A Salvação é Somente pela Fé em Cristo?
Download do Estudo BíblicoNeste estudo, quero aprofundar uma das passagens mais importantes de toda a Bíblia. Ela trará grande clareza aos argumentos históricos em relação à doutrina da salvação: A justificação dos pecados de alguém é realizada apenas pela fé ou alguma coisa além disso é necessário? Este tem sido um assunto controverso ao longo da história da igreja, e continua assim até hoje. O que você acredita sobre a salvação e por quê?
I. INTRODUÇÃO
Enquanto examinamos as Escrituras em busca de uma resposta ao que se ensina em relação à salvação, vou me basear em princípios hermenêuticos básicos de interpretação. O que quero dizer com isso? Quais são os princípios hermenêuticos? Deixe-me primeiro traçar alguns paralelos. Assim como pilotos, médicos e advogados seguem procedimentos rigorosos para executar adequadamente as disciplinas da profissão, o intérprete de um documento também deve seguir certas regras. Considerando que as áreas anteriores são aeronáutica, medicina e direito, respectivamente, este último segue as regras interpretativas, ou a hermenêutica. Uma das regras fundamentais de hermenêutica no estudo da Bíblia é o princípio conhecido como analogia scriptura, onde devemos supor que um documento não se contradiz a menos que se prove o contrário… O intérprete deve assumir que o documento é pacífico até prova em contrário de contradição. A Palavra de Deus não se contradiz em si é a premissa pressuposta; a Bíblia está em total harmonia sem contradição ou conflito. Outra forma de declarar analogia scriptura é dizer que as Escrituras interpretam as Escrituras. Para entender melhor, as passagens mais específicas e/ou mais fáceis de entender, comumente aceitas, devem informar e interpretar as passagens menos específicas ou compreendidas. Mais uma vez, o benefício da dúvida está sempre do lado da integridade e harmonia do documento até prova em contrário. Esses princípios precisam orientar a nossa análise em busca da resposta à pergunta proposta: A salvação é somente pela fé em Cristo? Será que o intérprete das Escrituras pode harmonizar todas as passagens da Bíblia que dizem respeito a este assunto? Você verá que a resposta a essa pergunta é sim! As poucas passagens que parecem sugerir que a salvação é pela fé mais obras na verdade estão em harmonia com a enorme quantidade de passagens que declaram que a salvação é somente pela fé em Cristo.
II. O TEMA
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2.8-9
Sem fazer digressões nos detalhes complexos da estrutura da língua grega desta passagem, e para não perdê-lo antes de tirar conclusões, por favor, permita-me parafrasear este texto, já no início deste estudo. O que o apóstolo Paulo está comunicando aos cristãos na igreja de Éfeso é: Pois pela graça vocês foram salvos por meio da fé (e até mesmo esta fé não é de vocês, também é dom de Deus); não como resultado de obras, para que ninguém possa se gabar.
O que Paulo afirma aos efésios sobre a fórmula de salvação biblicamente revelada está em prosa, na construção clássica do contraste. A salvação não está baseada nos esforços do homem, mas ao contrário, na graciosidade de Deus. Como examinaremos ao longo deste estudo, esta é a resposta singular, a analogia scriptura que ressoa em todas as páginas das Escrituras! Mais uma vez, é possível harmonizar as várias passagens na Bíblia que estariam aparentemente em contradição com essa impressionante sintonia peculiar da Palavra de Deus em relação a este assunto específico. Mostraremos isso no quarto ponto, intitulado “O Suspeito”.
III. A PESQUISA
A base da salvação é uma questão doutrinária importante que exige clareza essencial: Este estudo objetiva ajudá-lo a averiguar o que você acredita sobre sua própria salvação e se isso se ajusta ou não à Palavra de Deus. O que se segue é um levantamento bíblico de passagens pertinentes, permitindo que esse compêndio das Escrituras análogas falem por si só.
VOU INTENCIONALMENTE SOBRECARREGAR VOCÊS COM A QUANTIDADE DE PASSAGENS QUE ESSENCIALMENTE DIZEM A MESMA COISA. NÃO CONHEÇO NENHUMA OUTRA MANEIRA DE APRESENTAR O TEMA COM TANTA PERSUASÃO.
Observe meus comentários ao longo do caminho que se destinam a ajudá-lo a entender melhor o que a passagem está dizendo.
A. 1. GÊNESIS 15.6
“Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça.”
