesmo tipo de pressão por parte de seus colegas em relação a participar de nossas reuniões de estudo bíblico. Mas todos nós devemos ter em mente o que Paulo disse em Gálatas 1.10: “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo”. Nossa resposta a essa pergunta é crucial. Estamos nos assentando na roda dos escarnecedores ou acatando o conselho daqueles sábios em Cristo?17
Wilberforce não se esquivou da verdade escrita em seu coração pela Palavra de Deus. Pollock escreve:
“No planejamento da reforma moral, ele mostrou consciência de que a política é influenciada mais pelo clima de uma época do que pela piedade pessoal de estadistas e políticos. Wilberforce acreditava, no entanto, que o destino da Inglaterra estava mais seguro nas mãos de homens de princípio cristão claro, e que a submissão a Cristo era a decisão política bem como religiosa mais importante do homem.”18
Assim, “muito cedo em sua própria peregrinação Wilberforce empenhou-se para levar seus amigos a Cristo”.19Wilberforce sabia que a salvação e submissão a Jesus Cristo eram fatores proeminentes na vida de políticos eficazes.20Piper observa a estratégia de Wilberforce: “Ao lado de todos os seus compromissos sociais, ele levou adiante um ministério relacional estável, como poderíamos chamá-lo, buscando ganhar seus colegas incrédulos à fé pessoal em Jesus Cristo”21 (grifo nosso). Sua relação com um colega político, Edward Eliot, serve para ilustrar a filosofia cristã/política de Wilberforce. Wilberforce ganhou Eliot para Cristo depois que a esposa deste último morreu ao dar à luz. Posteriormente, “os dois [Wilberforce e Eliot] podiam abrir seus corações um ao outro. Ambos sabiam as dificuldades de caminhar com Deus quando pressionados pela agitação e outras tentações da vida política”.22 A ênfase de Wilberforce no evangelismo ao longo de sua carreira política foi coerente com sua filosofia política. Em contrapartida,
OS ATIVISTAS RELIGIOSOS ATUAIS MOSTRAM POUCA PREOCUPAÇÃO COM A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DOS QUE ATUAM EM CARGOS PÚBLICOS. EM VEZ DISSO, PRESSIONAM AQUELES QUE NÃO CONHECEM O AUTOR DAS ESCRITURAS A ADERIR AOS PRECEITOS DE SEU LIVRO.
IV. AS IDEIAS DE WILBERFORCE SOBRE MORALISMO
Wilberforce escreveu um tratado em 1797 sobre o estado real do cristianismo entre os cristãos professos de sua época, intitulado “A Practical View of Christianity”.23 Pollock afirma: “‘A Practical View’ levou o leitor a uma jornada discursiva para descobrir como o cristianismo deve e pode guiar a política, hábitos e atitudes de uma nação do maior ao menor”.24 Nele Wilberforce afirma que escreveu com a intenção de “apontar o sistema escasso e errôneo da maior parte daqueles que pertencem à classe de cristãos ortodoxos, e para contrastar seu esquema defeituoso com uma representação do que o autor compreende como o cristianismo real”.25 A profundidade do volume se prova especialmente notável, considerando que Wilberforce considerava-se não mais do que um “leigo”.26 No entanto, com precisão doutrinária e destreza, Wilberforce descreve grande parte do fracasso do cristianismo britânico do século XVIII. Por exemplo:
“A verdade é que suas opiniões sobre esses assuntos não são formadas a partir da leitura da Palavra de Deus. A Bíblia está fechada na prateleira, e eles seriam totalmente ignorantes de seu conteúdo, exceto pelo que ouvem ocasionalmente na igreja, ou pelos traços fracos que suas memórias podem reter das lições de sua primeira infância.”27
Wilberforce via uma deplorável falta de confiança bíblica entre os cristãos professos de seus dias.28 Infelizmente, isso é muitas vezes característico da Igreja no século XXI também. Wilberforce se aprofunda ainda mais:
“Quão diferente, ou melhor, em muitos aspectos, quão contraditório seriam os dois sistemas de mera moral, dos quais um fosse formado a partir das máximas comumente recebidas do mundo cristão, e o outro, do estudo das Sagradas Escrituras!”29
O desgosto de Wilberforce pelo moralismo de graduação sem uma epistemologia doutrinariamente enraizada na Palavra de Deus é imediatamente visível. A esta declaração Wilberforce acrescenta o golpe de misericórdia a qualquer noção de que ele iria apoiar o moralismo em praça pública:
“A leitura diligente das Sagradas Escrituras nos revelaria nossa ignorância passada. Devemos deixar de ser enganados por aparências superficiais e de confundir o Evangelho de Cristo com os sistemas dos filósofos. Devemos ficar impressionados com essa importante verdade, tão esquecida e nunca insistida o bastante, que o Cristianismo nos chama, ao valorizar nossas almas imortais, não apenas em geral, a sermos religiosos e morais, mas especialmente a acreditar nas doutrinas, a absorver os princípios e a praticar os preceitos de Cristo.”30
ASSIM, WILBERFORCE NÃO FICARIA SATISFEITO COM AQUELES QUE HOJE O USAM COMO O GAROTO-PROPAGANDA DO MOVIMENTO DA DIREITA RELIGIOSA MORALISTA.