No Antigo Testamento está a fórmula da salvação. Não há menção de boas obras. Não obstante, anos mais tarde Abraão estava disposto a oferecer Isaque, demonstrando uma fé genuína por sua obediência a Deus (por suas obras). Importante para nossa tese de que a salvação é somente pela fé em Cristo, devemos notar que as boas obras de patriarca não fizeram parte do pronunciamento de Deus ao declará-lo justo. Criticamente importante, Abraão foi considerado justo tendo como base unicamente a fé (cf. Tiago 2.20-23; Hebreus 11.17-19; Romanos 4.3).
B. HABACUQUE 2.4
“Escreva: O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela sua fidelidade.”
Uma das principais ênfases deste livro é que o orgulho confia em si mesmo, em seus próprios esforços ou obras, ao passo que o humilde viverá pela fé, confiando em Deus. Este simples contraste bíblico vem à tona repetidamente ao longo de toda a Escritura.
C. MATEUS 1.21
“Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.”
O nome Jesus (Jeshua) em hebraico na verdade significa “Salvador”. Cristo (Christos) no grego significa “ungido”. Em essência, o nome dado por Deus a Jesus (cf. Lucas 1.30-31) abrange sua missão ungida por Deus — salvar as pessoas de seus pecados. Expresso fundamentalmente aqui, a salvação, então, se dá por meio da pessoa e não de um sistema. O próprio nome de Jesus implica que a salvação é alcançada pela ação de Deus em oposição aos esforços do homem.
D. MATEUS 18.3-4
“E disse: ‘Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus’.”
Esta é uma bela caracterização da salvação. Por quê? Como isso se relaciona com a pergunta no título deste estudo? As crianças não têm recursos, realizações ou méritos próprios para oferecer a Deus, pelo contrário, é a humildade e confiança indefesa, dependente, que Jesus elogia, garantindo a salvação.
E. MARCOS 1.14-15
“Jesus foi para a Galileia, proclamando as boas-novas de Deus. ‘O tempo é chegado’, dizia ele. ‘O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas-novas’.”
Os dois ingredientes listados aqui por Jesus necessários para a salvação são o arrependimento e a fé no evangelho. É importante observar a partir de outras passagens: Ambos, o arrependimento e a fé, são dons de Deus. Atos 11.18 evidencia: Ouvindo isso, não apresentaram mais objeções e louvaram a Deus, dizendo: ”Então, Deus concedeu arrependimento para a vida até mesmo aos gentios!”. Deus, então, é o único que gera arrependimento no coração do indivíduo. Observe ainda 2Timóteo 2.25 com esta ideia em mente: “Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade”. Em nenhum lugar Jesus menciona as obras humanas como sendo um parte da equação da salvação — mesmo o ato de arrependimento nasce de cima no coração do indivíduo.
F. LUCAS 6.20
“Olhando para os seus discípulos, ele disse: ‘Bem-aventurados vocês os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus’.”
A preocupação de Jesus com os pobres materialmente é um dos temas favoritos de Lucas, mas aqui Ele está falando sobre algo que vai muito além da pobreza física; está falando sobre pobreza espiritual (cf. Mateus 5.3). A falência pessoal de alguém — a admissão de que não se é capaz de salvar a si mesmo por suas próprias boas obras, diz Jesus, é um precursor necessário para a salvação. Muito pelo contrário, obras meritórias humanas pressagiam uma atitude de orgulho, e não de pobreza pessoal. Os pobres de espírito são os únicos que são salvos, não os orgulhosos de espírito. Lembre-se de nossa passagem principal neste momento: Efésios 2.8-9 conclui: Não por obras, para que ninguém se glorie.
G. LUCAS 23.42-43
“Então ele disse: ‘Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino’. Jesus lhe respondeu: ‘Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso’.”
O ladrão na cruz ao lado de Jesus percebeu que não tinha nenhuma possibilidade para a vida eterna, exceto pela graça divina e intervenção imediata de Deus. O ladrão na cruz não tinha tempo para realizar obras humanas. Na verdade, isso era impossível, revelando assim a mente de Jesus sobre o assunto — algo não exigido ao conceder-lhe a salvação.
H. JOÃO 3.16
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Nesta passagem tão conhecida a palavra-chave para ganhar a vida eterna é a fé, e não as obras pessoais.
I. ATOS 2.38
“Pedro respondeu: ‘Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados…’”
Este foi o primeiro sermão pregado após a ascensão de Cristo. O mais importante a aprender com esta passagem é: Mais uma vez, o arrependimento é um ingrediente essencial em relação à salvação. Significa, “dar as costas ou virar em 180 graus”. E novamente, segundo Atos 11.18 e 2Timóteo 2.25, o arrependimento em si é um dom de Deus.
PENSE NA FÉ E NO ARREPENDIMENTO NECESSÁRIOS PARA A SALVAÇÃO COMO DOIS LADOS DA MESMA MOEDA: AMBOS SÃO PRESENTES DE DEUS
Depois que a salvação pessoal é alcançada somente pela fé, o resultado é uma identificação pública com Cristo por meio das águas do batismo. Mais uma vez, também, observe a omissão de qualquer pré-requisito de obras pessoais. Mais bem compreendida tanto contextualmente quanto gramaticalmente, esta passagem quer dizer que por causa do perdão de seus pecados é preciso ser batizado.
J. ROMANOS 1.16-17
“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’.”
A palavra salvação (soteria) significa “libertação, preservação ou resgate de perigo e apreensão”. Ao reler a passagem, observe quem inicia e é responsável por esta ação: “É o poder de Deus [não o homem] para a salvação”. Além disso, o único pré-requisito do receptor para obtê-la é a fé — em nenhum lugar as obras meritórias pessoais estão em vista nesta declaração referente à salvação. Resumidamente, a justiça de Deus é revelada, ou dada aos indivíduos, com base na fé. Por fim, note que esta passagem se encerra incorporando Habacuque 2.4, a passagem que examinamos anteriormente, demonstrando de forma clara que Paulo, também, está fazendo sua explicação pelo uso de analogia scriptura.
K. ROMANOS 3.20
“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado.”
No livro de Romanos, Paulo está apresentando o plano de Deus para a salvação. Nesta parte específica de sua apresentação, ele está argumentando que a lei do Antigo Testamento nunca teve o propósito de salvar ninguém — como se por obedecer a ela ou por realizar obras humanas alguém pudesse ser considerado digno aos olhos de Deus. Ao contrário, e de acordo com a passagem a seguir, ele mostra que a lei do Antigo Testamento faz exatamente o oposto.
L. GÁLATAS 3.24
“Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé.”
Tutores na época de Cristo eram disciplinadores rigorosos, muitas vezes escravos, a quem se atribuía a responsabilidade de criar os filhos do senhor. As crianças ansiavam estar livres deles. Semelhante à forma como um tutor usa a disciplina, Deus usa a lei para nos mostrar nosso pecado e conduzir-nos a Cristo.
A INTENÇÃO DA LEI, TANTO NO ANTIGO COMO NO NOVO TESTAMENTOS, NUNCA FOI DE SALVAR; AO CONTRÁRIO, ELA CLARAMENTE EVIDENCIA A NOSSA INCAPACIDADE DE VIVER À ALTURA E, PORTANTO, MOSTRA A NOSSA NECESSIDADE DE UM SALVADOR
Com a percepção pessoal de que sou incapaz de obedecê-la (veja Mateus 5), a lei me aponta para Cristo, para a salvação. Claramente, então, a justificação é por meio da fé, não pela lei ou por obras pessoais.
M. ROMANOS 3.24
“… sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.”
A palavra para justificado no grego significa “declarar justo”. A passagem afirma expressamente que tal declaração é ao mesmo tempo um presente, e esse presente… está em Cristo Jesus. Além disso, a palavra grega para redenção deriva seu significado do mercado de escravos. Significava “pagar o resgate necessário a fim de garantir a liberdade do escravo”. Esta é uma imagem poderosa que ensina a doutrina bíblica da salvação. Colocar as duas palavras juntas indica claramente que a salvação é um dom pela graça de Deus para você. As obras humanas não são evidentes em qualquer lugar nesta passagem profundamente perspicaz.
N. ROMANOS 5.1
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.”
A palavra grega para justificados aqui está no tempo perfeito, significando algo que aconteceu no passado e tem um impacto contínuo no presente ou futuro. Assim, a verdadeira justificação do cristão pela fé garante a permanente paz com Deus — ou seja, o indivíduo não está mais em guerra ou inimizade com Deus. A Escritura não menciona Deus pretendendo algum tipo de insegurança contínua em relação ao destino eterno do cristão. Assim que alguém deposita a fé em Cristo, ou seja, no momento em que se recebe Cristo e é justificado, passa a existir uma garantia contínua de salvação segundo esta passagem (e muitos outras!). Em contraste, se a economia da salvação dependesse de obras humanas, e em algum momento essas obras fossem menos que suficientes — o cristão, em sua mente, nunca teria a certeza de seu destino eterno. Tal não é o caso em uma economia que é completamente baseada na graça de Deus.