A ênfase de Wilberforce na mudança social foi alimentada por um fervor evangelístico. Ele tinha suas esperanças atreladas à verdade da Palavra de Deus como o meio de trazer solidariedade à nação e ao seu povo. Por esta razão, ele tinha opiniões firmes sobre o papel da Igreja na promoção da compreensão bíblica, em vez de campanhas moralistas. Por exemplo, em reação aos radicais de sua época, Wilberforce sentiu que era necessário:
“… incentivar o aumento de clérigos dedicados que promoveriam ‘o verdadeiro Cristianismo prático honesto’. Ele via o papel do clero como o dos reconciliadores, harmonizadores e apaziguadores: Ele não gostava de pastores radicais que pregavam a revolta política, mesmo contra a injustiça gritante, pois a revolta traz angústia e confusão para o homem comum. O olho de Wilberforce estava na felicidade das famílias e não na criação de uma ordem melhor distante por meio do conflito civil; a Revolução Francesa tinha sido prova suficiente da miséria que isso poderia causar, e ele estava perto demais para apreciar suas contribuições duradouras para a liberdade.”31
V. SUMÁRIO
O MINISTÉRIO DE EVANGELISMO E DISCIPULADO DE UM LÍDER GOVERNAMENTAL TORNOU WILLIAM WILBERFORCE FORTE EM CRISTO E ACABOU COM A ESCRAVIDÃO NA GRÃ-BRETANHA.32 DA MESMA FORMA, O MINISTÉRIO PRINCIPAL DA IGREJA HOJE DEVIA SER FORTALECER OS LÍDERES EM CRISTO.
A INSTITUIÇÃO DA IGREJA DEVE SER PRÉ-POLÍTICA E NÃO POLÍTICA.
Ela deve concentrar suas energias na evangelização, no ensino e em discipular em Cristo os que ocupam cargos públicos, em vez de se tornar uma força de influência política em questões morais.33 Táticas de pressão podem funcionar por um tempo e até parecer a maneira mais prática de promover mudanças na cultura, porém Wilberforce “era prático com uma diferença. Ele acreditava de todo o coração que novas afeições por Deus eram a chave para novas morais e reforma política duradoura”.34
Se os evangélicos na arena política desejam ter mais “Wilberforces” nos cargos públicos (ou seja, homens e mulheres cuja decisão política mais importante é sua salvação e submissão à Palavra de Deus), a metodologia bíblica para alcançar esse objetivo é apenas pela proclamação precisa da verdade da Palavra de Deus. Evangelismo e discipulado de líderes governamentais é o lugar legítimo e crucialmente necessário para a igreja institucional nos corredores do governo civil. John Piper apresenta o desafio:
“Não é notável que um dos maiores políticos da Grã-Bretanha, e um dos guerreiros públicos mais perseverantes da justiça social, colocasse a doutrina em posição tão elevada? Talvez por isso o impacto da igreja hoje seja tão fraco quanto é. Os mais apaixonados e pragmáticos na busca do bem público são muitas vezes os menos doutrinariamente interessados ou informados. Wilberforce diria: Você não pode continuar dando frutos se cortar a raiz.”35
Como isso é verdade, e como é triste também! Wilberforce não estava meramente cheio de ideias boas e morais; em vez disso, ele estava cheio da sabedoria de Deus e do Espírito Santo. Isso ilustra a necessidade de evangelizar e discipular os líderes governamentais de hoje. Deus pode ter outro Wilberforce sendo fabricado, talvez até dois ou três em nossa capital!
Wilberforce serve como modelo fundamental de parlamentar evangélico. Sua história é um exemplo para cada parlamentar presente e futuro. O biógrafo Steven Gertz, que escreveu sobre a vida de Newton em “Pastor to the Nation”, afirma:
“Em 1786, Newton escreveu sobre Wilberforce: ‘Espero que o Senhor faça dele uma bênção tanto como cristão quanto como estadista. Quão raramente esses personagens coincidem! Mas eles não são incompatíveis’. Para o crédito de Newton como conselheiro espiritual e amigo, poucos políticos já fizeram tanto quanto Wilberforce pela causa de Cristo ou da igreja.”36
De muitas maneiras, William Wilberforce é um modelo bíblico de um servidor público evangélico muito eficaz!