O. 1CORÍNTIOS 1.21
“Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação.”
Sem gastar muito tempo para explicar totalmente o contexto desta passagem, a mensagem do evangelho é tão simples que aqueles que são “sábios segundo o mundo” consideram-na loucura. O fato de que alguns também são orgulhosos demais para aceitar a simplicidade do evangelho ressalta a criação verdadeira, simples, da salvação de Deus — que é apenas pela fé: Agradou a Deus salvar aqueles que creem. Mesmo o pior dos pecadores, na economia de Deus, perto do fim da vida ainda pode ser salvo (como ilustrado anteriormente pelo ladrão na cruz) porque se trata de Deus fazer algo, não o homem!
P. 1CORÍNTIOS 2.2
“Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado.”
Paulo está abrindo sinceramente seu coração nesta passagem, e confiando em Deus para comunicar precisamente o evangelho puro por meio dele. Observe pela perspectiva de Paulo que não há nenhuma grande fórmula para se alcançar a salvação, ele decidiu nada saber — em sua pregação e ensino não há nada mais a dizer além disso! Não há uma longa lista de coisas que se deve fazer ou verificar a fim de ser salvo. A salvação tem tudo a ver com o que Cristo fez em nosso favor. É simples.
Q. 2CORÍNTIOS 5.19
“… ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação.”
Reconciliar é a palavra grega katallasso. Ele denota a ideia que usamos ao equilibrar o nosso talão de cheques: “Mudar ou por de novo em ordem”. Segundo esta passagem, é Deus em Cristo que estava (e está!) fazendo esta ação de reconciliação. Pecados (paraptoma) denota “desviar-se da retidão e da verdade, seguindo na direção errada”. Em outras palavras, é somente Cristo que nos tira da direção errada e nos coloca de novo na linha. Mais uma vez, note a receita da salvação: É Deus quem nos põe na linha e quem perdoa todas as nossas transgressões. Isso não é alcançado por nossos atos pessoais de mérito.
R. 2CORÍNTIOS 11.3-4
“O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo. Pois, se alguém lhes vem pregando um Jesus que não é aquele que pregamos, ou se vocês acolhem um espírito diferente do que acolheram ou um evangelho diferente do que aceitaram, vocês o suportam facilmente.”
Uma das maiores preocupações de Paulo quanto à igreja de Corinto foi a chegada, mais tarde (depois que ele tinha estabelecido a igreja e partiu), de falsos mestres que, em seguida, pregaram uma falsa doutrina de salvação. Ainda mais, ele afirma estar preocupado que a congregação não discerniria a corrosão soteriológica. Ou seja, que eles poderiam acolher facilmente em sua alma tal heresia. Esta passagem revela a importância e a seriedade de entender o verdadeiro evangelho. Da mesma forma preocupado com os falsos mestres do evangelho, Paulo disse em Gálatas 1.6-9: Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado! Essas passagens servem para sublinhar o que constitui o evangelho — a salvação é somente pela fé em Cristo — que é extremamente importante. Devemos entender corretamente a doutrina da salvação para sermos salvos.
S. GÁLATAS 2.16
“Sabemos que ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da lei, porque pela prática da lei ninguém será justificado.”
Semelhantemente às outras passagens de Gálatas previamente listadas, esta torna-se autoexplicativa à luz do que já estudamos. Ressalta claramente a falsidade de uma soteriologia baseada em obras.
T. GÁLATAS 3.11,13
“É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei, pois ‘o justo viverá pela fé’ (…) Cristo nos redimiu da maldição da lei.”
Ou um indivíduo confia em obras de justiça ou confia na justiça de Cristo para se salvar. O que esta passagem declara é que você não confia em Cristo se estiver confiando em si mesmo para alguma coisa. Se for esse o caso, então a morte de Cristo na cruz foi insuficiente. Gálatas 2.21 afirma: Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela Lei, Cristo morreu inutilmente!
A JUSTIFICAÇÃO PELA LEI VERSUS A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SÃO MOEDAS MUTUAMENTE EXCLUDENTES. NÃO HÁ COMO MISTURAR AS DUAS, AOS OLHOS DE DEUS
U. FILIPENSES 3.9
“… e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.”
Esta é uma importante passagem que resume tudo o que temos aprendido. Podemos obter grande orgulho pelo desempenho de boas obras, atividades religiosas, rituais e cerimônias — acumulando uma justiça obtida por mérito próprio. Paulo contrasta tudo isso com a renúncia de aceitar a justiça de Cristo a nós imputada. Enquanto uma pessoa pode ser encontrada Nele e ter a salvação, a outra, implícita nesta comparação, não.
V. COLOSSENSES 1.13-14
“Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.”
A palavra libertou (rhuomai) em grego significa “trazer para si mesmo da escravidão; resgatar”. Na salvação, Deus nos atrai da escravidão para si mesmo. Ele liberta, resgata e transfere… Nós não.
W. 1TESSALONICENSES 1.10
“… e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir.”
Jesus nos resgata da eterna ira vindoura, ou seja, do inferno. Como todas as outras passagens que examinamos, não há menção de libertar-se a si mesmo.
X. 2TESSALONICENSES 2.13-14
“Porque desde o princípio Deus os escolheu para serem salvos.”
Esta percepção da salvação é semelhante à de Efésios 1.4: Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo. Isto prediz quem desempenha qual papel na salvação.
Se Deus preordenou a salvação muito antes (e essas passagens afirmam que o fez em termos inconfundíveis), então não podemos inferir que a salvação é algo que decidimos alcançar por conta própria, ou seja, baseados em obras. Inferir que se ganha o céu por esforço próprio é negar e destruir a declaração contundente dessas passagens.
Y. 1TIMÓTEO 1.15
“Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior.”
Evidentemente, a igreja primitiva tinha reduzido importantes verdades doutrinárias a declarações simples. Paulo afirma este resumo tradicional da igreja como uma máxima precisa, que resume o cerne do evangelho. Talvez ainda mais importante a notar nesta passagem seja a autoridade proeminente das Escrituras acima das tradições da igreja (cf. 1Timóteo 3.1; 4.9; 2Timóteo 2.11; Tito 3.8). Assim:
QUANDO EXISTIR CONFLITO ENTRE A ESCRITURA E A TRADIÇÃO – SEJA NO ÂMBITO PESSOAL, FAMILIAR, ECLESIÁSTICO, SOTERIOLÓGICO OU OUTRO –, A ESCRITURA DEVE SER A AUTORIDADE E O ÁRBITRO FINAL
O fato de que Cristo… salva os pecadores deve negar e suplantar quaisquer outras tradições contrárias.
Z. 2TIMÓTEO 1.8-9
“Mas suporte comigo os sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos.”
Mais uma vez, a salvação de Deus não tem nada a ver com mérito pessoal.
AA. TITO 2.13-14
“Enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras.”
Foi Cristo quem se entregou, quem resgata, purifica, nos possui e nos torna, como resultado, dedicados à prática de boas obras. Por que fazemos boas obras? Não para sermos salvos, mas por causa de uma tão grande salvação. As boasobras resultantes mencionadas no final são claramente o subproduto, não os meios de salvação. Hebreus 2.3 chama isso de tão grande salvação.
BB. FILEMOM
Filemom tem apenas um capítulo e ilustra o perdão. Onésimo era um escravo de propriedade de Filemom (v. 16). Apesar de Onésimo ter injustiçado o seu senhor (v. 15), Paulo escreveu a Filemom pedindo-lhe que colocasse na sua conta qualquer coisa que o escravo pudesse ter feito contra ele (v. 18). Ao fazê-lo, Paulo menciona que o próprio Filemom tinha vindo a Cristo por intermédio dele – e portanto, devia a Paulo sua própria vida (v. 19). Eis aqui um magnífico exemplo que ilustra o cerne de nosso estudo: Paulo escolheu usar-se como o pagamento das transgressões de Onésimo. O próprio Paulo reconciliou Onésimo com Filemom. O ponto é: Onésimo não teve nada a ver com isso. Paulo só esperava que, tendo pago pelos pecados dele, em sua liberdade recém-descoberta Onésimo iria permanecer e ministrar o evangelho com ele (v. 13). As boas obras de Onésimo resultantes são motivadas a partir de um coração grato. Um escritor de hinos resume bem a mensagem desta epístola: “Jesus pagou tudo, a ele tudo devo”.
CC. HEBREUS 11.6
“Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.”
Este capítulo do livro de Hebreus descreve a “Galeria da Fé”, que contém todos os homens e mulheres que agradaram a Deus. Como? Eles o agradaram por meio de uma humilde fé dependente, e não arrogante justiça própria. Como ilustrado pelas muitas pessoas neste capítulo, a base de operação de Deus com a criação é a fé, e não as obras.