VI. CONCLUSÃO
Infelizmente, a escravidão ainda está viva e indo bem hoje em diversos países. Estima-se que mais de 25 milhões de pessoas ao redor do mundo estão vivendo sob o jugo da escravidão. Esta é uma tragédia humana. Ela destaca a depravação e a natureza pecaminosa do homem. O homem não é basicamente bom, mas essencialmente mau, e é papel do governo punir a maldade (Romanos 13), e não tolerá-la. A Igreja hoje precisa de mais pessoas como John Newton, que farão discípulos de Jesus Cristo entre aqueles na liderança política, de modo a capacitá-los pelo ensinamento claro da Palavra de Deus a liderar o Estado com convicções bíblicas viscerais.cm
1 Para ter uma noção da coragem política necessária para liderar esta incumbência, considere o seguinte: “A Grã-Bretanha, duzentos anos atrás, era a principal nação de comércio de escravos do mundo; eliminar essa prática vil ameaçava o comércio anual de centenas de navios, milhares de marinheiros e centenas de milhões de libras esterlinas. (John Pollock, “A Man Who Changed His Times” [Um Homem que Mudou Sua Época], em Character Counts: Leadership Qualities in Washington, Wilberforce, Lincoln, e Solzhenitsyn [O Caráter Conta: Qualidades de Liderança em Washington, Wilberforce, Lincoln e Solzhenitsyn], ed. Os Guinness [Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1999], p. 81).
2 J. Douglas Holladay, “Uma Vida de Significância”, em Character Counts: Leadership Qualities in Washington, Wilberforce, Lincoln, e Solzhenitsyn, ed. por Os Guinness (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1999), p. 69.
3 Garth Lean, God’s Politician: William Wilberforce’s Struggle [O Político de Deus: A Luta de William Wilberforce] (Colorado Springs, Colo.: Helmers & Howard, 1987), p. 3.
4 Holladay, p. 69.
5 “Claro que a fúria da oposição durante estes vinte anos [da batalha legislativa de Wilberforce] foi por causa dos benefícios financeiros da escravidão para os comerciantes e para a economia britânica, por causa do que as plantações nas Índias Ocidentais produziam” (Piper, p. 130-131).
6 Charles Colson, “Introdução”, em Wilberforce, a Practical View of Christianity [Wilberforce, Uma Visão Prática do Cristianismo], p. xxii.
7 Pollock, “A Man Who Changed His Times”, p. 86.
8 Piper explica: “Por esse termo [‘doutrinas peculiares’], ele simplesmente quis dizer as doutrinas centrais distintas da depravação humana, do julgamento divino, da obra vicária de Cristo na cruz, da justificação somente pela fé, da regeneração pelo Espírito Santo e da necessidade prática de fruto em uma vida dedicada a boas ações” (Piper, p. 120).
9 Piper, p. 118.
10 William Wilberforce citado em Piper, p. 116.
11 Pollock, “A Man Who Changed His Times”, p. 87.
12 Embora não haja mandato bíblico para moldar nossa cultura (como é o subtítulo de um popular livro da direita religiosa), há uma fórmula bíblica expressa aqui, para a forma como se molda melhor a cultura.
13 Holladay, p. 70.
14 Piper, p. 117.
15 É notável acrescentar aqui que Wilberforce era um homem de oração. E. M. Bounds escreve: “Disse William Wilberforce, o amigo de reis: ‘Eu devo reservar mais tempo para as devoções privadas. Tenho vivido muito em público, para mim. O encurtamento das devoções privadas deixa a alma faminta que emagrece e desmaia. Tenho ficado acordado até tarde’. De um fracasso no Parlamento, ele diz: ‘Deixe-me registrar a minha dor e vergonha, e tudo provavelmente porque reduzi minhas devoções privadas, e assim Deus me deixa tropeçar’. Mais solitude e madrugadas foram o seu remédio” (Edward M. Bounds, Power Through Prayer, ed. Eletrônica, (Oak Harbor, Wash.: Logos Research Systems, Inc., 1999), cap. 19.) Isso mostra a maturidade na vida cristã de Wilberforce e sugere que até mesmo seus esforços políticos foram banhados em oração e súplica diante de Deus. Note também a citação de abertura da Wilberforce no mesmo capítulo do livro de Bounds: ‘Esta pressa perpétua de negócios e companhia me arruina a alma, se não o corpo. Mais solidão e levantar de madrugada! Suspeito que eu tenha destinado habitualmente pouco tempo para exercícios religiosos, como devoção privada e meditação religiosa, leitura das Escrituras, etc. Por isso estou fraco, frio e duro. É melhor eu reservar duas horas ou uma hora e meia por dia. Tenho ficado acordado até muito tarde e, portanto, tive apenas meia hora apressada de manhã para mim. Certamente a experiência de todos os homens bons confirma a proposição de que sem uma devida medida de devoções privadas, a alma vai enfraquecer. Mas tudo pode ser feito por meio da oração – oração poderosa, estou pronto a dizer – e por que não? Pois que ela é poderosa apenas pela ordenação graciosa do Deus do amor e da verdade. Ó, então, orar, orar, orar! (Ibid.)