DD. 1PEDRO 1.3-5
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vocês que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo.”
Esta passagem rica e bonita contém muitas das ações salvíficas de Deus, como já analisamos neste estudo. Que belo retrato da segurança do cristão!
EE. 2PEDRO 1.3
“Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude.”
Observe novamente a suficiência de Cristo em relação à nossa salvação. A salvação é resultado de seu poder divino, que realiza tudo.
FF. 1JOÃO 5.11-13
“E este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida. Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que creem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna.”
Estes são alguns dos meus versos favoritos da Bíblia. Eles são diretos e objetivos. Deus quer que você saiba se tem ou não a vida eterna. Ele não quer que você fique em dúvida sobre o seu destino eterno durante toda a vida. Observe que esta passagem diz: Para que vocês saibam. Saber que você tem vida eterna se baseia unicamente em se tem ou não o Filho — e não em obras humanas.
GG. JUDAS 3
“Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos.”
O termo fé se refere à composição da verdade da salvação contida em toda a Escritura (cf. Gálatas 1.23; Efésios 4.5,13; Filipenses 1.27; 1Timóteo 4.1), como temos examinado cuidadosamente neste estudo. O verso mostra que os verdadeiros cristãos devem estar dispostos a batalhar (epagonizomai), “enfrentar, atacar e lutar”, contra aqueles que adulteram ou diluem esse princípio análogo presente na soteriologia bíblica. Isso vai além de sugerir que a fórmula bíblica para a salvação deve ser adotada e que a digressão teológica de uma soteriologia baseada em obras é totalmente inaceitável para Deus. A Escritura não sugere que Deus dê qualquer espaço de manobra sobre a doutrina da salvação. Além disso, este verso afirma que o evangelho, como apresentado nas Escrituras, é completo, está encerrado e foi de uma vez por todas confiado aos santos. As Escrituras não abrem espaço para adições, redefinições ou diferentes interpretações provenientes de alguma outra fonte posterior, extrabíblica. Entregue ou confiada pelos apóstolos e profetas em sua respectivas eras, essa fé está hoje completa e firmada na soteriologia (como estão todas as outras doutrinas bíblicas).
HH. APOCALIPSE 17.8
“Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do mundo, ficarão admirados…”
Os resgatados são conhecidos por Deus desde a fundação do mundo e estão escritos no livro da vida. Mais uma vez, isso ilustra a ação de Deus em oposição à do homem na salvação.
Como você pode ver nesta nossa longa, mas persuasiva pesquisa, as Escrituras são análogas sobre o fato de que vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Tudo o que o homem deve fazer é responder com fé, o que inclui o arrependimento dos pecados, e receber a obra de Jesus Cristo em seu favor — recebendo, assim, o dom gratuito da salvação de Deus (cf. João 1.12; Efésios 1.13).
SUGERIR QUE A SALVAÇÃO SEJA DE OUTRA FORMA É UMA PROPOSIÇÃO MUITO PERIGOSA, EM CONTRADIÇÃO DIRETA COM TODO O CONSELHO DE DEUS
Tendo apenas arranhado a superfície bíblica da soteriologia, mas o suficiente para obter a homogeneidade de seu ensino, vamos agora examinar outras passagens frequentemente usadas para ensinar uma forma contrária de salvação.
IV. O SUSPEITO
A. TIAGO 2.26
“… A fé sem obras está morta.”
Tiago trata desta fé falsa como faz Mateus 7.21: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. Como podemos distinguir a fé verdadeira da falsa de acordo com a Bíblia? Mateus 7.20 responde: “Pelos seus frutos vocês os reconhecerão”. Em sua própria maneira de expressar, Tiago está dizendo o mesmo: A fé que não é acompanhada de manifestações externas é fraudulenta. As boas obras sempre acompanham a genuína fé salvadora, diz Tiago. Em Gênesis 22 Abraão estava disposto a oferecer Isaque como expressão de sua fé genuína. Esta foi uma manifestação externa de obediência diretamente relacionada à sua salvação interna, como registrado em Gênesis 15 (uma das primeiras passagens que examinamos). A epístola de Tiago tem sido muito mal compreendida ao longo da história da igreja (incluindo o período da Reforma), como se o que ela ensina estivesse em contradição com a salvação apenas pela fé. Em vez disso, ela enfatiza o fato de que as manifestações externas — ou obras pessoais meritórias — sempre acompanham a fé salvadora genuína. Por outro lado, esta passagem não significa que a fé deve ser acompanhada de obras a fim de alcançar a salvação. Isso entraria em contradição com o restante das Escrituras, como vimos claramente. Violaria o princípio hermenêutico da analogia scriptura. Colocando de outra maneira, se Deus quisesse nos alertar sobre a fé falsa, por que faria isso a não ser pela possibilidade de entendermos mal a sua intenção?
B. MATEUS 25.45-46
“Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos [alimentar os famintos, vestir os necessitados, cuidar dos enfermos e visitar os presos], também a mim deixaram de fazê-lo’. E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.”
Nesta longa passagem há aparente evidência textual para a insegurança da salvação. Supostamente este texto evidencia o fato de que devemos continuar a realizar boas obras até o fim da vida a fim de ter certeza sobre a obtenção da vida eterna. O problema com esta compreensão decorre da interpretação errada da parte anterior. Se alguém presumir que alimentar os famintos, vestir os necessitados, cuidar dos doentes e visitar os presos são atos meritórios, nos versos 35 e 36, que devem ser realizados para obter a salvação, então a conclusão acima seria apropriada. No entanto, se os atos listados são frutos decorrentes do dom da salvação de Deus, então a interpretação dos versos finais é inteiramente diferente. Este último é o caso porque o verso 34 afirma: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo”. Ou seja, as ações listadas não são a base de Deus para entrar na vida eterna; ao contrário, elas são os frutos manifestos por causa da graça concedida por Deus — aos “benditos de meu Pai”. Assim, os frutos não presentes só servem para indicar que a pessoa não tem a fé salvadora, para começo de conversa. Quem não dá fruto não possui fé que salva: “Pelos seus frutos vocês os reconhecerão”. Além disso, quem não tem fé salvadora não recebeu justificação para o seu pecado. Por fim, esses sem a justificação do pecado não têm segurança eterna, e irão para o castigo eterno. A simples compreensão desta passagem aparentemente problemática, embora um pouco difícil de explicar aqui, pode certamente ser entendida como análoga ao restante das Escrituras.
C. 1 JOÃO 2.9
“Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas.”
Tentativas de interpretar esta passagem podem indicar que a salvação não tem garantia. Tal interpretação, no entanto, exclui uma compreensão funcional da língua grega, especificamente os tempos verbais. Ou seja, os tempos da língua grega são mais definitivos e precisos do que os do português. Aqui, a palavra odeia está no tempo presente, indicativo, significando uma ação contínua, habitual. Além disso, como algumas das outras passagens que examinamos, o contexto desta refere-se à detecção dos falsos cristãos. Portanto, o significado dessa passagem é mais ou menos assim: Aquele que diz que está na luz e ainda continua e habitualmente odeia seu irmão, não está realmente salvo. Afinal, mais uma vez, pelos seus frutos vocês os reconhecerão (Mateus 7.20). Mais uma vez, repetidamente, acompanhando a verdadeira fé salvadora está sempre a obediência a Cristo. Finalmente note que um conhecimento funcional do tempo presente grego é importante para compreender todas as epístolas de João.
D. 1CORÍNTIOS 9.27
“Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado.”
Algumas pessoas têm usado esta passagem para indicar supostamente que Paulo estava pessoalmente hesitante sobre a sua segurança eterna. O contexto, no entanto, não diz respeito a isso, mas a Paulo ministrando aos outros. Especificamente no início dos versos 19 e 22, ele fala sobre seu desejo de ganhar os outros para Cristo. Ao fazê-lo, disciplina seu corpo físico e sua carne para evitar a reprovação depois de pregar e ganhar pessoas para Cristo. Mais precisamente, ele poderia estar falando de pecados sexuais que definitivamente desqualificam alguém para o ministério da pregação (cf. Salmo 101.6; Provérbios 6.33; 1Timóteo 3.2; Tito 1.6). Em resumo, contextualmente, os seus comentários não se relacionam com sua eterna segurança, mas com a continuidade de seu ministério; a pregação, e não a salvação, é o tema da passagem. Interpretá-la como soteriológica cria uma enorme contradição paulina na teologia – à luz de tudo o mais que Paulo ensinou na pesquisa anterior.
E. FILIPENSES 2.12
“Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor.”