16 Piper, p. 128; citando Robert Issac Wilberforce e Samuel Wilberforce, The Life of William Wilberforce [A Vida de William Wilberforce], edição resumida (Londres: 1843), p. 47.
17 O crente maduro pode ver além desta tentação com o discernimento bíblico de Efésios 6.12: “Pois nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais”.
18 Pollock, Wilberforce, p. 66.
19 Ibidem. Isso é coerente com uma clara compreensão bíblica e tudo o que Wilberforce já raciocinou. No entanto, seu uso de táticas ecumênicas para alcançar maior poder, influência e reeleição, não passa no teste das Escrituras. Holladay descreve a filosofia de Wilberforce em sete princípios.
20 Afinal, Romanos 13.4 chama a liderança política eleita de “serva de Deus para o seu bem”.
21 Piper, p. 134. Em seu livro, Pollock presta homenagem à influência cristã de Wilberforce entre seus colegas quando escreve: “Em contraste com 1780, quando raramente um homem de forte convicção religiosa e humanitária sentava-se na Câmara dos Comuns, Wilberforce tinha muitos discípulos”(Pollock, Wilberforce, p. 279).
22 Pollock, Wilberforce, p. 66. Pollock observa o trabalho salvífico de Deus na vida de Eliot. Por exemplo, “a simpatia de Wilberforce tornou-se um dos principais apoios de Eliot nos meses que se seguiram [depois que sua esposa morreu dando à luz], até que ele ganhou forças para abraçar a fé de Wilberforce. ‘Eu era pouco melhor do que um infiel’, comentou Eliot alguns anos depois, ‘mas aprouve a Deus atrair-me [pelo luto] para um entendimento melhor’” (segundo parêntese no original). (Pollock, Wilberforce, p. 65.)
23 De acordo com Pollock, “A Practical View” é uma visão bíblica apresentada de forma clara, ainda que casual. Ela estabelece as doutrinas cristãs essenciais pelos textos das Escrituras, e, em seguida, discursa sobre a imitação que se passou como religião em 1797. A própria linguagem discursiva que impulsionou o impacto do livro em uma geração bastante entediada por teologias rigorosamente fundamentadas, torna a obra cansativa para o leitor moderno e dá um xeque-mate nos críticos literários e teológicos: É um livro escorregadio como uma enguia” (Pollock, Wilberforce, p. 147).
24 Ibidem, p. 148).
25 Wilberforce, a Practical View of Christianity [Wilberforce, Uma Visão Prática do Cristianismo], p. xxii.
26 Wilberforce, a Practical View of Christianity [Wilberforce, Uma Visão Prática do Cristianismo], p. xxx.
27 Wilberforce, a Practical View of Christianity [Wilberforce, Uma Visão Prática do Cristianismo], p. 4.
28 “Quanto mais Wilberforce olhava para a religião do Novo Testamento, mais queria mostrar o quão longe ela estava da religião dos educados na Inglaterra, cuja mistura de piedade com um pouco de moralização não ofereceu nada a um homem cujo olhar interior tinha visto sua corrupção à luz ofuscante da glória do Senhor” (Pollock, Wilberforce, p. 146).
29 Wilberforce, A Practical View of Christianity, p. 4.
30 Wilberforce, A Practical View of Christianity, p. 5-6.
31 Pollock, Wilberforce, p. 259.
32 Foi a busca pessoal de crescer em Cristo (estudando a Palavra, orando diligentemente, valorizando a doutrina acima do moralismo, etc.) que manteve Wilberforce forte.
33 Isso não deve ser confundido com a responsabilidade de votar que cada crente tem como cidadão. Estou falando de mobilizar a instituição da igreja em um organização de lobby em detrimento de seu chamado para fazer discípulos.
34 Piper, p. 119.
35 Piper, p. 159-160.
36 Steven Gertz, “Pastor to the Nation”: Christian History & Biography [“Pastor para a Nação”. História Cristã & Biografia], edição 81, Inverno de 2004, p. 39.