O tempo do verbo grego traduzido como “ponham em ação” traz a ideia de “continuar trabalhando para levar algo à realização ou conclusão”. O versículo 13 continua a dizer: Pois é Deus quem [continuamente] efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele. Paulo instrui os cristãos na igreja de Filipos a continuar submetendo suas vidas a Deus — visto que Ele está trabalhando neles — e a fazê-lo com uma atitude contínua de temor e tremor. Isso significa um medo saudável de nunca querer ofender a Deus, aliado ao respeito impressionante para com o seu Salvador. Esta passagem claramente não significa trabalhar para alcançar a salvação, caso contrário, Paulo não mencionaria que Deus estava trabalhando neles no mesmo espaço. O contexto desta passagem diz respeito à doutrina da santificação, que é pós-salvação, não justificação em si.
F. MATEUS 26.27-28
“Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados’.”
Esta passagem levanta a questão adicional relacionada: A comunhão é salvífica ou simbólica? Será que temos que receber a comunhão ou continuar a recebê-la a fim de sermos salvos ou permanecermos salvos? A comunhão é uma obra humana que deve continuamente ser realizada a fim de se obter a salvação? 1Coríntios 11.23-25 lança luz na resposta a esta pergunta. É aí que Paulo interpreta a comunhão como sendo algo que os cristãos fazem em memória Dele: Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha (v. 26). Importante observar nesta passagem que nem Paulo nem Jesus Cristo dizem algo a respeito da comunhão ser salvífica. O sangue real de Cristo, a que Ele está se referindo aqui, derramado na cruz pelos nossos pecados, é o agente específico de perdão. Entendida biblicamente, a comunhão é um símbolo posterior da salvação e do perdão de pecados já obtidos — de uma forma semelhante a como os anéis representam o casamento, após ele ter sido concretizado. A comunhão e as alianças são responsivas e não causais. Decisivamente Jesus não estava dizendo que o pão e o vinho eram literalmente seu corpo e seu sangue; em vez disso, são símbolos de memorial. O cálice de vinho não era o sangue real de Jesus, assim como Jesus não era cordeiro, porta ou videira, apesar de ter sido figurativamente chamado assim em João 1.29, 10.7 e 15.5. Todos são símbolos que comunicam verdades espirituais importantes. A comunhão é uma questão de obediência para o cristão após a salvação, não um ingrediente causal dela.
V. SUMÁRIO
Será que a Escritura ensina que a salvação é apenas pela fé em Cristo? Certamente que sim. Além disso, também ensina que a verdadeira fé salvadora é sempre caracterizada e acompanhada de boas obras.
AS BOAS OBRAS NÃO LEVAM À SALVAÇÃO; PELO CONTRÁRIO, ELAS SÃO PRODUTOS DA SALVAÇÃO
A doutrina da salvação é muito importante porque é a essência do evangelho — de que as pessoas dependem em relação ao seu destino eterno. Dito de outra forma, se o líder espiritual entender isso de forma errada, isso significa que ele pode estar levando outros para o inferno. É por isso que a Palavra diz: Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor (Tiago 3.1), Além disso, vale a pena citar de novo Gálatas 1.8-9: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado. A palavra para amaldiçoado é anathema, que significa a entrega de alguém à destruição no inferno eterno (cf. Romanos 9.3; 1Coríntios 12.3; 16.22). A Bíblia condena os falsos mestres ao inferno. Mais tarde, na vida da igreja em Éfeso, Paulo mandou que o pastor Timóteo permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas (1Timóteo 1.3). Paulo estava profundamente preocupado: Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos (2Timóteo 4.3-4). Na verdade, isso tinha acontecido (cf. 1.20) no momento em que ele escreveu 1Timóteo. Assim, Timóteo devia pregar a palavra (v. 4.2). Ele deveria repreender, corrigir, exortar com toda a paciência e doutrina neste quesito específico. Além disso, grande parte de 2Pedro e 2Coríntios se relacionam com o mesmo problema do falso ensino sobre a salvação. Amado, esta foi uma questão muito séria presente no Capitólio dos EUA no passado e que continua ainda hoje. Ensinar a Palavra — especialmente em relação à doutrina da salvação — é uma enorme e séria responsabilidade.
Minha oração é que este estudo tenha levado você a vislumbrar e talvez a repensar a sua soteriologia, se necessário. Determine em quem ou em que você está confiando para sua salvação — em Deus ou em si mesmo. Sua doutrina de salvação se enquadra em todas essas abundantes passagens bíblicas? Além disso, se você está confiando em suas próprias boas ações para chegar ao céu, no todo ou em parte, então precisa se arrepender do pecado de orgulho e convidar Cristo a entrar em sua vida hoje mesmo.cm